Movimento intenso na reabertura do comércio não reflete em vendas
Joseli Matias 03/07/2020 17:50 - Atualizado em 24/07/2020 18:55
  • Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

    Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

  • Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

    Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

  • Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

    Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

  • Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

    Movimento intenso no Centro (Foto: Genilson Pessanha)

Parecia época de Natal, em um mundo sem pandemia, mas o movimento intenso registrado no Centro de Campos nos três primeiros dias da fase amarela do processo de flexibilização das restrições no enfrentamento à Covid-19 não se refletiu em negócios, segundo comerciantes, e pode prejudicar o avanço de etapas no programa “Campos daqui para frente”. As medidas para a próxima semana devem ser divulgadas hoje pela Prefeitura, mas não há qualquer perspectiva de evolução para a próxima fase de flexibilização.
A gerente adjunta de uma loja de vestuário feminino Nathália Tavares afirma que as vendas ainda estão reduzidas. “No Centro, a gente vê aumento na circulação de pessoas, mas na loja está longe de ser como antes. Mas, apesar de sabermos que a cidade precisa da retomada do comércio, entendemos o momento que o mundo passa e que devemos fazer isso de forma consciente para não regredirmos na luta contra o coronavírus e o número de casos da doença aumente. Por isso, adotamos medidas de segurança e continuamos com nosso atendimento online e com delivery”, afirmou Nathália.
Proprietária de uma rede de joalherias em Campos, Érika Nunes Barbosa reabriu nessa quarta-feira (1) duas das suas três lojas, depois de três meses de portas fechadas. A empresária afirma que adotou uma série de medidas preventivas para atender seus clientes com segurança, como limite de cliente no interior das lojas, disponibilização de álcool em gel e uso de máscaras por colaboradores e clientes, mas, segundo ela, o fluxo ainda está muito abaixo do normal.
— Para a próxima semana ainda está tudo muito incerto, pois ficamos na insegurança se o comércio vai se manter aberto ou se vai voltar à fase laranja, com o lockdown. Sabemos que vamos demorar para voltar ao normal — ressaltou Érika.
De acordo com ela, com a determinação de fechamento do comércio, em março, apesar da manutenção do contato com clientes e a utilização de ferramentas digitais, as vendas durante esse período não chegaram a atingir 10% do normal, nem mesmo nas datas festivas do Dia das Mães e Dia dos Namorados.
— Ficamos os primeiros 15 dias em férias coletivas, porque tudo era muito incerto, não sabíamos se logo iríamos retornar. Quando vimos que não retornaríamos, passamos a explorar mais as redes sociais, até então uma ferramenta não muito usada. Passamos a oferecer delivery aos nossos clientes e, para maior segurança, link de pagamento à distância. Fomos nos adaptando e fizemos o nosso App, onde o cliente já visualiza nosso catálogo — destacou a empresária.
Os salões de beleza são outro setor que retomou as atividades nesta semana, com a flexibilização das medidas, mas também não tiveram o retorno esperado.
O cabeleireiro Cléber Domingues conta que, enquanto os salões estavam fechados, passou a atender na casa dos clientes, o que garantiu sua renda durante o isolamento social, e que a expectativa era grande para a reabertura do estabelecimento onde trabalha há 28 anos, mas nos primeiros três dias de funcionamento após a reabertura o movimento foi baixo. “Está muito ruim. Nunca vi nada igual. Nunca passei por nada tão difícil na minha vida. Nunca pensei em ficar 100 dias sem vir ao meu local de trabalho. Agora é aguardar para ver o que vai acontecer”.
Por outro lado, Gláucia Viana, que é adepta do mega hair, conta que não via a hora de o salão que frequenta reabrir. “A manutenção do mega deve ser feita a cada três meses e, por conta da pandemia, estou há quase seis meses sem fazer o cabelo. Isso, além de estar me incomodando esteticamente, principalmente em uma época que estamos com o emocional abalado, também prejudica o cabelo. Por isso, quando reabriu, eu logo fui ao salão. Mas, tanto eu quanto o salão, estamos tomando todos os cuidados”.
Apesar das incertezas, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos, José Francisco Rodrigues, avaliou como positiva a retomada e acredita que a fase amarela deverá ser mantida até o final da próxima semana, período em que a Prefeitura vai avaliar o comportamento da doença nesse novo quadro.
— Este primeiro momento é muito importante. O comércio estava querendo essa reabertura. Esse sentimento de liberdade levou muitas pessoas às ruas em alguns pontos e houve filas nas portas de algumas lojas, mas, de um modo geral, correu tudo bem. Os comerciantes estão conscientes e seguiram o protocolo da secretaria de Saúde — afirmou José Francisco.
Ele ressaltou, ainda, que os empresários se surpreenderam com a manutenção da procura por delivery, mesmo com a reabertura do comércio. “Os clientes estão se habituando a esse novo formato. É uma experiência nova. Um novo sistema de relacionamento entre cliente e comércio está nascendo”.
Flexibilização — As medidas de restrição no enfrentamento ao novo coronavírus entraram em uma nova etapa nessa quarta-feira. Conforme regras estabelecidas pelo programa “Campos daqui pra frente”, o município iniciou a fase amarela — o nível 3 — onde estão liberadas atividades como comércios de rua, salões de beleza e estética, barbeiros, cabeleireiros e manicures, igrejas e templos religiosos e lojas de automóveis e concessionárias, obedecendo, entretanto, uma série de normas, como a higienização dos estabelecimentos, uso obrigatório de máscaras por funcionários e clientes, disponibilização de álcool 70% na entrada e saída dos locais, além do limite de clientes dentro dos estabelecimentos.

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