Adolescente torturada por traficantes da comunidade Terra Prometida
Paula Vigneron e Virna Alencar 13/09/2019 11:53 - Atualizado em 16/09/2019 14:13
Uma adolescente de 14 anos foi torturada na Terra Prometida, em Guarus, após traficantes do bairro, dominado pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), desconfiarem que ela estaria se relacionando com um traficante do conjunto habitacional conhecido como “Casinhas do Nolita”, área dominada pela facção rival Amigo dos Amigos (ADA). A vítima foi mantida em cárcere privado, onde foi agredida e teve a cabeça raspada. Na noite dessa quinta-feira (12), ao receberem informações de que a jovem seria executada, policiais militares resolveram tirá-la da casa onde morava juntamente com seus familiares. A família está sendo amparada pelo poder público municipal. Até o momento, nenhum suspeito foi preso.
Inicialmente, uma equipe da Polícia Militar teria sido informada de que traficantes do Parque Santa Rosa efetuaram disparos de arma de fogo durante uma tentativa de invasão, que não foi confirmada. Com a chegada dos policiais militares, diversos homens fugiram do local. Após buscas pela região, os agentes encontraram a casa da vítima e constataram a tortura. Em seguida, os militares auxiliaram a família da menina a retirar os pertences e deixar a residência.
De acordo com a delegada da 146ª Delegacia de Polícia, em Guarus, Pollyana Henriques, quatro pessoas estariam envolvidas desde o momento em que a vítima foi capturada até a agressão, mas a participação de outras cinco pessoas no crime também é investigada. Até o momento ninguém foi preso.
— Os traficantes da região, supondo que essa menina tinha passado informações para traficantes da facção rival, a encontraram e a levaram, no dia 7 de setembro, para a casa de um dos traficantes. No local, a torturaram por alguns dias. Eles exigiram que ela confessasse o contato que tinha com o líder de uma facção criminosa. Ela se negou e então a agrediram com socos, rasparam a cabeça e a sobrancelha e chegaram a dar choques nela. Ela não foi abusada sexualmente. Em um determinado momento, combinaram se iriam ou não executar a garota. Determinaram que ela fosse para a casa dela, sob a ordem de que não saísse de casa, que teria gente vigiando e, se saísse, familiares dela seriam mortos — ressaltou a delegada, destacando que a adolescente nega ter mantido contato com o líder da facção ADA.
A Folha da Manhã entrou em contato com a Prefeitura de Campos para saber sobre o serviço de assistência oferecido à família da vítima e aguarda respostas.
Nolita – Apontado como o chefe do tráfico no Santa Rosa, Nolita é acusado de ser o mandante no caso de tortura a uma adolescente, de 17 anos, ocorrido no dia 28 de fevereiro de 2018, além de possuir 55 registros de ocorrência só nas delegacias locais. Ele foi preso na Operação Caixa de Pandora, no dia 8 de março do mesmo ano. A vítima era moradora da comunidade dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP) e estaria andando com pessoas ligadas à facção rival, Amigos dos Amigos (ADA). Ela também teve a cabeça raspada e contou que foi agredida a pauladas e abusada, tendo uma arma introduzida na parte íntima. Disse, também, que enquanto era torturada, um dos agressores fez uma ligação para Nolita e pelo comando viva-voz ouviu ele dizer que o grupo poderia estuprá-la e depois matá-la.
 
 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS