Ex-presidente do TCE, Jonas Lopes Junior aponta propina a Pezão
09/09/2019 20:59 - Atualizado em 17/09/2019 13:53
O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes de Carvalho Junior afirmou, nessa segunda-feira (9), em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que o ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB) autorizou pagamento de propina mesmo no período que esteve licenciado para tratamento de um câncer.
De acordo com o delator, assim que Pezão assumiu o Palácio Guanabara, em 2014, após a renúncia do ex-governador Sérgio Cabral, teria ouvido dele que quem continuaria tratando dos acertos com o TCE seria o secretário de Obras Hudson Braga. Posteriormente, com a reeleição, quem passou a tratar do assunto foi o então secretário de Governo Affonso Monnerat, segundo Jonas.
O conselheiro aposentado do Tribunal de Contas já havia relatado que os membros da Corte recebiam 1% de propina sobre os contratos do Governo do Estado para fazerem “vista grossa” e que os valores chegaram a ser parcelados em até quatro vezes.
Indicado para o TCE pelo então governador Anthony Garotinho em 2000, Jonas Lopes de Carvalho foi responsável pela delação que desencadeou a operação Quinto do Ouro, na qual cinco dos sete conselheiros chegaram a ser presos acusados de corrupção. Apesar de outras testemunhas, como o próprio Sérgio Cabral, relatarem que os esquemas de corrupção serem anteriores ao seu governo, o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado nunca falou sobre qualquer outro período.
Outro delator ouvido nessa segunda por Bretas, o operador financeiro Carlos Miranda disse que Pezão recebeu cerca de R$ 30 milhões em propina, no período em que era vice-governador.
Perguntado pelo juiz sobre o valor da propina destinada a Pezão, quando era vice-governador, Miranda foi detalhando as quantias que, segundo ele, envolviam mesada fixa de R$ 150 mil, além de um 13º salário e mais quantias extras milionárias, pagas como bônus. Pezão foi vice de Cabral entre 2007 e 2014.
Bretas calculou os montantes pagos e estimou entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões o total pago a Pezão, enquanto vice-governador, o que foi confirmado pelo delator, que não soube dizer se, depois de assumir o Governo do Estado, em 2014, o esquema continuou.
Também foram interrogados por Bretas o advogado Jonas Lopes Neto, os irmãos doleiros Marcelo e Renato Chebar, o empreiteiro Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, e o operador financeiro Álvaro Novis, da corretora de valores Hoya. Todos são réus colaboradores e disseram que mantinham relações principalmente com Cabral ou seus emissários, sem contato direto com Pezão. (A.N.) (A.S.)
 
 

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