Sindicato dos Médicos confirma greve da categoria a partir desta quarta
Verônica Nascimento 07/08/2019 11:02 - Atualizado em 13/08/2019 13:35
  • Médicos se reúnem em frente ao HFM

    Médicos se reúnem em frente ao HFM

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    Médicos se reúnem em frente ao HFM

O Sindicato dos Médicos de Campos (Simec) deflagrou greve da categoria nesta quarta-feira (7). A informação foi repassada pelo presidente da entidade, José Roberto Crespo de Souza. Profissionais da Saúde se reuniram nesta manhã, em frente ao Hospital Ferreira Machado. Com a greve, as consultas ambulatoriais previamente agendadas estão suspensas e apenas casos de emergência serão atendidos nas unidades do município.
O presidente do sindicato explicou que triagens e atendimentos emergenciais vão funcionar de acordo com cada equipe. “Emergência não pode fechar. Quem precisar de atendimento, que não seja caso de emergência, precisará ir a uma unidade que funcione 24 horas. Se for caso ambulatorial, vai ter que remarcar a consulta”, afirmou.
Segundo José Roberto, as reivindicações da categoria já foram encaminhadas à secretaria municipal de Saúde, à Promotoria, à Defensoria e ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj).
— Estamos com falta de condição de trabalho nos ambientes, com estrutura completamente deficitária, falta de materiais e medicamentos e houve a suspensão de pagamento das gratificações no último mês. Na véspera do pagamento, foi suspensa a gratificação — detalhou o presidente.
O presidente do sindicato disse que os médicos puxaram a greve, mas que a greve é da Saúde, com adesão das demais categorias de nível superior e atingindo todos os profissionais. Ele diz que há dificuldades de leitos nos hospitais contratualizados, que perderam leitos de clínica médica, e nos hospitais públicos as macas, que já lotavam os corredores, hoje lotam até as recepções. Ele destacou que esse é um dos problemas que exemplificam a atual falta de estrutura da Saúde e que justificam a principal reivindicação, que é a de condições dignas de trabalho.
José Roberto afirmou que o secretário de Saúde, Abdu Neme, em função do decreto que citou em vídeo, perdeu a gerência em situações simples, como a substituição de médicos e férias, entre outras relacionadas a direcionamento de pessoal, que, atualmente, só podem ser definidas pela secretaria de Gestão ou Fazenda ou Procuradoria.
Pediatra da Unidade Pré-Hospitalar de Guarus, o médico Luis Alberto Mussa declarou que a situação é precária e vem piorando com o passar do tempo.
— É uma dificuldade muito grande para a execução adequada do nosso trabalho. Essa realidade é quase uniforme em todas as unidades hospitalares. Tem dias sem pediatras, dias sem clínicos, dias sem ambos, dias sem material, dias sem medicamento básico. Você escolhe qual é a falta do dia e elas vão se repetindo, se revezando, tornando o trabalho cada vez mais difícil. Isso vem se repetindo nas últimas décadas, mas eu nunca vi uma crise de tamanha proporção — disse.
Delegado Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais no Estado do Rio de Janeiro (Sinfito/RJ), o fisioterapeuta Rubem Antônio de Moura Júnior ressaltou que a demanda é de todas as categorias de nível superior da área da Saúde:
— Cada categoria tem uma demanda específica: enfermagem, terapia, fisioterapia, nutrição, administração etc. Não temos qualidade de atendimento, não temos condições de trabalho, quer seja material humano, insumos dentro das unidades. A briga não é por algo direcionado a algum setor específico. É geral.
Por meio de nota, a Prefeitura de Campos informou que, com recursos próprios e emendas parlamentares, vem “reequipando diversas Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades Pré-Hospitalares (UPH) e os dois hospitais (Ferreira Machado e Geral de Guarus), além de repassar cerca de R$ 8 milhões por mês aos hospitais contratualizados. Quanto ao ponto dos plantonistas, a Prefeitura estabeleceu uma nova regra que consta na Portaria 23 publicada nas edições do Diário Oficial dos dias 2 e 7 de agosto de 2019”.
Ainda em nota, a administração municipal destacou que “não mede esforços para regularizar o quanto antes o pagamento das gratificações. Com relação às consultas marcadas para este período, serão remarcadas posteriormente”.
Inspeção - O Simec confirmou que o Cremerj e a Vigilância Sanitária Estadual realizaram inspeção no HFM e HGG, na última terça-feira. Na manhã de ontem, equipe da Vigilância retornou ao HFM.
A superintendência de Vigilância Sanitária (SVS) da Secretaria de Estado de Saúde informou que, durante as vistorias, “foram encontradas não conformidades estruturais e operacionais,. como manipulação incorreta de produtos saneantes utilizados no ambiente hospitalar, áreas com infiltrações e falta de revestimento, utilização de produtos para higienização das mãos sem registro no Ministério da Saúde, além da presença de insetos. A SVS informa que uma nova vistoria será realizada nas unidades, no entanto ainda sem data definida”.
Já o Cremerj confirmou a fiscalização, porém não obteve resultado do relatório.
Em relação ao assunto, a Prefeitura de Campos informou que “mesmo numa realidade de limitações financeiras em todas as esferas, inclusive municipal, tem buscado melhorias para levar sempre atendimento mais amplo à população, em diversas frentes. Ao HGG, por exemplo, foi destinado recurso, através de emenda parlamentar, para intervenções pontuais no hospital, inclusive no telhado, que está em fase de licitação”.
A Prefeitura também ressaltou melhorias no HFM, “como reformas de estrutura no Pronto Socorro, pintura dos repousos, criação da ala de curta permanência, nova sala de Politrauma que foi reformada por meio de parcerias com a iniciativa privada, além de novo elevador. Novos equipamentos também foram adquiridos pela unidade através de emendas parlamentares”.
O Executivo informou, ainda, que os hospitais vão passar por reformas nos próximos meses.

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