Olhos do mundo na grande final
Aluysio Abreu Barbosa 14/07/2018 21:17 - Atualizado em 17/07/2018 14:38
Antes da disputa do terceiro lugar da Copa da Rússia, conquistado, nesse sábado (14), pela Bélgica, com o melhor futebol apresentado na competição, a França que a derrotou já era apontada como favorita à final deste domingo (15), ao meio-dia de Brasília, contra a Croácia. E a relativa facilidade com que os belgas derrotaram a Inglaterra, por 2 a 0, reforça esse aparente favoritismo francês entre os dois finalistas, sobreviventes de duas chaves desiguais na força dos adversários.
Contra a vantagem teórica da França, a Croácia demonstrou outra no campo. Após vencer todos os jogos na fase de grupos, o que os franceses não fizeram, os croatas saíram em desvantagem no placar em todos os jogos das fases eliminatórias. Ainda assim, eles deixaram para trás Dinamarca, Rússia e Inglaterra, todos após prorrogação, pelo direito de jogarem neste domingo a final. Embora tenham despachado adversários mais fortes — Argentina, Uruguai e Bélgica — a jovem seleção da França não saiu atrás no placar em nenhum dos seis jogos até aqui.
Nos valores individuais, as duas seleções se equivalem. E, como no futebol mais clássico do passado, têm como destaques seus respectivos camisas 10. E, além do título, os dois travam duelo particular na disputa de craque da Copa. Na França, o manto que já foi de Zidane não tem pesado às costas do jovem e veloz atacante Mbappé, primeiro jogador com menos de 20 anos, depois de Pelé, a marcar mais de um gol em jogo eliminatório de Copa. Na Croácia, a 10 é envergada por um dos maiores meias do futebol mundial: o experiente e cerebral Modric, capaz de determinar as ações de seu time, como talvez nenhum outro jogador, entre as 32 seleções que se apresentaram na Rússia.
Apesar da gravidade dos seus astros, os times finalistas estão longe de se resumirem a eles. Entre os croatas, Modric é escudado no meio de campo por Rakitic, unindo no setor grande parte do poder de criação do Real Madrid e do Barcelona. No ataque, os destaques são o perigoso centroavante Mandzukic e, pela esquerda, Perisic, melhor jogador das semifinais contra a Inglaterra. Ele não treinou nesse sábado com seus companheiros, mas é pouco provável que não entre em campo neste domingo com os companheiros.
Do meio para a frente, Mbappé também tem um grande parceiro: como ele, até aqui, Griezmann já marcou três gols no Mundial. Em contrapartida, o centroavante Giroud perdeu vários e não marcou nenhum e terá sua última chance, neste domingo, de desencantar. Mas é na meia cancha que a França demonstra, se não a mesma qualidade da Croácia, um grande equilíbrio: o clássico meia Pogba vem em desempenho crescente e ainda não mostrou tudo que sabe na Rússia. Isso sem contar Kanté, melhor volante do Mundial.
Na posição, Brozovic pode não estar no mesmo nível, mas equilibrou a marcação no setor para liberar Modric e Rakitic à criação. Atrás deles, a Croácia apresentou uma sólida dupla de zaga, com Lovren e Vida, à mesma altura dos franceses Varane e Umtiti. Na lateral-direita, também há equilíbrio entre Pavard e Vrsaljko. No lado oposto, a França mantém o nível alto com Hernández, enquanto os croatas talvez tenham em Strinic o ponto fraco da sua defesa. Por fim, o meia-esquerda Matuidi e o direita Rebic não têm sido destaques individuais em suas equipes, mas nelas desempenham importantes funções táticas.
Nos últimos 20 anos, França e Croácia conquistaram desempenhos de mais destaque que seleções com muito mais tradição do mundo da bola. Desde que ganharam a Copa pela primeira vez, em 1998, contra o Brasil, os franceses disputarão sua terceira final. Em 2006, perderam o título para a Itália, depois que Zidane perdeu a cabeça.
Principais herdeiros da antiga Iugoslávia, clássica escola do futebol, os croatas conquistaram o terceiro lugar logo em seu primeiro Mundial como nação independente. Foi em 98, quando perderam a semifinal justamente para a França, numa virada de 2 a 1. Mas, depois que os adversários de hoje conquistaram a Copa, esta adotou o costume de sorrir a quem disputa sua final pela primeira vez, como foi o caso também da Espanha, em 2010.
No retrospecto, a vantagem é dos Bleus. Em quatro jogos, eles tiveram três vitórias, com um empate. A maior consistência e a juventude estão com a França. A experiência e capacidade de superação, com a Croácia. Pátria de guerreiros e poetas, a Rússia não esquecerá nenhum dos dois.

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