Prédio de 24 andares em chamas desaba no centro de São Paulo
01/05/2018 12:27 - Atualizado em 03/05/2018 16:44
Divulgação/ Corpo de Bombeiros SP
O feriado do Dia do Trabalhador começou com a chocante imagem do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Centro de São Paulo, no momento do resgate de um homem, ainda de madrugada. Até o fechamento desta edição, o Corpo de Bombeiros informou que havia pelo menos um desaparecido. O trabalho para encontrar possíveis sobreviventes continuam por pelo menos 48 horas sem auxílio de máquinas pesadas. O local, no Largo do Paissandu, na área central da capital paulista, pertencia ao governo federal, mas estava abandonado desde 2003, quando a carceragem da Polícia Federal (PF) mudou de sede. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, cerca de 150 famílias, com 400 pessoas, ocupavam o prédio irregularmente. Desse total, 25% são famílias estrangeiras.
O edifício de 24 andares era ocupado até o 10º e moradores relatam que o Movimento Social de Luta por Moradia (MSLM) estaria cobrando uma espécie de “condomínio”. As primeiras informações dão conta de que as chamas começaram no quinto andar e que algumas pessoas teriam subido para os andares superiores para aguardar socorro, enquanto outras conseguiram sair pelo térreo.
O homem que era resgatado pelos bombeiros quando o prédio entrou em colapso foi identificado pelos moradores da ocupação onde vivia como Ricardo, com cerca de 30 anos. Eles contaram que o homem já tinha saído do local, mas voltou para tentar ajudar outras pessoas que estavam com dificuldade. Um bombeiro subiu em um prédio vizinho e estava tentando amarrar o equipamento de segurança em Ricardo no momento do desabamento.
O Corpo de Bombeiros atendeu ao chamado pouco depois do início do incêndio, que também atingiu o prédio ao lado e uma igreja luterana inaugurada em 1908. As equipes de resgate, com mais de 160 bombeiros e 57 viaturas, Defesa Civil, Polícia Militar e equipes do Samu, iniciaram os trabalhos de resgate no início da manhã.
Temer é hostilizado ao visitar escombros
O presidente Michel Temer foi hostilizado ao visitar os escombros do edifício em São Paulo. Ele deixou o local sob protestos e xingamentos. Quando o carro que conduzia Temer já estava em movimento para ir embora, ao menos três pessoas se aproximaram dando tapas no vidro e na lataria. Eles foram contidos por policiais militares.
Temer confirmou que o prédio pertencia à União e falou: “A situação era uma situação dramática, tanto que aconteceu o que aconteceu. Nós vamos exatamente providenciar assistência àqueles que foram vítimas daquele desastre”.
O edifício Wilton Paes de Almeida tinha 24 andares e dois patamares de sobreloja, com 11 mil metros quadrados, localizado na esquina da rua Antônio de Godoy com a avenida Rio Branco. O prédio foi sede histórica da Polícia Federal na capital paulista durante 20 anos, com grandes casos de repercussão nacional.
O local estava em avançado processo de degradação. As salas, que antes eram departamentos da PF, se tornaram moradias separadas por madeira. A fachada tinha várias vidraças quebradas, com luz e água foram cortadas.
O comando do Corpo de Bombeiros divulgou que o estado precário da estrutura do prédio, como a retirada dos elevadores contribuíram para a propagação do incêndio, já que o fosso livre serviu como uma chaminé para o material inflamável, como papelão e botijão de gás presentes nas moradias.
A Prefeitura de São Paulo estima em cerca de 70 prédios ocupados na região central com aproximadamente 4 mil famílias.
Queda lembra outros casos emblemáticos
Outros desabamentos e incêndios de edifícios emblemáticos, desde o contexto local, até o mundial, são lembrados com a tragédia de ontem em São Paulo. O primeiro deles é na própria capital paulista, onde o Edifício Joelma pegou fogo após o curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado em 1974, pouco tempo depois de sua inauguração. Ao todo, 188 pessoas morreram e 345 ficaram feridas.
Outra lembrança inevitável é o edifício Palace II, no Rio de Janeiro. Construído em 1990 pela construtora do então deputado federal Sérgio Naya, o prédio tinha graves defeitos de estrutura, o que motivou a interdição pela Defesa Civil em 1998. Apesar do risco, 30 moradores buscavam seus pertences quando aconteceu o desabamento. Oito pessoas morreram soterradas.
Três anos depois, o mundo ficou chocado com as imagens das torres do World Trade Center, em Nova Iorque, desabando após o ataque terrorista de 11 de setembro.
Em outro contexto, uma construção da região que ficou marcado pelo desabamento foi o prédio do Julinho, um marco referencial de Atafona, em São João da Barra, que sucumbiu ao avanço do mar em 2008.

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