Greve afeta serviços na região
25/05/2018 23:41 - Atualizado em 28/05/2018 14:31
Os impactos da greve nacional dos caminhoneiros, que chegou ao quinto dia nessa sexta-feira, são ainda mais perceptíveis em toda região. Em Campos, Unidades Básicas de Saúde (UBS) vão priorizar atendimentos de urgência e emergência, assim como as ambulâncias. No transporte, há redução na frota e incerteza com relação à manutenção do serviço. Já em São João da Barra, uma definição sobre as aulas na segunda-feira só será divulgada domingo. São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e Macaé também enfrentam transtornos e risco de desabastecimento. As prefeituras estão readequando os serviços devido à falta de combustível. No Instituto Federal Fluminense, que já havia suspendido o processo seletivo que ocorreria neste domingo, aulas foram suspensas nessa sexta. Nas rodoviárias de Campos, empresas que fazem o transporte intermunicipal estão reduzindo a frota. A medida afeta também os taxistas. A Polícia Militar disse que o patrulhamento segue normal e que conta com efetivo extra a disposição para eventuais distúrbios.
Na noite de sexta-feira, a Prefeitura de Campos enviou nota dizendo que não há registro de falta de medicamentos e que os estoques foram repostos antes da paralisação, mas um novo levantamento será realizado na segunda-feira. Outros serviços estão passando por adequações. “O Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) mantém diálogo permanente com os representantes das empresas de ônibus e do transporte alternativo, que garantiram o funcionamento normal do serviço neste fim de semana. A coleta de lixo segue sendo feita de maneira regular. As ambulâncias serão utilizadas prioritariamente para atendimentos a casos de urgência e emergência”, informou a administração municipal.
Ainda de acordo com a Prefeitura, algumas escolas tiveram as aulas suspensas nessa sexta-feira. Caso persista a falta de combustível, outras podem ser afetadas.
Já a Prefeitura de São João da Barra informou que, segundo a secretaria de Educação e Cultura, as aulas seguem normais e se houver necessidade de paralisação, haverá um comunicado neste domingo. Para manter os serviços essenciais, as viagens para fora do município foram interrompidas, mas até essa sexta, os carros oficiais estavam com tanque cheio, priorizando serviços essenciais. A ambulância de resgate conta com reserva técnica. A limpeza pública está normalizada, mas se até a próxima semana a paralisação continuar, será priorizado o serviço domiciliar, excluindo do cronograma o serviço de coleta de resíduos de construção civil e galhadas.
Em São Francisco, uma nota foi divulgada no terceiro dia da greve. Foi comunicada a possibilidade de suspensão temporária de serviços porque o posto que fornece combustível à Prefeitura estava com estoque mínimo. Segundo a nota, os serviços essenciais, como o resgate e às ambulâncias, seriam priorizados. Havia também possibilidade de cancelamento de aulas e interferência nos serviços da secretaria municipal de Transporte e do Centro de Convivência da Terceira Idade. Não houve nova nota informando medidas no final da semana.
Em São Fidélis, a Prefeitura publicou um decreto proibindo o uso de carros oficiais, com objetivo de priorizar os serviços emergenciais, em especial os da Saúde.
Macaé informou que o transporte público urbano, realizado pela Sit Macaé, sofreu redução de horários das linhas e a medida ficará em vigor até que a situação seja normalizada. Houve remanejamento diário nas linhas, conforme a demanda. O transporte escolar foi mantido em 100%. Já os eventos que ocorreriam no final de semana, como o Torneio Juvenil de Robótica e o 1º Festival de jiu-jitsu, do projeto “Macaé vai à luta”, foram transferidos. A caminhada “Maio Amarelo”, prevista para este domingo, foi cancelada.
Segundo o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Fabiano Souza, ainda não houve necessidade de abastecimento do reservatório de combustível da unidade. Ele disse que o caminhão tanque que foi escoltado na quinta, por uma viatura da Polícia Civil, não era do 8º BPM. Fabiano disse, ainda, que conta com efetivo em stand by para qualquer eventualidade e necessidade de reforço no patrulhamento.
Redução de ônibus entre os municípios
Na Rodoviária Roberto da Silveira, no centro de Campos, e no Terminal Rodoviário do Shopping Estrada o movimento de ônibus e passageiros é incerto. Empresas que circulam dentro do município estão em normalidade. Já as que fazem as linhas intermunicipais reduziram veículos e horários.
A Empresa Brasil faz transporte para cerca de dez municípios e cortou São Fidélis de um dos seus destinos. Ônibus que seguem para outras cidades fazem baldeação no município. O mesmo ocorreu na linha Campos/Macaé, feita pela empresa 1001. Ônibus que seguem para Cabo Frio, Rio de Janeiro e etc, tiveram o município incluído na rota. A redução no número de passageiros possibilitou esse reordenamento à empresa.
Keity Magalhães, 34 anos, precisa viajar para o Rio de Janeiro neste sábado para trabalhar, mas tem receio de não ter como voltar. “Eles estão vendendo a passagem de volta, mas meu medo é que não tenha combustível e ônibus pra eu voltar”, disse, preocupada por não poder levar o filho.
Taxistas também sentem reflexos negativos
Menos passageiro desembarcando na rodoviária é menos passageiro embarcando nos táxis. Ciclério Pimentel é taxista há dois anos e faz ponto na Rodoviária Roberto da Silveira. O carro dele é a gás e por isso o problema dele é diferente. A falta de passageiros que têm medo de viajar e não ter como voltar às suas casas. A fila de táxis na rodoviária é imensa e só cerca de dois deles deixaram de trabalhar por falta de abastecimento.
Salvador de Paula tem 77 anos, 40 deles como taxista. Nesse tempo já passou por diversas greves de caminhoneiros, mas, segundo ele, nenhuma com tantos reflexos na sociedade como essa. “Meu carro é a gás, mas só liga na gasolina. Eu tenho combustível pra uns dois dias. Se a greve continuar, vou ter que parar porque nos postos já não tem mais. Nunca passei por uma greve assim e acho que vai ter confusão”, lamentou o trabalhador.
Movimento afeta aulas, concurso e exame
A greve dos caminhoneiros também afeta o setor acadêmico. O Instituto Federal Fluminense (IFF) suspendeu aulas e atividades dos períodos da tarde e da noite dessa sexta-feira em diversos campi. Nos campi Centro, Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana e Maricá, as atividades foram paralisadas às 13h. A decisão também se estende às unidades de Cabo Frio, Macaé e Quissamã. Por meio do portal oficial, o IFF informou que a suspensão aconteceu “devido a reflexos da paralisação nacional dos caminhoneiros, que está impactando nos serviços de transporte usados por alunos e servidores do Instituto”.
Na última quinta (24), o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), em comum acordo com o Instituto Federal Fluminense (IFF), suspendeu as provas de concurso público para cargos de professor e técnico-administrativo, que aconteceriam neste domingo. A reitoria do IFF informou que a prova será aplicada em data oportuna, “a fim de assegurar a perfeita regularidade na realização do concurso”.
Já a Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nessa sexta o novo cronograma do exame da Ordem, que teve a segunda etapa (prova prático-profissional) adiada. A prova que seria realizada domingo foi remarcada para o próximo dia 10 de junho.

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