Histórias da Festa de Santo Amaro
26/12/2017 17:25 - Atualizado em 29/12/2017 16:37
Festa de Santo Amaro
Festa de Santo Amaro / Divulgação
Aproximando o dia 15 de janeiro, começa a registrar o aumento das visitas à Igreja de Santo Amaro. Preces e orações se misturam aos pagadores de promessa que expressam a gratidão ao Pai Santo Amaro. Moradora no distrito, Maria da Conceição Ramos revela a sua fé no Padroeiro da Baixada Campista e conta um pouco de sua história de vida. Nascida na cidade de Quissamã, por décadas foi a responsável pela confecção das roupas e adereços da cavalhada apresentada no dia 15 de janeiro. E se orgulha da coleção de troféus guardada em sua residência.
— Um dia fui chamada para preparar a capa de sela, cangoteira para o Capitão Manoel Gonçalves. Não sabia como fazer, mas aceitei. Preparamos os moldes em jornal e depois já no tecido. Desde essa data assumi a preparação de tudo, e finalmente comecei a preparar as roupas e fiquei por mais de 50 anos. Era uma alegria e a cada ano conhecia mais amigos. Muitos começaram a correr a cavalhada ainda criança, e hoje já casados, mas foi um tempo muito bom na minha vida. — relata Dona Conceição.
Preparando para festejar 90 anos, a alegria é receber os amigos que nos dias da festa passam por sua residência. E com a mesma alegria recorda das famílias tradicionais. E como começou a preparar as roupas. Fala do Capitão Manoel Gonçalves, que foi um grande benfeitor das melhorias trazidas ao distrito. E conta que foi para o capitão Manoel Gonçalves que confeccionou as primeiras selas e demais adereços para o brilho da apresentação.
Dona Maria da Conceição Ramos
Dona Maria da Conceição Ramos / Divulgação
A cavalhada é um dos patrimônios preservados na cidade de Campos dos Goytacazes e representa a memória coletiva dos moradores do distrito campista. Registros relatam a primeira apresentação realizada no dia 7 de outubro de 1730 no Solar do Colégio e em Santo Amaro realizada na inauguração da capela em 1733. Informações relatam a primeira apresentação organizada pelo Capitão Antonio Pinto, um dos sete capitães responsáveis pela doação das terras aos beneditinos em sua instalação na cidade. Um legado patrimonial importante segundo o diretor do Teatro de Bolso, Fernando Rossi.
— A Cavalhada, que é um patrimônio imaterial do município, e de grande valor cultural para a geração atual e para as gerações futuras. A gente somente entende a importância cultural quando busca este conhecimento. É preciso reconhecer o esforço dos ascendentes que cuidaram de manter a tradição, bem como estes cavaleiros e capitães mouros e cristãos que ensinam a Cavalhada para seus filhos. Preservar a cultura do nosso povo é manter viva a história dos nossos municípios, do nosso Estado, da nossa gente — disse Rossi.
A professora Agilda Macabu recorda personalidades importantes que ajudaram a manter a tradição na festa. Seu pai, o agricultor Ageu Tavares Macabu foi um dos defensores do distrito na política e na preservação do legado patrimonial da Cavalhada. Recorda alguns momentos importantes vividos no distrito. E destaca a necessidade de resgatar as histórias vividas por tantas personalidades.
— Temos orgulho de ver tantas pessoas envolvidas na tradição secular que é preservada por tantas famílias. Nos dias de hoje manter a memória coletiva de uma comunidade é um desafio, mas em Santo Amaro a história se renova o cada ano e os jovens assumem o papel de manter o legado familiar — observou a professora. (A.N.)

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