Wladimir fala a juiz e nega envolvimento
27/10/2017 22:07 - Atualizado em 01/11/2017 17:59
Rodrigo Silveira
Filho do casal Garotinho, Wladimir Matheus foi interrogado ontem pelo juiz Ricardo Coimbra, da 76ª Zona Eleitoral de Campos, dentro da ação penal em que é réu no âmbito da operação Chequinho, e negou qualquer envolvimento no “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição municipal. O pai dele, o ex-governador Anthony Garotinho já foi condenado a 9 anos e 11 meses de prisão em outra ação penal. Além de Wladimir, o ex-procurador-geral do município na gestão Rosinha Garotinho (PR), Matheus José, o ex-subprocurador Fabrício Ribeiro e o deputado estadual Bruno Dauaire (PR) foram ouvidos como testemunhas de defesa. Também ontem aconteceu audiência de outra ação penal com os vereadores Linda Mara (PTC) e Ozéias (PSDB).
Com a ação chegando próxima do fim, o magistrado acatou o pedido da defesa para revogar todas as medidas restritivas contra o réu, entre elas as proibições de se ausentar por mais de sete dias da Comarca sem autorização, de manter contato com testemunhas e outros réus, além de não poder entrar na Câmara de Vereadores. O juiz ainda determinou prazo de dez dias para análise do Ministério Público Eleitoral antes de mais dez dias para a defesa apresentar as alegações finais, último ato antes da sentença.
Em seu depoimento, Wladimir contestou a testemunha-chave do processo, Beth Megafone, e disse que ela mentiu em depoimento na quarta-feira (18). “Ela disse que no dia 23 de outubro, após a eleição, eu teria acontecido uma reunião na casa do meu pai, na Lapa, onde eu teria participado e meu pai brigado comigo, dizendo que seria culpa minha (a operação Chequinho) por eu ter colocado mais gente (candidatos para receberem o suposto benefício). Acontece que o marido dela disse em depoimento que ela estava foragida. Tem o depoimento dela em sede policial em que ela diz que estava na praia de Santa Clara no dia 23, acompanhada da Linda Mara, Ana Alice e Luís Careca. Também tenho as passagens aéreas e cartão de embarque que mostram que meu pai estava em Brasília no dia 23. Portanto, essa reunião nunca aconteceu. Não sei porque ela inventou isso tudo”, relatou.
No último depoimento, Beth Megafone acusou Wladimir de “inflar” a quantidade de candidatos a vereador que receberiam os chequinhos para distribuir a eleitores. “Wladimir queria fazer base para (a eleição de) 2018 (na qual o réu é cotado para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados), por isso queria abrir a distribuição do Cheque Cidadão, que era restrita a um grupo pequeno”, disse.
Questionado pelo advogado de defesa, Matheus José negou que Wladimir tivesse alguma ingerência na Prefeitura de Campos durante a gestão da mãe. Outra testemunha, o advogado Fabrício Ribeiro é proprietário do escritório onde teria acontecido um encontro entre Garotinho, Wladimir, a ex-secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Ana Alice Alvarenga, a ex-coordenadora do programa Cheque Social, Gisele Koch, e o analista de sistema Eduardo Coelho, onde o ex-governador teria ordenado que os dados relacionados ao Cheque nos computadores da Prefeitura fossem apagados. Porém, Fabrício disse que Wladimir estava no local resolvendo outros assuntos e que foi embora pouco depois, mas que não houve nenhuma ordem para esta ação.
Já deputado estadual Bruno Dauaire disse ser amigo de Wladimir há 20 anos e que nunca ficou sabendo de que o réu tenha qualquer participação no esquema de compra de votos. No entanto, o Ministério Público Eleitoral requereu a impugnação do depoimento por causa da relação de amizade entre ambos.
Beth dispara em ação de outros vereadores
Também ontem, mas pela manhã, aconteceu outra audiência da Chequinho, mas da ação penal que tem como réus os vereadores Linda Mara (PTC) e Ozéias (PSDB), além do ex-subsecretário de Governo Alcimar Ferreira Avelino, o assessor parlamentar Nalto Muniz, Maria Elisa de Souza Viana de Freitas, Jossana Ribeiro Pereira Gomes e o escrevente do Cartório do 24º Ofício Carlos Alberto Soares de Azevedo Junior. Os parlamentares estiveram presentes, mas não falaram.
Beth Megafone voltou a disparar contra os réus e disse que ela e Linda Mara precisaram dormir em vários lugares diferentes para poder fugir da ordem judicial de prisão no ano passado e que Garotinho deu instruções por telefone para uma das testemunhas, Verônica Ramos Daniel, gravar um áudio dizendo que havia sido coagida pelo delegado da Polícia Federal (PF) Paulo Cassiano.
No entanto, Verônica relatou que mudou de depoimento na PF por causa de coação do delegado e mudou o depoimento com medo de ser presa. Já outra testemunha, Alessandra da Silva Alves, relatou que mentiu inicialmente falando que estava sendo ameaçada por Cassiano, mas sua consciência pesou e ela resolveu voltar atrás.
Réus intimados para novos depoimentos
O juiz Ricardo Coimbra aproveitou as audiências de ontem para intimar os vereadores Roberto Pinto (PTC) e Thiago Ferrugem (PR), além de Marcos Andre Elias de Freitas e da ex-vereadora Cecília Ribeiro Gomes, para a audiência na ação penal em que são réus na Chequinho, marcada para o dia 9 de novembro.
Também ontem, o advogado Carlos Azeredo entregou as alegações finais de outro processo envolvendo os vereadores Kellinho (PR), Jorge Rangel (PTB), Linda Mara (PTC) e Thiago Virgílio (PTC). Todos já foram condenados nas ações eleitorais em primeira instância e Rangel teve a sentença confirmada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na semana passada.

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