Cenário analisado na planície
Aluysio Abreu Barbosa - Atualizado em 30/10/2017 22:49
Divulgada no último domingo, na coluna do jornalista Lauro Jardim, em O Globo, a pesquisa Ibope feita à corrida presidencial de 2018, revelou que se a eleição fosse hoje, teríamos um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (de saída do PSC ao PEN, que vai se chamar Patriota). Na consulta estimulada, o primeiro surge com boa vantagem: 35% das intenções de voto, mais de duas vezes o dobro do segundo, que aparece com 13%.
Entre 18 e 22 de outubro, ouvindo 2.002 pessoas em todos os Estados brasileiros, o Ibope colheu números muito parecidos com a pesquisa nacional anterior, feita pelo Datafolha entre 27 e 28 de setembro, que também apontou um clássico confronto entre esquerda e direita no segundo turno presidencial, com Lula e Bolsonaro. Pelo Ibope, abaixo dos dois viriam Marina Silva (Rede), com 8%; o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e o apresentador de televisão Luciano Huck (sem partido), ambos com 5%; e o prefeito paulistano, João Doria (PSDB), com 4%. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem 3% das intenções de voto.
Como Lula foi condenado na Lava Jato pelo juiz Sérgio Moro, em julho, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, seu recurso tem previsão de ser julgado até agosto pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Em caso de confirmação da condenação, o ex-presidente seria impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. Neste cenário, a liderança da pesquisa Ibope é dividida por Bolsonaro e Marina, ambos com 15% das intenções de voto. Eles vêm seguidos por Huck (8%), Ciro e Alckmin (cada um com 7%), e Doria (5%). Candidato petista alternativo, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad não foi além do 1%.
Os números foram analisados por líderes locais, à exceção da pré-candidatura de Bolsonaro, cuja mudança de partido impediu posicionamentos públicos. Presidente do diretório do PT em Campos, o petroleiro Rafael Crespo defendeu a pré-candidatura de Lula, mas falou sobre alternativas, em caso de impedimento jurídico:
— O partido trabalha 100% com Lula a presidente. Discutimos não só o Executivo, como as pré-candidaturas do Legislativo federal. Não dá para governar sem base parlamentar, ou no balcão de negócios no qual se transformou o Congresso Nacional. A migração de votos de Lula a Marina, em caso de impossibilidade jurídica, é fruto da imagem dela ainda estar ligada ao PT, muito embora ela tenha apoiado Aécio (Neves, PSDB) no segundo turno de 2014. No caso de Lula não poder, acho pessoalmente que Haddad seria uma opção melhor do que apoiar Ciro.
Presidente da Câmara de Campos, o vereador Marcão Gomes (Rede) falou das chances da sua pré-candidata Marina Silva, que a pesquisa indica aumentarem sem Lula:
— Acredito que se o Lula for candidato deverá haver uma forte polarização entre esquerda e direita. Sem Lula no páreo, acredito que a Marina seja a candidata que mais se beneficie. Por outro lado, Alckmin e Doria estão travando uma guerra interna no PSDB. Enquanto isso Bolsonaro, que também tem uma rejeição elevada, tenta se consolidar como candidatura viável ao segundo turno. A principal pergunta a ser respondida é: Lula será ou não candidato? Isso muda totalmente o tabuleiro do jogo — disse.
Empresário e ex-presidente municipal do PSDB, Robson Colla ainda acha que é muito cedo para se avaliar as pesquisas. Ele acredita que Lula será impedido pela Justiça de ser candidato:
— Estamos ainda a mais de 11 meses da eleição. Lula já bateu no teto, mas não será candidato. Além da decisão do TRF 4, pesarão outras condenações em primeira instância que ele deve ter até lá (é réu em mais cinco ações penais). Os nomes do PSDB pagam o preço do partido estar nessa aliança contra a Lava Jato, com o envolvimento de Aécio, que deveria ter saído da presidência do partido. Bolsonaro está com uma adesão espantosa nas redes sociais, mas, como as pesquisas registram com Lula, também enfrentará muita rejeição. É muito cedo.
Experiente vereador do PDT, Marcos Bacellar aposta no crescimento da pré-candidatura de Ciro Gomes:
— Se Lula for impugnado, apoiará Ciro. O TRF 4 julga até agosto e a eleição é no começo de outubro. É apenas um mês. Não dará tempo de transferir votos para um nome que já não esteja na campanha. O degaste do PT é enorme. Só Lula suplanta isso. Ciro é o melhor para o Brasil, o mais preparado, tem pulso, palavra. Bolsonaro, infelizmente, está bem na juventude. Mas o pessoal mais esclarecido, de meia idade, sabe bem o que foi o governo militar no Brasil. Tinha a mesma corrupção, só que não podia falar, se não era preso ou fechava o jornal — relatou.
Bem cotado na primeira pesquisa com seu nome (no Datafolha não foi colocado na disputa), o apresentador de TV Luciano Huck mantém conversas com o DEM. Mas segundo afirmou o jornalista Lauro Jardim, primeiro a divulgar os números do Ibope, se decidir ser candidato a presidente, será pelo PPS:
— Há um mês, o DEM estava conversando com Doria e com Huck. Precisamos também definir a questão do Rio, que terá o Rodrigo Maia (presidente da Câmara Federal), ou seu pai, César Maia (ex-prefeito do Rio), um a governador, outro ao Senado. Lula está bem, mas tem uma rejeição enorme (54% dos brasileiros, segundo o Datafolha, o querem preso), semelhante à que fez Garotinho perder a governador, em 2014, e depois a Prefeitura de Campos, em 2016. A decisão da candidatura a presidente será nacional, mas eu prefiro o senador Ronaldo Caiado — disse Nildo Cardoso, presidente municipal do DEM e secretário de Agricultura de Campos.
— Estou sabendo da possibilidade de Huck vir pelo PPS agora. O partido até então vinha trabalhando entre lançar a pré-candidatura a presidente do senador Cristóvam Buarque, ou apoiar o PSDB, com fez nas últimas eleições. Nosso congresso estadual será em 2 de dezembro. O nacional deve ser em janeiro de 2018. Acho que o Huck é uma pessoa de bem, bem sucedido na carreira dele, não tenho objeções. Mas minha opinião pessoal é apostar na candidatura de Cristóvam, um homem sério, comprometido com a educação — revelou o ex-prefeito Sérgio Mendes, ex-presidente do PPS em Campos.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS