Amigos e familiares se despedem do jornalista e escritor João Noronha
Ingrid Silva (estagiária 05/04/2023 18:26 - Atualizado em 05/04/2023 19:43
Rodrigo Silveira: Folha da Manhã
O corpo do jornalista e escritor João Noronha Neto, de 67 anos, foi sepultado na tarde desta quarta-feira (5), no Cemitério do Caju, em Campos. Uma despedida marcada por emoção, que terminou com uma salva de palmas dos familiares e amigos para marcar tudo viveram com o jornalista.

Noronha foi vítima de complicações de um Acidente Vascular Hemorrágico (AVC), pneumonia e infecção urinária. O jornalista estava internado há 15 dias na Santa Casa de Misericórdia de São João da Barra, onde morreu às 5h30 desta quarta-feira (5).

O jornalista Luiz Costa estava presente no sepultamento e contou da proximidade que tinha com Noronha, que ia além do profissional, visto que o escritor conhecia e convivia com os dois filhos de Luiz. Os dois trabalharam juntos na redação da Folha da Manhã. Ele contou sobre o homem correto e responsável que Noronha era, dizendo que não conseguia lembrar uma vez que Noronha faltou o serviço. Um tio de Luiz Costa que era radialista conheceu o escritor antes dele, na época em que Noronha trabalhava na TV Norte Fluminense.
— Aquela pessoa que quem não conhecia, às vezes, se assustava pelo ar sempre sério, pelo timbre de voz, mas era um cara brincalhão, responsável. E um baita cara. Aquele que se tivesse que te dizer alguma coisa, ele dizia sem pensar se iria te magoar ou não, mas dizia porque pensava realmente aquilo, ele era transparente, e eu acho que falta gente assim na nossa sociedade, mais transparente, mais verdadeira, direta e objetiva. Ele vai me deixar muita saudade, porque a minha convivência com ele envolvia os meus filhos. Então, é um cara que vai deixar saudades na vida profissional e na vida pessoal também — declarou o jornalista.
Outros amigos de redação também estiveram presentes: Suzy Monteiro, Juliana Mérida, Ana Luiza Paixão, entre outros que conviveram com Noronha durante o tempo que trabalhou na Folha da Manhã. "João Noronha era uma pessoa de personalidade forte e um jornalista comprometido com a Ética e a verdade dos fatos. Tive o prazer de trabalhar com ele, por alguns anos, e aprender. Além da parceria de trabalho, teve muita amizade, boas risadas. Grande Noronha. Que ele siga em paz!", disse Ana Luiza.
Suzy destaca a presença marcante do amigo. "Mesmo com sua personalidade forte, fez grandes amigos. Prova disso é a quantidade de jornalistas, de várias gerações, presentes no velório e enterro. Todos com uma história para contar com ele. Fará muita falta", ainda acrescenta. 
Pelas redes sociais, infinidade de amigos também deixaram mensagens para Noronha, como era chamado por muitos. Um deles, o jornalista Cilênio Tavares. Ele relatou as vezes em que em que trabalhou com Noronha em diferentes meios de comunicação, desde a Rádio Cultura até a passagem de ambos pela redação da Folha da Manhã. Chegou a lembrar da preocupação do diretor de Redação, Aluysio Abreu Barbosa, com o temperamento forte dos dois editores compartilhando a mesma editoria. "Mas foi justamente o oposto que aconteceu, com o entrosamento pra lá de bacana", escreveu. 
Nascido em 28 de novembro, Noronha iniciou sua carreira no jornal "A Notícia", em 1978. Também passou pelo "Monitor Campista", "A Cidade", além da Folha da Manhã, tendo atuado como repórter, redator, editor e chefe de redação. Em sua trajetória profissional, ele também se aventurou pelo radiojornalismo passando pela Rádio Cultura de Campos, Jornal Fluminense e 89 GM. Além disso, deixou sua marca no como editor do telejornal NFTV, na antiga TV Norte Fluminense.
Entre 1997 e 2004, foi diretor do Departamento de Jornalismo da Secretaria de Comunicação de São João da Barra. Colaborou ainda com os jornais “S. João da Barra” e “Tribuna Sanjoanense”, entre 1997 e 2006.
João Noronha também recebeu vários prêmios de organizações culturais e sociais, como Associação Regional de Teatro Amador (Arta), Colônia de Pescadores de Atafona, Federação Estadual de Teatro Amador (Fetarj), Associação de Pescadores Sanjoanenses (Apsan), Clube Recreativo Cultural Congos, Sindicato dos Radialistas de Campos, Câmaras Municipais de Campos e São João da Barra.
O jornalista estreou como pesquisador em 2000, iniciando um trabalho em Atafona, no município de São João da Barra. Ele também deixou marcas na literatura, lançando o seu primeiro livro em 2004, que resgata a história de Atafona e serve como fonte para trabalhos de escolas públicas e de universidades. Seus livros estão catalogados nas Bibliotecas Nacional do Rio de Janeiro, Unicamp (Campinas, SP), Públicas de Brasília (DF) e de Curitiba (PR), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e Museu de Campos, além de escolas do Norte Fluminense.

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