Insegurança entra em pauta na reunião do Conselho de Segurança Pública de Campos
Ícaro Barbosa 06/07/2022 16:41 - Atualizado em 07/07/2022 07:48
Mais uma reunião do Conselho Municipal de Segurança Pública (Conseg) aconteceu nesta quarta-feira (6), em Campos, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Elas acontecem mensalmente e tem como objetivo promover uma ponte entre as principais autoridades da área e a sociedade. Hoje, a fala de Madeleine Farias, delegada adjunta da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), elevou o nível da reunião que quase sempre se resume a apresentação de números e estatísticas por parte dos agentes da lei e de pedidos de atenção ao policiamento em determinadas áreas, vindos de cidadãos preocupados. 
Apesar outros assuntos importantes terem sido tratados pelos comandantes da Polícia Militar, como o envelhecimento da tropa, diminuição do efetivo do 8º Batalhão de Polícia Militar e da importância dos registros de ocorrência, Madeleine conseguiu chamar a atenção de todos do auditório e angariar aplausos falando algumas verdades, para além do “enxugar gelo” que geralmente é a regra deste tipo de encontro:
– Ninguém consegue se sentir seguro aqui. Você consegue ficar andando com o celular? Você consegue parar seu carro a noite no semáforo sem medo de ser assaltado? Não. Nós hoje vivemos uma crise na segurança pública: um homicídio acontece a cada 10 minutos no Brasil. Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 700 mil criminosos que deveriam estar presos, estão soltos nas ruas. A dificuldade que enfrentamos de prender uma pessoa e mantê-la na cadeia é hercúlea.
Ela ainda comentou sobre a dura tarefa de investigar e prender autores de pequenos crimes, como furtos e roubos, enquanto se tem um número tão grande de homicídios para elucidar e apenas 8 investigadores – utilizando como exemplo o número de funcionários com essa função na sua delegacia.
— Hoje vivemos um cenário de guerra. Vivemos cercados e tentando nos proteger. Temos que tratar as consequências e não as causas... pensar no que queremos pro nosso futuro. Vamos ter que tratar isso de forma séria ou então vamos enxugar gelo. As leis devem refletir a vontade da maioria e tenho certeza, pelas palmas de vocês, que a maioria quer segurança pública. Criou-se uma discussão de que a cadeia não ressocializa ninguém, mas isso é a pior coisa que se pode acreditar: o papel da cadeia é punir. A impunidade está acabando com esse país. De todas as prisões, 78% são liberadas no dia seguinte — continuou Madeleine, exemplificando com uma situação enfrentada por ela própria em Guarus, quando, na semana passada, fez um registro de furto em flagrante: “quando puxei a ficha, a pessoa tinha sido presa sexta vez em menos de seis meses por furto.. isso tem cabimento?”
Além disso, outros problemas foram postos na mesa: o envelhecimento da tropa do 8º Batalhão de Polícia Militar e a diminuição do efetivo. Essas, de acordo com o Capitão Carvalho e o Capitão Frazão, responsáveis respectivamente pelo policiamento na área central e Guarus, devem ser bandeiras levantadas por todos que vivem na circunscrição do batalhão.
— Hoje assistimos o envelhecimento da tropa. Isso é preocupante pois muitos policiais já não têm disposição pra trabalho na rua. Isso vai acabar se tornando um problema operacional. É possível a renovação da tropa, de forma palatina e é extremamente necessária. O futuro a médio e longo prazo é extremamente complicado sem essa renovação. Trazer uma turma de formação pra Campos é uma boa solução e queremos formar uma voz para possibilitar isso — explicou o capitão Carvalho.
Já o capitão Frazão apresentou um panorama de Guarus, onde – apesar dos vários homicídios que vem acontecendo – a “principal problemática enfrentada” é o roubo. Segundo o oficial, Guarus teve nove homicídios no mês passado, enquanto a meta (levando em conta as atividades do narcotráfico que impera na região) era de que houvesse no máximo oito.
Além disso, o capitão Frazão enfatizou a importância da realização de registros de ocorrência para todos aqueles que forem vítimas de atividades criminosas: “Apenas esses registros nos mostram quando e onde há maior incidência criminosa. É uma forma de nos anteciparmos aos criminosos, estudá-los e prevenir novas ocorrências”.

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