Automóvel Clube Fluminense comemora 100 anos de história
Matheus Berriel - Atualizado em 19/11/2022 10:14
Área recreativa do Automóvel Clube Fluminense
Área recreativa do Automóvel Clube Fluminense / Foto: Rodrigo Silveira
Um dos mais importantes clubes sociais e esportivos do interior do Rio de Janeiro, o Automóvel Clube Fluminense (ACF) completou 100 anos de história na última segunda-feira (14). Porém, o centenário será comemorado neste fim de semana. Estão previstos uma maratona de natação, neste sábado (19), às 9h, e um evento no domingo (20), a partir das 10h, recebendo entre as atrações representantes da escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense.
Formada por membros da “elite” de Campos em 14 de agosto de 1922 e inicialmente batizada de “Casino”, a agora centenária instituição teve Paulo Pereira Pinto como presidente em sua fase embrionária. Naquele momento, tratava-se de uma grande novidade no seio da alta sociedade, enquanto uma casa dedicada ao lazer e entretenimento, numa cidade que vivia grande momento financeiro, fruto da indústria açucareira, e tinha como maiores opções culturais importantes teatros. No mesmo ano de 1922, mas em 14 de novembro, foi eleita e empossada a primeira diretoria, cujo presidente era Teófilo Ferraz.
— Há as duas datas. Uma data é simbólica, o dia 14 de agosto. Mas, quando fiz as pesquisas, notei que o clube tradicionalmente comemora os seus aniversários em referência ao 14 de novembro, por uma questão de legalidade — explica o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, Genilson Paes Soares, pesquisador e sócio do ACF.
De “Casino”, o nome mudou para “Casino de Campos” em 7 de novembro de 1923. Somente em 1927 foi adotada a nomenclatura Automóvel Clube Fluminense, já sob presidência de Godofredo Saturnino da Silva Pinto, que entrou em cena em 1926 e atualizou o estatuto durante o seu mandato. A partir de então, a finalidade do clube passou a ser o desenvolvimento automobilístico, principalmente por meio de turismo, competições, exposições e congressos.
Também na gestão de Godofredo Pinto, foi adquirido o imóvel à rua 13 de maio, número 30, onde se ergueu a histórica sede, adquirida por 60 mil réis. A planta aprovada para a obra foi a do arquiteto Adolpho Morales de Los Rios Filho, custando 1,5 conto de réis. Los Rios desenhou também dois modelos para o emblema do clube, embora tenha sagrando-se vencedor o modelo feito por Carlos Hamberger. Concluída a obra, as instalações foram feitas pela Casa Nunes, com trabalho de pintura assinado pelo capixaba Homero Massena. Alguns avanços aconteceram após este marco, com o número de ações do clube subindo de 300 para 600 títulos, e o ACF passando a ser reconhecido como instituição de utilidade pública pelo então presidente (governador) do estado do Rio de Janeiro, Manuel de Mattos Duarte e Silva.
A inauguração da sede histórica se deu em 18 de janeiro de 1930, já no mandato de Manuel Duarte. Segundo a pesquisa de Genilson Paes Soares, entre os telegramas de cumprimento recebidos pro ACF na ocasião, estavam o do então presidente da República, Washington Luís, e os dos ministros de Estado Victor Konder e Francisco Chaves de Oliveira Botelho.
Durante a sua história, o Ouro Azul expandiu a sua atuação a várias vertentes culturais, como bailes de Carnaval, Primavera, Réveillon, São João, etc. Também chegou a contar com um cinema para sócios, e, na área esportiva, abraçou modalidades como natação, basquete, vôlei, futebol de salão, tênis, lutas, entre outras. No basquete, por exemplo, foi campeão da Copa Brasil Sul, em 2002, e do Campeonato Estadual, em 2003, além do Torneio Carioca de 2017.
Um símbolo da fase de grande investimento esportivo foi o ginásio Olavo Cardoso, construído na gestão do presidente Ary Ribeiro Vianna e inaugurado em 19 de novembro de 1955. Data da mesma década a primeira piscina semiolímpica, oficialmente entregue aos sócios em 6 de agosto de 1958, como parte das comemorações pela Festa do Santíssimo Salvador.
Outro presidente marcante foi Severino Veloso de Carvalho Neto, o único com mandatos em períodos distintos, o primeiro deles a partir de 1965. Severino foi responsável direto pela realização de concursos de beleza e muitos bailes carnavalescos, expansão do quadro de sócios e por conquistas patrimoniais, entre elas as construções do “Ginasinho”, que leva o seu nome; da sauna e da terceira piscina, sendo a segunda semiolímpica. Também adquiriu imóveis vizinhos à sede da 13 de maio, para expandir a área recreativa.
Em outubro de 1974, o palacete original foi demolido para dar lugar à construção de um prédio moderno, inclusive com estrutura levantada, mas sem a conclusão da obra até a saída de Severino, em 1980. A entrada atual, pela rua Siqueira Campos, foi construída em 1974, justamente por conta da interrupção do acesso na 13 de Maio, durante as obras.
Além dos citados Paulo Pereira Pinto (1922), Teófilo Ferraz (1922-1925), Godofredo Saturnino da Silva Pinto (1925-1933), Ary Ribeiro Vianna (1946-1962) e Severino Veloso de Carvalho Neto (1964-1968 e 1969-1980), também foram presidentes do ACF: Manoel Perlingeiro Neto (1933-1935), Almir Maciel (1935-1943), Pedro Américo Corrêa (1943-1946), Rosalvo Barros de Lalôr Alves (1962-1963), Geraldo Lima Ferreira (1963-1964), Lelio Barreto Siqueira (1968-1969), Genecy Ribeiro (1980-1981), Fernando de Campos Lima (1981-1986), Amaro Ribeiro Gomes (1986-1989), José Luiz Peixoto (1989-1992), Luiz Francisco Beda Campos (1991-2004) e Valter Carvalho (2004-2022), que morreu em julho deste ano, quando assumiu o cargo o então vice-presidente Carlos Eduardo dos Santos Peixoto (atualmente). Antes de elite, o clube democratizou-se durante a sua trajetória, recebendo também o público externo em determinados eventos com venda de ingressos.
Voltada aos sócios, a maratona simbólica de natação deste sábado terá cerca de 100 nadadores, cada um nadando 25 metros. Um vídeo institucional será gravado na ocasião, para divulgar a trajetória do ACF no esporte. Já na festa de domingo, também para sócios, estão confirmados como atrações o intérprete da Imperatriz Leopoldinense, Preto Joia; o cantor Meio Dia; o grupo Show de Samba-Enredo; os Herdeiros da Coroa e passistas da Imperatriz. As festividades vão acontecer no entorno da piscina, com chopp e churrasco para os participantes.
Fachada da sede do Automóvel Clube Fluminense
Fachada da sede do Automóvel Clube Fluminense / Foto: Rodrigo Silveira
Ginásio Olavo Cardoso
Ginásio Olavo Cardoso / Foto: Rodrigo Silveira
Piscina do Automóvel Clube Fluminense
Piscina do Automóvel Clube Fluminense / Foto: Rodrigo Silveira
Sede do Automóvel Clube Fluminense
Sede do Automóvel Clube Fluminense / Foto: Rodrigo Silveira

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