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O convidado do Folha no Ar desta terça-feira (23) será o Arthur Borges, presidente da Fundação Municipal de Saúde e subsecretário de Regulação em Saúde, onde falaremos sobre a situação atual do Hemocentro de Campos, que nec saíra urgentemente de doadores e também comentará sobre as ações e a efetividade das campanhas para atrair doadores de sangue.
![Imagem criada por IA](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/07/15/487x377/1_oig4__6_-2272919.jpeg)
Para um país que se considera a maior democracia do planeta e o “líder do mundo livre”, os EUA possuem um histórico assustador de violência política. Polarizado em dois partidos — Democratas e Republicanos —, o fazer político-eleitoral americano já provocou quatro presidentes mortos e três feridos em atentados.
O primeiro atentado registrado contra um presidente americano aconteceu em 1835. O democrata Andrew Jackson saiu ileso da fúria de um atirador, que errou o disparo. O republicano Abraham Lincoln não teve a mesma sorte, 30 anos depois. O presidente foi assassinado ao fim da Guerra Civil americana. O atirador, John Wilkes Booth, era um conhecido ator e simpatizante dos Confederados, grupo sulista branco que tentava impedir a abolição da escravatura.
James A. Garfield, em 1881, William McKinley, em 1901, e John F. Kennedy, em 1963, completam a lista macabra.
O atentado contra Donald Trump no último sábado, durante um comício na Pensilvânia, não pode ser considerado apenas mais um ato de violência política de um mundo polarizado. Ele deriva de venenos introjetados na sociedade americana por séculos, que cobram seu preço quando os antídotos falham. A política de liberação de armas e a segregação racial são duas dessas toxidades.
O histórico de segregação racial dos EUA não é algo que pode ser desconsiderado na conta desse envenenamento, que provocou também o assassinato de Martin Luther King Jr., líder do movimento dos direitos civis, em 1968. E o acesso livre às armas, garantido pela Constituição americana, permite que alguém como o autor do atentado contra Trump porte um fuzil AR-15, de alto poder de destruição, livremente.
![John F. Kennedy](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/07/15/262x377/1_captura_de_tela_2024_07_15_213332-2272937.jpg)
A questão aqui diz respeito ao perfil que a política americana assume, e sua influência no mundo. O candidato Trump esgarça o conceito de verdade e lidera um movimento global de extrema-direita que utiliza as redes sociais para disseminar ódio, em um sistema de algoritmos que já o incentiva.
O atentado de sábado foi emblemático: uma quantidade abissal de teorias da conspiração tentavam impor aos democratas a autoria, de um lado do extremo político, e do outro buscavam de todas as formas mostrar que foi tudo armado. Ambas teorias vencidas pelos fatos, pela realidade.
Nietzsche, filósofo alemão nascido no século 19, teve a verdade (ou sua busca) como objeto de seus estudos. Ao observar a origem da verdade e da moral, percebeu que as ciências sociais e a filosofia supunham até então que existia algo “miraculoso” para as “coisas de mais alto valor”, como se grandes eventos ou fenômenos dependessem de uma vontade suprema ou divina para acontecer.
Refutando essa ideia, Nietzsche avaliou que a humanidade se apoiava em muletas metafísicas para justificar suas incoerências, atos violentos ou de moral duvidosa. E entendia que o “mal” também faz parte da realidade, que muitas vezes supera as ficções e as criações metafísicas.
O irônico de uma era de pós-verdade é que as conspirações caem com a realidade imposta, que deriva de verdades. E um candidato que usa mentiras como arma política precisa da verdade para mostrar que não armou um atentado contra si mesmo.
Venenos domésticos não são exclusividade dos EUA, mas a importância que a nação possui no mundo ainda é determinante para o futuro da humanidade, apesar de ser menor que as ilusões de grandeza cultivadas pelos americanos. Alguns centímetros para o lado e a trajetória da bala do AR-15 provocaria a morte de mais um presidente americano. Mas a realidade não quis assim.
Se tivesse acertado? A história não se constrói com “se”.
A palavra “república” deriva do latim, e em uma tradução livre significa “coisa pública”. Portanto, em um sistema republicano, a centralidade está na coletividade, nos bens coletivos, materiais e imateriais. Aos governos, cabe governá-los e pensá-los, assim como é preciso que a sociedade civil organizada participe das decisões.
As cidades são as coletividades onde as pessoas vivem, e convivem. Embora a República exija poderes independentes e harmônicos — e organização federativa —, é nas cidades que a cidadania deve ser exercida na plenitude. Nessa perspectiva, ambientes como ruas, praças, parques, construções públicas, monumentos e elementos históricos se constituem como bens de todos. Mas, que alguns os percebem como bens de ninguém.
Há uma diferença conceitual enorme em ver algo como “de todos” ou de “ninguém”. Quando visto como de todos, o bem deve ser preservado e pensado sobre seu uso a partir de uma visão coletiva. Já alguma coisa que não é de ninguém perde seu valor, e pode ser dado a ela o abandono, inclusive.
E foi o abandono que a Praça da República recebeu por sucessivos governos, em Campos. A praça foi construída após a doação de uma grande área entre o que hoje conhecemos pelas ruas Lacerda Sobrinho, Saldanha Marinho e Siqueira Campos, no centro da cidade. A doação foi feita por uma poderosa ordem franciscana, em meados do século 19, à Câmara de Vereadores.
![Antiga Praça da República, primeiro chamada de Praça do Imperador](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/07/13/254x285/1_alb_0261_219_ct_jpg-2272267.jpg)
Restaram alguns indivíduos arbóreos na praça, assim como algumas estruturas de alvenaria e uma pista de skate. Todos, sem uso adequado. Todos, abandonados. É óbvio que o abandono é responsabilidade da prefeitura atual, que poderia criar as condições para que os campistas usassem a praça para seu fim verdadeiro e centenário. Mas, além de não ser um problema recente, vem da prefeitura a proposta de revitalizar o local e dar vida, comercial e urbana, para ele.
A proposta de uso da Praça da República
A ideia central da prefeitura se apresenta em dois eixos: construir um novo complexo comercial onde hoje é a praça, com feira e peixaria; e retirar a estrutura metálica (construída para ser provisória, que dura mais de 40 anos) de frente do prédio do Mercado Municipal.
Até o presente, a prefeitura propõe a construção desse complexo antes de qualquer
alteração no Mercado. Uma vez pronto, o novo centro de comércio popular abrigaria os feirantes, que hoje exercem suas atividades em um local sem estrutura adequada e sem condições efetivas de limpeza.
![Fachada do novo complexo de feirantes proposto pela prefeitura.](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/07/13/487x377/1_with_223504_2177204-2272251.jpg)
O local escolhido foi a Praça da República. Embora existam outros lugares possíveis, nenhum apresentaria aos feirantes os mesmos ganhos. A praça está a 250 metros do Mercado Municipal, em área central e valorizada, e ao lado da rodoviária, possibilitando que os munícipes que chegam e partem de outras localidades frequentem o complexo — e consumam.
Pelo apresentado, a praça não seria usada em sua totalidade, sendo mantido o máximo possível dos elementos atuais. Em proposta paralela, há previsão de plantio de árvores em locais próximos à praça.
As críticas e o judiciário
Em uma questão que envolve uma praça chamada de “república”, não se pode reclamar do contraditório. É republicano e saudável democraticamente que uma proposta de intervenção em um espaço público traga críticas e debates.
Diversas entidades de Campos tentam impedir a construção da nova feira, provocando o tombamento da praça, via Coppam (Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos), e para impedir qualquer intervenção no local, através do Ministério Público.
![Obras no local onde hoje é instalado o Camelódromo — estrutura esmaga e esconde uma das fachadas do Mercado Municipal. A feira, construída para ser temporária e durando quase meio século, esconde a outra.](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/07/13/487x377/1_mercado_em_reforma_05_151-2272283.jpg)
Segundo representante da prefeitura, o MP concorda com a utilização da praça para a construção da nova feira, como parte das ações de melhoria das condições atuais dos feirantes de frente do Mercado.
As críticas se concentram na supressão de uma área da praça e na retirada de árvores. Segundo o abaixo assinado “Salve a Praça da República!”, trata-se do “último remanescente de grupo arborizado do centro”, que avaliam como “inegociável manter a integridade da praça”.
Salvar a praça significa justamente possibilitar que a praça seja usada pela população. E como está hoje, isso não acontece. Se pensarmos a praça como elemento histórico, ela não teve preservada suas características, e lembra muito pouco o espaço original, antes do corte feito pela rodoviária.
Suprimir qualquer árvore do espaço urbano é deletério, principalmente em tempo que o aquecimento global afeta diretamente a todos. Porém, existem compensações que podem ser feitas. Além disso, a Praça da República está a cerca de 300 metros do Parque Alberto Sampaio, distancia-se aproximadamente em 500 metros do Jardim São Benedito e está a cerca de 900 metros do Bosque Manoel Cartucho. Todos esses locais constituem-se como excelentes espaços arborizados.
![Algumas áreas verdes próximas à Praça da República.](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/07/13/487x377/1_captura_de_tela_2024_07_13_210005-2272299.jpg)
O tombamento da praça justificar-se-ia se ela tivesse mantido suas características, e se constituísse como elemento de identidade do campista, como um local de convívio. Como é, aliás, o Mercado Municipal. E como era a Praça São Salvador, essa descaracterizada por completo. Mas nenhum dos dois aconteceu na Praça da República. Embora importante, o tombamento da praça não a protegeria, a manteria abandonada, insensibilizando ainda mais um poder público insensível à essas causas. O entorno dela já é uma AEIC (Área de Especial Interesse Cultural), o que se justifica plenamente.
E o principal equívoco reside no fato de que uma vez retraída a proposta da prefeitura, as coisas se manterão como estão. A Praça da República continuará abandonada e inacessível à maioria da população, o belo e centenário prédio do Mercado Municipal continuará esmagado, invisível e abandonado e os feirantes continuarão sem um local adequado para suas atividades.
Pode ser diferente? Pode. A prefeitura pode revitalizar a praça, transferir a feirinha da roça para seu interior e retirar as grades que a cercam, pode revitalizar o Alberto Sampaio e intervir na feira atual, deixando a torre do relógio do Mercado mais visível e reformada, e pode melhorar as condições dos feirantes com eles lá mesmo.
Mas, como disse Marco Maciel, ex-vice-presidente do Brasil, “tudo pode acontecer, inclusive nada”. E esse “nada”, manterá um dos patrimônios mais significativos e simbólicos de Campos esmagado, invisível e abandonado. Salva-se o pouco para impedir o muito.
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![](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/07/09/487x377/1_whatsapp_image_2024_07_09_at_15_23_57-2269352.jpeg)
A cientista social também falará sobre o avanço da extrema-direita no mundo, e suas ramificações no Brasil e nos EUA, e o que significa a derrota, depois de 14 anos no poder, do partido conservador na Inglaterra, com a vitória do partido trabalhista.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.
![Solar do Colégio - Arquivo Público Municipal](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/05/04/487x377/1_img_20220701_wa0069_1944718_1963123-2234181.jpg)
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“Bad debate nights happen. Trust me, I know”. Traduzindo: “Noites ruins de debate acontecem. Confie em mim, eu sei”. Foi assim que o ex-presidente Barack Obama iniciou a defesa de Joe Biden na última sexta, em seu perfil no X (antigo Twitter). Obama disse ainda, que o “povo americano” deve escolher “alguém que diz a verdade; que sabe distinguir o certo do errado”.
Embora o ex-presidente esteja evidentemente certo, deve-se votar em quem diz a verdade, a escolha do candidato, em eleições em qualquer lugar do mundo, traz consigo uma boa dose de emoção. E mesmo se não trouxesse, a razão também iria atrapalhar um americano que optasse por manter Biden na Casa Branca por mais quatro anos.
O debate não foi ruim para os Democratas. Foi desastroso. Revelou para quem assistiu um Biden sem condições de ocupar uma das cadeiras mais poderosas — e pesadas — do mundo. Não se trata de idade. A diferença entre Trump e Biden é de apenas três anos. O problema é que os 81 anos do candidato democrata parece ter afetado sobremaneira sua cognição e capacidade física. O constante olhar perdido, a voz muito rouca, o andar arrastado, as frases não terminadas; um político senil, ou que aparenta senilidade.
O debate foi realizado mais cedo que o usual, e a ideia era mesmo testar o Biden e as reações do eleitor. Teste feito, reações as piores, e os democratas têm um pepino de difícil digestão para resolver. Trocar o candidato parece ser o mais prudente, mas se trata do presidente, em exercício pleno de seus poderes.
![](https://www.folha1.com.br/_midias/jpg/2024/06/30/170x300/1_oig1_gqc-2263387.jpeg)
A estratégia do candidato republicano parece ser o bombardeio. Trump mente, e mente repetidamente, com a energia e convencimento de um comunicador nato. Mesmo que sofisticados sistemas de fact-checking (outro termo anglo-saxão para definir algo repaginado que sempre existiu: a checagem de informações) façam os contrapontos, o receptor da mensagem já absorveu a informação inverídica. E quando deparado com a verdade checada, pode ser tarde demais.
O mundo precisa encontrar formas de conter essas falhas. Que tem o potencial, assim como as geológicas, de rachar a terra. Definir se extremismos são causa ou consequência dessas rachaduras nas democracias, é preciso ainda se aprofundar nesse terreno. Mas os megaterremotos, como os que podem atingir o oeste americano a partir da famosa falha de San Andreas, já estão entre nós.
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Luciano também analisará o cenário eleitoral como um todo, e onde e como buscar os 100 mil campistas que votaram em Lula em 2022.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quinta poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.
Sobre o autor
Edmundo Siqueira
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