Articulações a 2024 movimentam partidos
Rodrigo Gonçalves 11/03/2023 08:58 - Atualizado em 06/04/2023 16:50
Cláudio Castro e Wladimir Garotinho
Cláudio Castro e Wladimir Garotinho / Divulgação - Secom Campos
Daqui a mais ou menos um ano e sete meses, os eleitores vão às urnas para escolher os representantes da Prefeitura e da Câmara Municipal de Campos. Mas pelas movimentações dos políticos da planície goitacá, as eleições são “logo ali”. A dança das cadeiras partidárias já começou, mesmo que a janela para a troca de sigla para muitos só se abra em março de 2024.
Sem partido e apontado até por alguns adversários como franco favorito a seguir como prefeito, Wladimir Garotinho é alvo de interesse de lideranças que sonham não só em tê-lo nas suas siglas, mas em abrir espaço a nominatas aos candidatos a vereador que façam parte do grupo político dos Garotinho. A mesma facilidade não tem encontrado outros grupos políticos do município, que também já se articulam por um fortalecimento ao próximo pleito.
— Tenho opções de partido, mas vou esperar a melhor oportunidade para decidir. Teremos na minha base na reeleição de seis a oito partidos, todos com nominatas completas para vereador. Quem monta nominata forte é governo, sempre foi assim — avaliou Wladimr.
As opções partidárias ao prefeito foram reveladas por ele mesmo, como sendo o PP, União, PL e PDT. Apesar de não bater o martelo sobre o seu destino agora, a ida de Wladimir é dada como certa por aliados, como mostrou a coluna Ponto Final, do dia 11 de fevereiro deste ano.
Uma possibilidade que ganhou ainda mais base para se tornar fato, depois da visita do secretário estadual de Saúde, Dr. Luizinho, a Campos para lançar o programa “SOS Coração”, no dia 28 do mês passado. Além de ocupar uma pasta estratégica do governador Cláudio Castro (PL), Luizinho é o presidente do PP no estado. Entre elogios feitos a gestão de Wladimir, o secretário se comprometeu em ajudar ainda mais o governo municipal, anunciando a construção de uma Clínica de Hemodiálise na cidade, integralmente custeada pelo Governo do Estado.
Wladimir não esconde a relação de proximidade com o secretário, com quem foi deputado federal junto pelo Rio de Janeiro, assim também como deixa claro o quanto Dr. Luizinho pode ajudá-lo no governo Castro. Inclusive, nos bastidores se fala, que foi o PP o primeiro partido cogitado pelo governador na possível substituição que faria após o desgaste enfrentado no PL, como reflexo da disputa à presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
— Luizinho sempre diz que a ficha (de filiação) está pronta. É só assinar — comentou Wladimir, afirmando que a sua decisão partidária será tomada “alinhada com o governador”.
Câmara sofre reflexos por nominatas 
As movimentações nos partidos também se refletem no Legislativo campista e podem ser ainda mais evidenciadas nos próximos dias com votações importantes na Câmara, como as contas da ex-prefeita de Campos e mãe do prefeito, Rosinha Garotinho (União), referentes a 2016. Se o voto for direcionado por alguns partidos, o clima deve esquentar ainda mais. O União tem hoje na base os vereadores Juninho Virgílio, Marcione da Farmácia e Nildo Cardoso; contra um na oposição que é Rogério Matoso.
Câmara Municipal de Campos
Câmara Municipal de Campos / Divulgação

Assim como o União que tem hoje toda a parte política da família Garotinho filiada, o PDT também vive, até então, uma divisão na sua bancada. Com a saída temporária de Leon Gomes, presidente da sigla no município, para assumir à Fundação Municipal da Infância e Juventude (FMIJ) no governo Wladimir, quem entrou para a base foi o suplente Paulo Arantes. No entanto, o partido tem, ainda, na Câmara, os vereadores de oposição Marquinho do Transporte e Luciano Rio Lu. A entrada de Leon no governo, com Arantes em seu lugar, é apontada como uma manobra para fortalecer o PDT na formação de nominata a 2024.
Outro partido dividido na Casa, o PSC, deixou de existir, sendo incorporado ao Podemos, que hoje tem como principal liderança em Campos, o deputado estadual Thiago Rangel, que inclusive já se movimenta para colocar seu nome à disputa pela Prefeitura, concentrando apoio daqueles que estão na Câmara e fora do governo Wladimir.
Outra recente mudança aconteceu na presidência do diretório municipal do Agir. O ex-vereador Thiago Virgílio assumiu o partido. A sigla, enquanto era o antigo PTC, esteve com Thiago à frente por quase 10 anos e viveu momentos de destaque ao fazer três cadeiras em uma única eleição, mas que acabou tendo vereadores afastados por conta da Chequinho.
Com a nova formação do diretório, o partido deve perder o vereador Helinho Nahim e ganhar dois novos nomes na bancada, assim que a janela permitir, Dr. Edson Batista (Pros) e Juninho. Wladimir ganhou mais uma sigla na sua base de sustentação, já que o primo dele, Helinho, foi eleito no grupo dos Bacellar. “Eu vou aguardar o comunicado oficial. Posso sair dentro da janela”, disse Helinho.
Recém saído do grupo independente/oposição, o vereador Nildo expôs em entrevista à Folha a dificuldade dos ex-aliados para fazer nominatas para garantir a reeleição de 12 vereadores.
O quantitativo de candidatos indicados por cada partido foi alterado por meio da Lei 14.211/21. “A partir das próximas eleições, teremos algumas mudanças, por exemplo o número de candidatos de cada partido será equivalente ao número de cadeiras em disputa, mais um. Em Campos serão 26 candidatos de cada partido. Deste quantitativo deverá haver pelo menos 30% de cada sexo”, comentou o advogado João Paulo Granja.
Impasse entre PSDB e Cidadania sobre apoio
Com nova direção desde o fim de janeiro deste ano, o diretório do PSDB, em Campos, promete engrossar a lista de partidos que devem seguir com o prefeito Wladimir Garotinho para a reeleição em 2024, segundo o empresário e presidente do Fundecam no governo municipal, Orlando Portugal, que assumiu a presidência da sigla.
No entanto, o partido forma uma federação partidária com o Cidadania, presidido no município pelo ex-prefeito Rafael Diniz. O partido tem ainda o ex-prefeito Sérgio Mendes, que tem se colocado como um nome no cenário eleitoral.
Rafael Diniz, que também é membro da executiva estadual, diz entender que todas as decisões sobre apoio político do PSDB devem ser debatidas entre os membros dos partidos que compõem a federação. “Ainda é cedo para se discutir sobre 2024, mas no caso específico de Campos, a minha posição é contrária a qualquer tipo de alinhamento com o atual governo municipal”, afirmou Rafael.
Portugal se diz disposto a conversar com Diniz e que não vê problema na composição de uma nominata com escolhas individuais à eleição majoritária. “Sou do diálogo. Sou da base do governo e, em caso da reeleição, o PSDB, em Campos, sob a minha presidência, caminhará com Wladimir. O voto é individual, se algum membro do partido desejar votar em outro candidato será por sua livre e espontânea vontade”, disse Orlando, que deseja ver o PSDB de volta à Câmara.
Federação anima PT para volta à Câmara
Se a federação tem sido um problema para alguns partidos em Campos, para o PT ela é bem-vinda, pelo que avalia a presidente do diretório municipal Odisséia Carvalho.
— Nosso objetivo com certeza é o fortalecimento do PT, principalmente em Campos. Nós só tivemos até 2012, que foi a minha candidatura e depois o Marcão, que nunca foi orgânico do partido, e não foi à toa que nem concluiu o mandato e saiu. Precisamos resgatar a Câmara de Vereadores. Isso é prioridade. Fortalecer, ampliar, trazer mais pessoas para poder concorrer. Vai facilitar, porque tem a federação, ou seja, o PT, PCdoB e o PV. Nós tivemos, uma votação excelente do companheiro Zé Maria, que foi o oitavo mais votado der Campos, mas infelizmente não entrou por conta da legenda. Então isso se reverte com a questão da federação — disse Odisséia.
Como mostrou o Ponto Final do último dia 1º, com Lula de novo presidente, a executiva municipal do partido tem se reunido com o objetivo principal de montar uma nominata capaz de eleger um vereador. Reitor do IFF, o professor Jefferson Manhães de Azevedo também vem sendo apontado como um nome na disputa à Prefeitura.
— Sobre a questão da candidatura do Jefferson ou de outro companheiro ou companheira, que esteja querendo se apresentar, isso não vai ser uma definição agora. A gente vai precisar, ainda, ver quais os rumos e dialogar com os demais partidos. Toda decisão é tomada de forma coletiva na Convenção — pontou Odisséia.

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