Às margens do rio Paraíba, caudaloso, tépico e majestoso, Chuvisco — homem imponente, cabelos loiros, perfume de ovos caipira, encontra Goiabada, em noite de lua cheia.

Goiabada é, de seu natural, sorriso doce e olhar valente, pele vistosa e lábios avermelhados. Já atingiu um nível de empoderamento feminino que a fez saltar do universo privado para o público. Enraizada nos cuidados e afazeres domésticos, não abre mão de ganhar o mundo lá fora.
No mais íntimo de Chuvisco, desabrochava um desejo ardente pela beleza de Goiabada e, paralelamente, a presença de uma perturbação psicológica: como seduzir uma mulher tão dona de si?

Ànoite, em sonho, a inspiração. Chuvisco presenteou Goiabada com “A hora da Estrela”. A pedagogia clariciana despertou tesão na leitora. E, eis que, Goiabada apaixonou-se por Macabéa, jovem alagoana, personagem de 19 anos que foi viver sua plenitude na capital carioca.

Na verdade, para ser franco, após a entrega do presente, fiquei esperando nosso primeiro beijo estrelado, seguido de pedido de casamento. De todas as mulheres que já encontrei na vida, a exuberância feminina de Goiabada me conquistou de modo cirúrgico.

Dias depois, Goiabada recebeu um convite para participar da roda de conversa “Mulheres Valentes – um olhar para o amanhã”, no Forte de Copacabana. Desafio aceito. Fugir à luta não era marca de sua personalidade.

Transbordando de alegria, Goiabada subiu ao palco do salão nobre. Na plateia, Chuvisco. Ao final, aplausos vindos de pé de todos os lados.

Alguma pergunta? — disse o moderador. E Chuvisco pediu a palavra.

— Goiabada, você afirmou que a mulher do amanhã é aquela que ocupa territórios sociais, políticos e econômicos com suavidade no olhar e firmeza na voz. Quero me casar com sua ousadia. Prometo lhe ser fiel em Campos ou em Copacabana, Macabéa da minha vida.

Um pedido de casamento, isso mesmo? Desconstruindo os protocolos e as regras de etiqueta, assobios e gargalhadas deram o tom do encerramento dos eventos.

Com olhos fixos no amanhã, Goiabada respondeu a provocação. “Mulheres são foguetes, despontam para frente. Direito a regresso, não! Caso queira garantir assento ao meu lado, lembre se de que trago a bordo, na viagem da vida, o presente que você me deu, a fragrância clariciana. Protagonizo histórias, eternizadas no amanhã”.

Chuvisco casou com Goiabada? Foram morar em Campos dos Goytacazes ou Copacabana? Tiveram filhos? Goiabada virou liderança feminina? Qual? Arrisque quem quiser. No imaginário, no papel, na tela, com “Um olhar sobre o Amanhã” vamos escrever “Goiabada com Chuvisco – parte 2”? Vai virar série!

*Ana Raquel Pourbaix é integrante da Academia Campista de Letras