Diva Abreu Barbosa - A diferença está na qualidade
Diva Abreu Barbosa - Atualizado em 19/11/2022 08:46
Diva Abreu Barbosa, diretora-presidente do Grupo Folha
Diva Abreu Barbosa, diretora-presidente do Grupo Folha / Foto: Rodrigo Silveira
Sozinha em casa, feriado da Proclamação da República (15) em nosso país, me veio uma vontade enorme de escrever, o que não faço há muito tempo, por falta do mesmo ou pelos atropelos da vida; e, também, pela não fala no início do show da Folha da Manhã, no já passado dia 9 de novembro. Não sei falar, nem gosto, mas Adelfran Lacerda me “aprontou uma” e eu tive que dizer algo “chulo” para não dizer que não “falei de flores”, como o nosso eterno Geraldo Vandré.
E agora aqui, no instante da solidão de casa, vi que gostaria de falar tantas coisas. Mas que não vieram porque o meu prazer era escrever, o que não faço mais desde o jornal “A Notícia”, onde eu dividia um espaço, alternando com Sergei, Sérgio Escovedo, para exprimir crônicas diversas a cada semana, a convite do meu amigo e brilhante jornalista Dr. Hervé Salgado Rodrigues. Isso, logo assim que retornei a Campos, após quatro anos estudando no Rio, cursando História na Universidade Santa Úrsula — anos dourados para mim, onde minhas divisas se tornaram ilimitadas e fortes.
Após voltar, a contragosto, a Campos, retornei com gosto ao Liceu e à Faculdade de Filosofia para dar aulas; não às habituais lições, mas às novas; não à decoreba da História, mas à interpretativa. De onde nasceram as duas Suacs, Semanas Universitárias de Arte e Cultura, de dentro da sala de aula, do “cuspe e giz” para os novos conceitos de nossa cultura brasileira. Foi quando conheci Jofrinho Maron e, com ele, me tornei parceira de letras de nossas músicas e dos festivais. Ganhamos vários aqui e em Niterói, tendo recebido de presente um arranjo do maestro Guerra Peixe para a nossa vitoriosa “Estrada de Esperança”, premiada em Campos e na capital.
E para não me alongar, foi nesta época que se inseriu em minha vida Aluysio Barbosa, a quem eu — uma “revolucionária” — achava ser um alienado. Mas, o “coração tem razões que a própria razão desconhece”. E, resumindo muitos capítulos, “fugimos” para o Rio, “sem lenço e sem documento”.
Pulando inúmeros outros capítulos, retornamos dois anos depois — com Aluysinho já nascido, e Christiano no ventre —, a convite de Dr. Hervé Salgado Rodrigues, para “A Notícia”. Foi nesta época que criamos a agência de publicidade Moenda, com Cláudio César Soares. Esse era um tempo fumegante de usinas em Campos. Com que a Cooperflu, criada e presidida pelo amigo Dr. Evaldo Inojosa de Andrade, comandava as safras e o mercado nacional e internacional desse “ouro branco”, tendo ao seu lado o economista Celson Mendes e o usineiro Geraldo Coutinho, entre tantos outros. A eles, o meu louvor!
E saltando mais anos, a descoberta do “ouro negro” em nossas águas. Aluysio ainda continuava, mesmo em Campos, correspondente do “Jornal do Brasil”. E, junto a Esdras Pereira, o maior fotógrafo da imprensa campista, deu a primeira notícia nacional da presença de petróleo em nossas águas, na capa impressa do “JB”, um “furo” nacional e internacional.
Neste redemoinho, veio a “Folha da Manhã”, a princípio com Andral Tavares e Pereira Júnior, proprietários de um pool de emissoras de rádio; o publicitário Cláudio César Soares; o designer gráfico Luiz Carlos França; e Teresa Cristina Barreto Pereira Soares, a minha sempre querida irmã Cristina.
Num tempo onde grandes eram os demais jornais — “A Cidade”, de Vivaldo Belido; “Monitor Campista”, dos Diários Associados, gerenciado por Oswaldo Lima; “A Notícia”, do brilhante Hervé Salgado Rodrigues; e outros mais.
Com a Folha, mudou tudo. A impressão em offset, primeira em um jornal do interior do estado do Rio. A própria maneira de apurar a notícia, com o repórter indo buscá-la nas ruas, não mais esperando cair em seu colo na redação. A Folha conquistou em dois meses a liderança do jornalismo regional, fato inédito na história da imprensa nacional.
Enfim, hoje, aos quase 45 anos, o mundo é outro, com a avassaladora linguagem digital, com novos conceitos na vida das pessoas. E a Folha se orgulha de permanecer em pé, líder do mercado regional e com referência importante em nível estadual. Alguns outros jornais vieram após, mas a maioria não se manteve. Na verdade, porque o nosso slogan ainda continua de pé: “A diferença está na qualidade”. O mundo de hoje é outro: rápido e exigente; crítico e mordaz.
Há muito tempo, o astronauta pisou na lua. O sonho de hoje é outro. As pessoas andam com pressa. O mundo é cósmico! Mas ainda há verdades inabaláveis. O humano ainda se preserva. O caráter ainda vale muito na bolsa de valores humanos. As vacinas ainda salvam muitas vidas! Só não inventaram a imunidade contra determinados atos indignos. Ferem a pele, mas não matam o vírus.
Enfim, enquanto houver VIDA, há sonhos; enquanto houver sonhos, haverá ESPERANÇA! Mesmo que haja quem semeie mercadorias de camelô pelas feiras. Faz parte do show da VIDA!
Obrigado a todos que nos acompanharam nesta caminhada difícil, mas valente e magnífica. E vamos em frente! Porque somos como Anne Frank, que, “apesar de tudo”, acredita na bondade humana.
*Professora de História do Brasil, empresária e diretora-presidente do Grupo Folha

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