Crítica de cinema - O bem (quase) sempre vence o mal
- Atualizado em 10/09/2018 18:23
Divulgação
(A freira) — Só mais alguns filmes e Valak vai se equiparar a Freddy Krueger e a Jason Voorhees, duas figuras horripilantes do cinema de terror. Valak é um demônio superior que não precisa usar o corpo de ninguém para se manifestar. Tanto ele pode se encarnar em alguém quanto pode se disfarçar do que quiser ou aparecer na sua feição original. Ele já foi personagem central em “Invocação do mal”, ambientado em 1971, e “Invocação do mal 2”, vivido em 1978. Com o sucesso, ele volta agora em “A freira”.
Quando uma entidade sobrenatural ou um monstro faz sucesso, pode-se mostrá-lo em novas aventuras futuras ou buscar suas origens. “A freira”, dirigido por Corin Hardy, tem por cenário central um convento de freiras na Romênia. Mas a alma do filme é James Wan, que colabora com o roteiro de Gary Dauberman e é o principal produtor.
Nascido na Malásia e morando nos Estados Unidos, Wan se tornou um dos mestres dos filmes de pavor sem que sejam necessariamente de terror. Ele começou sua carreira com “Saw”, de 2004, que fundou uma série de filmes de baixo orçamento. Aliás, o grande talento de Wan é produzir com pouco dinheiro. Prova de que talento conta muito. Ele criou também os bonecos Billy (“Gritos mortais”) e Anabelle.
“A freira” tem todos os ingredientes de um clássico filme de terror. O convento de freiras localiza-se na Romênia. Lembremos que o castelo de Drácula situa-se na Transilvânia, hoje em território romeno. Lembremos que o irracional, o sobrenatural e a peste partem da Europa oriental para atacar a Europa ocidental, pátria do racional, do natural e da saúde. Valak ataca um lugar sagrado e o profana. Do Vaticano, partem Burke, padre exorcista, e a noviça Irene (Taissa Farmiga). Perto do convento, existe uma aldeia que o evita por considerá-lo maldito. Por isso, seus habitantes cercaram o reduto das freiras com cruzes para evitar que as entidades malignas saiam dele. Basicamente, estamos diante do quadro pintado por Bram Stoker no romance “Drácula”, que ganhou o cinema inúmeras vezes, invadindo até mesmo a animação.
Se Vera Farmiga, que aparece em “Invocação do mal”, é uma atriz capaz de desempenhar bem qualquer papel, sua irmã Taissa segue no mesmo caminho. Embora Demián Bichir, como padre exorcista, desempenhe seu papel com sobriedade, Taissa rouba a cena. Jonas Bloquet, no papel de Franchie, representa profano do bem. Ele é o bom moço, bonito e conquistador de garotas vivendo na vila vizinha do convento. Enquanto o padre e a noviça recorrem a orações e ao sangue de Cristo para expulsar Valak, Franchie se vale de porretes e de armas de fogo. Mas, no fim, ele contrai a maldição do demônio e aparecerá em “Invocação do mal”.
Embora “A freira” salve o cinema de terror, ameaçado ora pela falta de criatividade ora pelo chamado pós-terror, o filme abusa de cenas assustadoras e dos ruídos repentinos para amedrontar o espectador. Até uma pitada de humor o filme contém, arrancando risos de quem o assiste. Creio que faltou aos roteiristas um texto mais enxuto.
Assim, como “A freira” busca as origens de Valak, demônios e anjos são eternos. Daí podermos esperar a reaparição dele em passado mais remoto ou em algum tempo futuro.

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