Lição de amor no dia dos pais
Virna Alencar 11/08/2018 20:14 - Atualizado em 13/08/2018 13:19
Transformar vidas marcadas pelo abandono em exemplo de solidariedade e compaixão. Essa é a prioridade do servidor público Uanderson Barreto de Souza, 38 anos, pai de cinco meninos com idades entre 12 a 20 anos. Neste Dia dos Pais, data comemorada no Brasil no segundo domingo de agosto, ele falou sobre essa experiência e o desejo de chegar à adoção do 10º filho.
Uanderson Barreto é pai de cinco meninos
Uanderson Barreto é pai de cinco meninos / Divulgação
Ele contou que há 5 anos adotou Daniel, de 17 anos, João, 15, Alexandre, 20, filhos dos mesmos pais. A família aumentou com a chegada de Pedro, de 12 e Leonardo, 16, com outra filiação.
— Sempre quis ser pai de filhos adotivos. Tive como espelho a minha avó, Tereza, que criou dez filhos. Descobri que o brasileiro é um povo miscigenado que tem preconceito. A maioria não opta por adotar crianças grandes, deficientes e grupos de irmãos estando na lista de prioridade meninas, de 0 a 3 anos, brancas. Mas eu quero a criança que ninguém quer. Já estou na luta por outros — disse.
Ao tomar essa iniciativa, o servidor disse que se tornou uma pessoa mais forte defendendo os filhos do preconceito da sociedade. “Eles já foram taxados como inferiores por virem de uma origem que não tem pai nem mãe. Mas me posiciono e até de escola já troquei. Por eles sou capaz de tudo”, contou.
Nesta data comemorativa e a partir de suas experiências, ele sugeriu aos pais se importarem mais com a estrutura emocional de seus filhos, missão muitas vezes deixada a cargo das mães. “Pais, sejam presentes além da responsabilidade financeira. O caráter da criança é formado com parcela da presença do pai. A nossa vida é uma cadeia de amor”, acrescentou.
Uanderson Barreto é pai de cinco meninos
Uanderson Barreto é pai de cinco meninos / Divulgação
Diante de tanto amor disseminado, há cerca de um mês Uanderson decidiu formar o Instituto Adotando Vidas, que inclui atividades como adoção de animais de rua, doação de cabelo humano para confecção de peruca para quem sofre de câncer, visitação e jantar solidário a moradores de rua. “Meus filhos foram feridos pela vida. É inevitável a saudade da mãe, lembrar de aniversário e datas comemorativas. Pego isso tudo e transformo em amor. Assim, estou exercitando a solidariedade e compaixão deles”, concluiu.
O instituto, sem fins lucrativos, recebe doações como de alimentos não perecíveis, fraldas, colchões e as redes sociais tem servido como ferramenta de divulgação a ponto de um amigo, Mohamed Bin Khalfan, de Emirados Árabes, contribuir com o trabalho.
Para ajudar interessados podem fazer contato através do telefone: (22) 99907-2234, ou pelo Facebook Adotando Vidas.
Proposta de alteração em lei de adoção
Para alcançar o objetivo de adotar mais crianças, Uanderson informou que está buscando alterar a Lei nº 8.490/ 2015, que criou o programa municipal “Lar Para Mim”, que visa, principalmente, à adoção de crianças acima dos cinco anos, deficientes e a não separação de irmãos. Para cada criança adotada por parte de servidores públicos efetivos e inativos, o mesmo recebe uma ajuda de custo de dois a cinco salários mínimos.
— Adotei três filhos do mesmo pai e da mesma mãe, mas ao adotar outras duas crianças não me enquadrei nas exigências para receber o auxílio adoção. Se outro funcionário for adotar vai receber o auxílio e por que eu também não posso? Condenam as crianças a ficarem no abrigo e ao completarem 18 anos eles têm para onde ir — disse.
Uanderson Barreto é pai de cinco meninos
Uanderson Barreto é pai de cinco meninos / Divulgação
Em nota a Prefeitura de Campos disse que “na próxima semana, órgãos envolvidos no programa “Um Lar para Mim” vão verificar a real demanda do servidor para avaliar a situação e, se houver necessidade, a viabilidade ou não de alterações na lei”.

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