BR 101 é fechada em protesto contra falta de luz na comunidade da Linha
Dora Paula Paes 26/12/2023 15:56 - Atualizado em 26/12/2023 20:12
Manifestação da comunidade da Linha, em Campos
Manifestação da comunidade da Linha, em Campos / Rodrigo Silveira
A falta de luz apagou o brilho do Natal em várias áreas de Campos e outros municípios, como São Fidélis e São Francisco de Itabapoana, sempre acompanhada de prejuízos. Moradores da localidade de Itereré, em Campos, fecharam a RJ 158, estrada que liga o município a São Fidélis, em protesto na manhã desta terça-feira (26). Na parte da tarde de terça, foi a vez dos moradores da comunidade da Linha usarem o fechamento da BR 101 como forma de chamar atenção para falta de energia.
A BR 101 foi fechada próximo ao Shopping Boulevard. Os moradores estão sem luz desde as 15h de segunda-feira (25). O carro da Enel chegou ao local, mas, ainda sem retorno da luz. Os manifestantes queimaram pneus e galhos na rodovia. A Polícia Rodoviária Federal também foi acionada. A Enel Distribuição Rio esclareceu, através da assessoria, por volta das 19h, que enviará uma equipe para verificar o fornecimento de energia na localidade. "A companhia ressalta, no entanto, que não há registro de ocorrência de falta de energia na região", diz nota.

 
Segundo moradores de Itereré, a localidade ficou sem luz por três dias. Revoltados, eles colocaram fogo em pneus e em pedaços de madeira, interditando a rodovia, que foi liberada por volta das 10h. Uma equipe da Enel que passava pelo local foi parada pela Polícia Militar, que acompanhava a manifestação, e religou a energia.
De acordo os moradores, o problema da falta de luz em Itereré vem acontecendo há cerca de dois meses. A situação é causada, segundo eles, porque galhos de árvores tocam no transformador, que desarma e deixa a localidade sem energia. Para a moradora Maria Auxiliadora Cornélio, de 65 anos, o problema foi resolvido de forma paliativa, uma vez que os galhos permanecem encostando no transformador. No caso de Itereré, a Folha entrou em contato com a Enel, que, por meio de nota, informou que "técnicos da companhia trabalham para normalizar o fornecimento após ocorrência registrada na noite de ontem", informou.
No sábado (23), o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos, Edvar Chagas Junior, usou suas redes sociais para reclamar. "Grande movimento do comércio, mas a área central amargou a falta de uma fase de energia elétrica. Vários magazines de confecção e eletrodomésticos não puderam funcionar no sábado. As lojas que conseguiram abrir passaram por total precariedade na refrigeração, no serviço de informatização, emissão de notas fiscais. Prejuízo total nos restaurantes e bares. Sem dúvida, o comércio que começava a apresentar um gráfico de crescimento e empregabilidade temporária amargou um dia de grandes prejuízos", disse ele.
Não foram só as áreas de Campos que foram afetadas pela falta de energia elétrica. Em São Fidélis, a população sofreu sem luz desde a noite de sexta-feira (22), no caso de zonas rurais. Algumas comunidades chegaram a ficar 24 horas sem luz. Na segunda-feira (25), a área central e o distrito de Pureza ficaram sem luz durante fortes chuvas, com duas quedas de energia. A primeira queda a Enel atribuiu a um desarme na linha de distribuição e a segunda pela forte chuva acompanhada de ventos. A falta de luz também afetou o abastecimento de água.
Em São Francisco de Itabapoana, um produtor rural jogou 115 litros de leite fora, após estragar por falta de energia elétrica. O leite estava armazenado em um resfriador de uma propriedade no Morro da Ameixa, que ficou mais de 40 horas desligado. Segundo o produtor, isso tem sido corriqueiro na localidade, causando diversos prejuízos. 
 
Serviço da Enel discutido na Câmara de Campos 
 
No último dia 19, foi realizada na Câmara Municipal de Campos uma audiência pública para discutir a qualidade dos serviços prestados em Campos pela Enel. O Requerimento foi do vereador Juninho Virgílio (União). “A gente recebe muitas demandas em relação ao serviço prestado pela concessionária. Então, eu acho que essa audiência é importante para a gente estar podendo debater, fazer os nossos questionamentos e vocês, enquanto representantes da empresa, estarem aqui para poderem se posicionar e dar explicações”, declarou o vereador, ao iniciar a audiência.

A representante da Enel, Andrea Andrade, apresentou os serviços da concessionária. Em todo o estado do Rio de Janeiro, a empresa atende a 66 municípios, totalizando aproximadamente 2,7 milhões de clientes. O serviço abrange cerca de 73% do território fluminense. Os representantes da Enel ainda ressaltaram que o período de verão é crítico. Por isso, a concessionária trabalha com acréscimo de equipes, estudo do histórico e criação de fluxo de atendimento emergencial.

O secretário do Procon-Campos, Carlos Fernando Monteiro, disse que apesar dos investimentos realizados pela empresa, ainda há muito a ser feito. “Se fizer uma pesquisa de satisfação na nossa cidade junto à concessionária Enel, obviamente que essa pesquisa não será favorável”, revelou. Segundo o secretário, a Enel é uma das empresas com mais reclamações no Procon e a taxa de acordos realizados com a concessionária de energia elétrica é muito baixa, levando a maior parte das demandas ao Judiciário.

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