Aprenda a Saber se uma Notícia é Fake
23/06/2020 10:37 - Atualizado em 23/06/2020 17:05
BNB ARTIGO
Como identificar notícias falsas e onde buscar informações de qualidade
Por Érika Gimenes
 
 
Enquanto a maior parte da população mundial já usa com naturalidade o termo pandemia e
entende o perigo representado por ele, muita gente, principalmente no Brasil, ainda ignora
o significado de desinfodemia.
A palavra é nova, o que justifica o desconhecimento, mas o sentimento prático do que ela
representa já é vivenciado por todos nós há algum tempo.
Desinfodemia, ou a epidemia da desinformação, é o termo criado pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para traduzir a
"desinformação básica sobre a doença de Covid-19".
Foi preciso chegar à uma palavra que expressasse, especificamente, essa questão porque os
danos provocados à saúde pelas notícias falsas (as famosas fake news) já são maiores que os
causados pela ignorância ou falta de acesso à informações sobre medidas de higiene e prevenção.
 
O termo pode ser recém-criado e a penetração do problema pode ter crescido porque é
mais fácil enganar as pessoas sobre um conhecimento que ainda está sendo construído, a
respeito de uma doença inédita, mas o problema é antigo.
 
O alerta vermelho foi dado por aqui em 2014, no Guarujá, em São Paulo, quando uma dona
de casa morreu, após um linchamento, por causa de uma notícia falsa sobre uma
sequestradora de crianças.
 
E aí, chegamos ao ponto central da questão. As fake news matam! Por isso, é uma
obrigação cívica, de cada um, checar a veracidade de tudo que divulgamos e não repassar
informações mentirosas.
 
Como identificar fake news?
Existem alguns métodos bem simples:
- para começar, leia a notícia completa e não só o título e avalie se o que você está lendo é
uma reportagem, um relatório de uma pesquisa ou um artigo de opinião, que expressa
apenas o que um autor pensa sobre o tema. Se for divulgar, deixe claro o que é para não
confundir e enganar seus seguidores;
- veja a data em que a notícia que você quer repassar foi divulgada, não republique notícias
antigas como se fossem novas;
- se vir números alarmantes ou histórias muito espetaculosas, desconfie;
 - sempre cheque a fonte e a autoria da notícia, basta digitar o título nos buscadores, como o
Google, para ver se o assunto já foi desmentido por sites de checagem ou se outros veículos
de imprensa divulgaram;
- pergunte a quem encaminhou a notícia de onde veio e se a pessoa que transmitiu para ela
conseguiu verificar a informação;
- não tente, simplesmente, comprovar o que você pensa divulgando qualquer coisa sem
checar. Existem várias formas reais de atestar opiniões, sem apelar para notícias falsas;
- desconfie de tudo que vem de sites dos quais você nunca ouviu falar, que não tem ligação
com nenhuma fonte oficial ou grupo conhecido de mídia, pesquise, inclusive sobre o próprio
site;
- aprenda a diferenciar notícias falsas de linha editorial. Um veículo de comunicação
reconhecido pode ser parcial nas divulgações, ouvir fontes tendenciosas, mas não vai
inventar notícias do zero, sem nenhuma base de comprovação, como fazem os
propagadores da desinfodemia. Se você não gosta da linha editorial de um veículo, pesquise
a mesma notícia nos demais, busque, inclusive, em sites internacionais e use o Google
Tradutor se for preciso;
Uma pesquisa divulgada pela Unesco, feita em parceria com o International Center for
Journalists (ICFJ),identificou quatro formatos típicos de desinformação, aproveito para dar
exemplos que ajudam a ilustrar:
1 – Narrativas emotivas e memes: esse tipo é mais comum em aplicativos de mensagens e
geralmente apela para o que seria o depoimento, a opinião ou a história de uma fonte,
aparentemente, confiável, um médico que trabalha num grande hospital, alguém que teve
um parente morto por Covid, um policial... Muitas vezes, a narrativa inclui verdades parciais,
que são misturadas a opiniões pessoais, apelos emocionais e mentiras para atrair o leitor.
2 – Fabricação de dados ou uso de sites falsos, como se fossem oficiais: é a manipulação de
pesquisas, de dados e até a criação de sites que se parecem com o de autoridades
governamentais para passar uma ideia falsa de confiabilidade. Nesses casos, é comum a
distorção do que foi dito e a divulgação parcial de números e resultados;
3 – Imagens ou vídeos fraudados, fabricados ou tirados do contexto: muitas vezes usam
notícias antigas como se fossem de agora, casos que aconteceram em outros países para
fingir que aconteceram aqui ou até a edição de fotos, cortando cabeças e colocando em
outros corpos ou inserindo inscrições em camisas.
4 – ‘Desinformadores’ profissionais ou campanhas orquestradas para espalhar medo ou
desinformação: uso de robôs, perfis e sites de notícias falsos ou de influenciadores pagos
para espalhar informações mentirosas, massivamente, nas redes, ganhando atenção e
fingindo confiabilidade pelo número de pessoas replicando a notícia.
Diante disso, chegamos a outra dúvida comum para quem não é da área da Comunicação.
 
 Onde obter informação de qualidade?
- Um selo concedido pelo Instituto Poynter, uma escola de jornalismo e organização de
pesquisa sem fins lucrativos, ajuda a atestar o trabalho de muitos sites. A certificação IFCN,
garante que o veículo segue todos os padrões e normas de divulgação de notícias
estabelecidas pela rede.
- Procure informações em sites oficiais, do governo federal, estadual ou municipal, dados
das secretarias de saúde ou de outros orgãos reconhecidos nacional e internacional como
Receita Federal, Tribunal de Justiça, ONU, OMS, universidades de renome, entre
outros...
Todos esses têm seções de notícias onde divulgam as informações oficiais e de
interesse do público.
- Consulte sites de checagem de notícias que ajudam a desmascarar as fake news e até
fazem pesquisas a pedido dos leitores, como: Agência Lupa; Fato ou Fake; Truco; Aos Fatos;
Estadão Verifica; Uol Confere; E-Farsas; Me engana que eu posto; Comprova; Boatos.org ou
Fake Check.
- Várias instituições também criaram canais que checam notícias. O Ministério da Saúde tem
a seção Fake News, o Conselho Nacional de Justiça tem o Painel de Checagem, a Câmara dos
Deputados tem o Comprove...
- Use os robôs do bem. Sites como o L.o.i.s L.a.n.e e o Bot Sentinel usam a tecnologia para
identificar padrões e revelar contas são falsas (de pessoas que fingem ser quem não são),
administradas por robôs ou que transmitem, constantemente, notícias mentirosas.
 
 
Não seja massa de manobra, nem faça parte de uma minoria obscurantista que prefere
acreditar em teorias sinistras da conspiração do que em fatos expostos de maneira clara. É
possível defender seus pontos de vista e fazer valer suas opiniões sem fazer parte dessa
engrenagem de calúnia, difamação e propagação de mentiras que, além de desinformar,
mata.
 
 
*Érika Gimenes é jornalista, com passagens pela Globo, SBT e Band. Foi repórter, editora de
texto e editora-chefe de telejornais, coordenadora de Atendimento à Imprensa no
Governo do Estado de Minas Gerais, e, hoje, é Head de Conteúdo da Calebe, agência de
estratégias digitais.
E mais: Érika tem DNA de Morro do Côco, Campos dos Goytacazes-RJ, terra de seus pais.
NOTA DO BNB
Desenho Ilustrativo ( MINISTÉRIO DA SAÚDE)

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    Nino Bellieny

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