"Responsa" de usar a camisinha
Virna Alencar 15/02/2020 14:00 - Atualizado em 18/02/2020 14:51
Campanhas diversificam e focam, não só no HYV/Aids, mas em todas as doenças transmitidas sexualmente
Campanhas diversificam e focam, não só no HYV/Aids, mas em todas as doenças transmitidas sexualmente / Rodrigo Silveira
O Carnaval está chegando e, para informar principalmente os foliões, especialmente os de 15 a 29 anos, sobre os riscos e consequências de se contrair uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), o Ministério da Saúde lançou a campanha nacional de prevenção com o slogan “Usar camisinha é uma responsa de todos”. Diferente de outros anos, em que o foco foi o HIV/Aids, este ano a campanha é voltada para a prevenção de todas as infecções transmitidas por contato sexual. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os dias ocorrem um milhão de novas infecções sexualmente transmissíveis.
Este ano, o Ministério da Saúde vai distribuir 570 milhões de preservativos e géis lubrificantes para todo o Brasil. A quantidade representa um aumento de 12% em relação ao ano passado, quando foram enviados 509,9 milhões aos estados. Para o Carnaval, todo o país estará abastecido com 128,5 milhões de preservativos para garantir a proteção dos foliões contra as ISTs.
No Norte Fluminense, nas praias da região, Campos, São João da Barra (SJB) e São Francisco de Itabapoana (SFI) desenvolveram ações durante o verão, intensificando ainda mais o alerta para o Carnaval. Em Campos, a porta de entrada para o diagnóstico e tratamento das ISTs é o Programa DST/Aids e Hepatites Virais. A cada ano, são registrados 250 novos casos positivos de HIV.
Assistente social do programa, Leonardo Marques Peçanha informou que cerca de 200 pessoas de Campos e região passam pelo local em busca do atendimento gratuito e feito por uma equipe interdisciplinar. “Desde a criação do programa, em 1996, foram cadastrados cerca de 3.500 infectados pelo vírus HIV. A retirada de medicamento e exames são realizados na própria unidade. Ações e campanhas educativas são realizadas durante o ano, não só na unidade como em atividades extramuro, para a prevenção das DSTs em geral”.
Leonardo ressaltou que os procedimentos de testagem rápida de rotina para HIV, sífilis, Hepatites Virais B/C foram descentralizados para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Referência de Campos, locais que acolhem e tratam os usuários com as DSTs. O Programa funciona na Rua Conselheiro Otaviano, 241, Centro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, e o telefone para contato é (22) 98116-4547.
A presidente da Associação Irmãos da Solidariedade, instituição dedicada ao acolhimento, prevenção e tratamento de portadores do HIV, Fátima Castro, acha importantes as campanhas lançadas para o Carnaval, mas alerta que deveriam ocorrer o ano inteiro.
— É crescente número de portadores do vírus e, diferente da informação, a educação é um processo contínuo. Mas as campanhas são super válidas, no Carnaval mais ainda, já que nesse período as pessoas estão mais soltas e vulneráveis a contrair doenças sexualmente transmissíveis — disse Fátima.
A Associação Irmãos da Solidariedade, que completou 31 anos em 2019, é referência na região por ser a única casa de apoio do Estado do Rio de Janeiro com pacientes residentes, atendimento ambulatorial com médicos e enfermeiros durante todo o dia, entre outros serviços assistenciais e médicos. Mais de 100 pessoas são assistidas, contanto com os 40 residentes.
Camisinha ainda é a barreira mais simples e eficaz contra ITIs e a gravidez indesejada
Camisinha ainda é a barreira mais simples e eficaz contra ITIs e a gravidez indesejada / Rodrigo Silveira
Campanhas em todas as praias da região
Em Campos, para chamar a atenção da população sobre Infecção Sexualmente Transmissível (IST), serão distribuídos materiais informativos e aproximadamente 48 mil preservativos nas Unidades Básicas de Saúde do município, especialmente na praia de Farol de São Thomé, segundo informações do Programa DST/Aids e Hepatites Virais.
Em São João da Barra, a Prefeitura informou que “a secretaria de Saúde realiza, desde o início do verão, um trabalho de prevenção e orientação e também de distribuição de material informativo e de preservativos no litoral. O trabalho também é realizado no posto médico montado no Balneário de Atafona, cuja estrutura será repetida na sede do município, durante o Carnaval, quando as atividades ficarão a cargo das equipes da coordenação da Atenção Básica.
“Ao longo do ano, o Programa DST/Aids realiza palestras, testes rápidos para diagnóstico do vírus HIV e distribuição de preservativos e de material explicativo. Os testes são realizados nos polos da Estratégia da Saúde das Famílias (ESFs) da sede do município, Atafona, Barcelos, Carrapicho, Açu e no Programa Municipal IST/HIV. O resultado é fornecido em, no máximo, 30 minutos, a partir da coleta do sangue”, informou a Prefeitura de SJB por nota.
A Prefeitura de SFI também informou que “a secretaria Municipal de Saúde vem realizando, durante o verão, um trabalho, que se estenderá até o Carnaval, de conscientização e prevenção a respeito das DSTs com a equipe de Saúde, além das ações nas praias de Santa Clara, Gargaú, Guaxindiba, Manguinhos e Barra. Todos os postos de saúde e o Hospital Municipal Manoel Carola contam com a distribuição de preservativos”.
Médico frisa a necessidade de proteção
O uso do preservativo vem caindo com o passar do tempo, principalmente entre o público jovem, conforme estudos da Organização Mundial de Saúde. O médico infectologista Nélio Artiles informou que a camisinha é a forma mais simples e eficaz de se proteger não só do HIV/Aids, mas também da sífilis, gonorreia, hepatites virais e até do zika vírus, além de evitar uma gravidez não planejada.
Nélio informou que abrir mão do uso do preservativo nas relações expõe a pessoa e os parceiros com quem ela se relaciona a Infecções Sexualmente Transmissível (ISTs), incluindo o HIV — que não tem cura.
— O uso do preservativo é a única barreira que consegue proteger contra uma IST, desde que colocada de forma adequada. Infelizmente, os números dessas doenças vêm aumentando cada vez mais, com destaque para a sífilis. Muito se fala sobre o HIV, que não tem cura, mas as demais ISTs, como sífilis, gonorreia e clamídia, por exemplo, podem causar malformações de feto e, inclusive levar ao óbito, entre outras complicações — alertou o especialista.
Como durante o Carnaval é comum a aglomeração de pessoas, o médico alerta para outros riscos, como o coronavírus, que já se espalhou por mais de 25 países desde seu epicentro na cidade de Wuhan, na China. Outro alerta para esta época é a mononucleose, popularmente conhecida como “doença do beijo”, causada pelo vírus Epstein-Barr ou por citomegalovírus, que provoca febre, dor e mal-estar.
— Como toda doença de transmissão respiratória, há medidas de precaução que devem ser adotadas, entre elas, lavar as mãos com frequência, utilizar álcool em gel e evitar locais de grande aglomeração pouco ventilados — conclui o médico.

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