Leilão da Usina Santa Cruz é suspenso
Paulo Renato Pinto Porto 24/01/2020 11:09 - Atualizado em 07/02/2020 15:17
Leilão estava marcado para o dia 4 de fevereiro
Leilão estava marcado para o dia 4 de fevereiro
Depois de uma manifestação dos ex-trabalhadores e moradores nas ruas da localidades, o leilão do Loteamento Bairro Santa Cruz, incluído nos bens da antiga usina em Campos, em Santa Cruz, na Rodovia RJ-158 (Campos-São Fidélis), acabou suspenso, segundo decisão tomada pelo juiz da 8ª Vara Cível de São José do Rio Preto, em São Paulo, Paulo Roberto Zaidan Maluf, por desistência da Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (CBAA), antiga proprietária do imóvel e da usina. O leilão, que incluía mais de 200 casas no entorno da localidade havia sido confirmada para o dia 4 de fevereiro, num hotel da cidade do interior paulista e envolve ainda um polêmico processo de recuperação judicial da CBAA, que vendeu os bens para o Grupo Canabrava. O arremate em relação aos demais imóveis, porém, está mantido. 
Em sua decisão, o magistrado escreveu de punho que “considerando as razões, homologo a desistência da recuperanda do Loteamento Bairro Santa Cruz e mantenho a alienação dos demais imóveis. Comunique-se à leiloeira e demais interessados”.
De acordo com o pedido dos advogados, “no tocante ao Loteamento Bairro Santa Cruz, que compõe a UPI (unidade de produção isolada) e é composto por diversas residências e pontos comerciais, notadamente por ex-funcionários das próprias recuperandas (empresas que controlavam a usina), essas requereram a autorização deste juízo para a alienação segregada do lote”.
Segundo ainda a petição, “o intuito desse pedido é garantir maior eficácia ao leilão, haja visto que um pequeno comerciante ou morador da região conseguiria arrematar todo lote, que alcança R$ 6.961.371,00”.
Os advogados acrescentam ainda que “a alienação do loteamento como um todo torna-se inviável, uma vez que há centenas de famílias, a maioria composta de ex-trabalhadores da usina que residem nos lotes há anos. Inclusive os moradores realizaram uma manifestação popular contraria a realização do leilão com fundamento na possibilidade de caso realizado o leilão, poderia resultar na saída compulsória desses moradores.
Os profissionais que trabalham na defesa da CBAA acrescentaram ainda no pedido que “esses moradores seriam obrigados a saírem de suas residências, abandonando seus comércios, o que causaria danos irreparáveis a essas famílias”.
Por fim, os impactos sociais da alienação do imóvel foram ainda destacados. “Centenas de famílias habitam o loteamento. Portanto, sua alienação de forma unitária poderia resultar numa desestabilização social, o que afetaria não somente aqueles que residem no loteamento, mas a região como um todo”.
O arrendatário da Canabrava, Rodrigo Luppi, disse tem buscado quitar os débitos com os trabalhadores. “Quando assumi, o total de ações trabalhistas era próximo de 3.500, mas em dois anos liquidamos aproximadamente 1.200 delas, restando 2.300. Estamos programando liquidarmos esse restante nos próximos três anos”, explicou.

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