Hoje nasceu uma facção! "Irmandade", sobre cadeia, com Seu Jorge, na Netflix
25/10/2019 23:30 - Atualizado em 25/10/2019 23:44
Por Thaís Tostes
Estreou hoje (25) na Netflix, com o primeiro episódio aberto a qualquer internauta, a série "Irmandade", sobre sistema carcerário e criminal. Produzida em dois anos, e a pedido da própria Netflix, a série tem nada mais nada menos do que Racionais MCs como trilha sonora e o músico Seu Jorge interpretando o presidiário Edson, preso nos anos 1970 por posse de maconha. Pedro Morelli, criador da série, optou por narrá-la não sob o ponto de vista da Polícia ou de internos, e sim de uma mulher negra, irmã de detento (irmã de Edson), e advogada e integrante do Ministério Público. A personagem Cristina é feita pela atriz Naruna Costa. Assista gratuitamente, clicando aqui nesse link, ao primeiro episódio, intitulado "O certo é o certo".
Grande parte da série foi rodada em um setor desativado da Penitenciária Estadual de Piraquara, na Grande Curitiba, e ao lado desse setor há um pavilhão em funcionamento. Durante as gravações, os internos apoiavam a série, gritando inclusive para Seu Jorge: "Representa nóis aí!". Seu Jorge também relatou, em entrevista, que, para dar forma ao personagem que lidera a facção Irmandade, pegou várias dicas de gírias com o rapper Mano Brown, fundador dos Racionais.
O criador da série disse que, para criar Irmandade, fez uma profunda pesquisa com ex-detentos, policiais, promotores e advogados, e que embora muitos acreditem que Irmandade seja uma facção inspirada no PCC (Primeiro Comando da Capital), ele [o diretor] misturou tudo o que tinha como referências. 
O primeiro episódio da série, que já assistimos, começa com Edson (Seu Jorge) fugindo da polícia no meio dos barracos de uma favela, após ter sido denunciado, por posse de maconha, pelo próprio pai. Quando Edson já está há 20 anos cumprindo pena em regime fechado, sua irmã, Cristina, narradora da série, descobre que Edson é réu acusado de ser o mandante de vários homicídios dentro da cadeia e de liderar a facção criminosa existente num presídio de São Paulo.
Por conta de várias violações de direitos humanos dentro do sistema carcerário (qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência), incluindo tortura e com direito a carcereiros andarem com um bastão de madeira escrito "Direitos Humanos", e revoltado com a morosidade da Justiça, Edson cria a facção, em resposta à corrupção do Estado. No primeiro episódio, Cristina falsifica a assinatura de uma integrante do Ministério Público para pedir uma sindicância para apurar tortura na cadeia em que está seu irmão, e em negociação dela com o diretor do presídio, Edson é retirado da "tranca", uma espécie de solitária, onde ele era torturado pelos policiais e seria morto, e é reinserido junto aos outros internos. No entanto, Cristina é descoberta e presa, por falsidade ideológica e falsificação de documento público. Mas, policiais a retiram da cadeia e tentam chantageá-la pra obterem informações sobre seu irmão.
A fotografia da série é linda, desde os tons até os ângulos. Tem imagens aéreas dos barracos e do presídio. Os cenários são bastante legais, também, com destaque pra parte interna da cadeia e dos tribunais e repartições da Justiça, que simplesmente "pararam no tempo". A atuação do Seu Jorge está espetacular, assim como os figurinos dos personagens e a maquiagem. A trilha sonora, nem precisamos falar, não poderia ser melhor: os mestres em letras sobre a realidade do sistema carcerário, corrupção policial e mundo do crime - Racionais MCs. A música que abre o primeiro episódio é "Capítulo 4, Versículo 3".

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