Motoristas de vans em mais um dia de manifestação em vários pontos de Campos
Paula Vigneron e Virna Alencar 22/10/2019 09:39 - Atualizado em 23/10/2019 17:40
Isaías Fernandes
Cerca de 150 permissionários do transporte alternativo paralisaram as atividades, desde as primeiras horas desta terça-feira (22), e realizam manifestações em diversos pontos da cidade. Os trabalhadores, que atuam em setores elaborados a partir das linhas de circulação, se dividiram entre a área central, no final da avenida 28 de Março e ponte Alair Ferreira. Nas proximidades do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), os permissionários dos setores D, E e F permaneceram estacionados até o final desta manhã, quando seguiram para a Prefeitura de Campos, onde se reuniram com os demais motoristas. Por volta das 15h, uma comissão formada por sete representantes foi recebida pelo prefeito Rafael Diniz.
O grupo afirma que o sistema de integração não está sendo cumprido como deveria. De acordo com os motoristas, há ônibus circulando em distritos e localidades, área que deveria ser coberta pelo transporte alternativo, e trazendo passageiros para a área central de Campos. Outro ponto criticado pelos permissionários é que o poder público municipal não vem cumprindo os subsídios e os trabalhadores que investiram para se adequarem ao novo sistema de transporte não estão conseguindo arcar com os compromissos.
Representante do setor F, Fabiano Rodrigues Menezes, de 39 anos, afirmou que os prejuízos aos permissionários se arrastam há cerca de 90 dias e não há posicionamento definitivo do poder público para a solução dos problemas.
— O presidente do IMTT, Felipe Quintanilha, não me recebe. Eu sou representante do setor F, um dos mais prejudicados, embora nenhum setor esteja funcionando como o que foi proposto. Alguns ainda funcionam de forma precária, mas o nosso está parado desde que o sistema foi implantado. Não se tem previsão de nada, não se fala nada, e a gente fica cobrando medidas. Só dizem que vão fazer. Nessa, já vamos para 90 dias sem que nenhuma proposta nos atenda. Realmente, o sistema não funciona e não atende ao interesse público. Ninguém tem interesse de fracionar a viagem. É um sistema falido, que não funciona — declarou o representante, destacando os gastos dos permissionários para padronizar e manter as vans de acordo com o edital do IMTT.
Segundo Fabiano, além da manutenção e abastecimento dos veículos, há pagamento de aluguel de equipamentos de bilhetagem e de GPS, para que os usuários possam acompanhar o percurso pelo Mobi Campos. Devido às despesas e ao pouco lucro, conforme o permissionário relatou, trabalhadores estão passando necessidade. “De onde a gente tira dinheiro? Tem juros, e a gente não tem como pagar. O principal de tudo é: nós estamos com nome negativado por conta de um serviço sem planejamento. E nada se faz. Não tem resposta”, criticou.
Também permissionário, Dejair Rocha da Silva, de 65 anos, recordou os investimentos feitos durante o período determinado para a legalização das vans. Nos últimos 15 dias, ele conseguiu lucrar apenas R$ 50. Neste intervalo, a van do idoso apresentou problemas e foram necessários R$ 4 mil para o conserto.
— Dois dias depois disso, a integração parou. Como eu faço os R$ 4 mil? Como é que eu como? Como eu sobrevivo? Antes do sistema, eu tinha minha linha, que perdi, durante a licitação, por causa de um protocolo. Hoje, estou com a linha alugada. Eu trabalhava bem, graças a Deus. Dava para sustentar a família. Todo mundo vivia tranquilo. Eram R$ 250, R$ 300 por dia. Mas, hoje, você trabalha 15 dias para arrumar R$ 50. Você vai forçar o passageiro a entrar na sua van, descer no Shopping Estrada e esperar de 15 a 20 minutos um ônibus para chegar ao Centro, se você tem o ônibus direto da sua casa até o Centro em 10 minutos? Como faz? Ainda tem a manutenção da maquininha, do GPS. Tem tudo isso — lamentou.
Durante à tarde, um representante da prefeitura solicitou que os manifestantes formassem uma comissão, para expor as reivindicações. A solicitação chegou a ser recusada uma vez que os manifestantes insistiram que todos pudessem participar da reunião, na sede do Executivo. No entanto, por volta das 15h, o grupo elegeu sete representantes que foram ouvidos pelo prefeito. A manifestação recebeu apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GCM).
Por meio de nota, o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) informou que “até o momento desconhece a pauta relativa a manifestação desta manhã. O IMTT esclarece que está - como sempre esteve - à disposição de permissionários para sanar dúvidas e prestar esclarecimentos. Porém, repudia a atitude dos que cooperam para a obstrução dos espaços públicos e, com estes, não há diálogo”.
O IMTT informou ainda que “as empresas de ônibus reforçaram o atendimento devido a paralisação, bem com as medidas administrativas já estão sendo tomadas contra aqueles que não querem cumprir o edital de licitação. Quanto ao funcionamento dos Setores E e F, onde tem atuação da empresa citada, o IMTT já está tomando as providências cabíveis”.
 
 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS