Ministro da Educação comenta denúncia de perseguição aos alunos da UFF Campos
Ícaro Barbosa 05/09/2019 16:26 - Atualizado em 09/09/2019 13:47
Divulgação
Uma suposta “perseguição” aos alunos do movimento UFF Livre, de Campos, foi considerada pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, como “horrorosa”. A denúncia, que foi enviada formalmente ao ministério, foi comentada pelo ministro em um vídeo, em que aparece ao lado do deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ). A gravação chegou a ser postada no perfil do parlamentar no Facebook, na última terça-feira(3). A denúncia teria sido gerada após o diretor do campus, Roberto Rosendo, pedir abertura de sindicância contra os membros do movimento UFF Livre. Rosendo informou que irá se pronunciar de forma oficial.A denúncia se arrasta desde 2018.
No vídeo, o ministro Weintraub destaca que há indícios de perseguição contra os estudantes. “Uma denúncia horrorosa chegou até nós através do movimento UFF Livre, de Campos dos Goytacazes, formado por jovens que se mobilizam pela liberdade (nas universidades) e temos fortes indícios de que eles estão sendo perseguidos”, disse. Ainda na gravação, Weintraub pergunta ao deputado Jordy se “isso vai ficar barato?”. Em reposta, o parlamentar disse que não.
Carlos Jordy explicou do que se tratavam aquelas denúncias e relatou seu contato com o movimento UFF Livre, que começou em 2016: “Eles (alunos do movimento) estão sofrendo uma perseguição por parte do diretor Roberto Cezar Rosendo Saraiva da Silva, que administra o campus de Campos dos Goytacazes, e que insatisfeito com a postura dos alunos de lutar por liberdade e denunciar a prática de doutrinação ideológica, uso de espaço acadêmico para fins político-partidários e, também, o assédio moral, mostra que aquilo que eles defendem não é liberdade de expressão e nem pluralidade política; pois estão abrindo uma sindicância contra esses alunos por estarem fazendo o certo.”
Rosendo foi procurado pela Folha. Ele explicou que vai se pronunciar de maneira oficial e vai buscar tramitar o caso de maneira institucional. Rosendo ressaltou que sua gestão é “muito aberta”, mas não vai se pronunciar enquanto não houver uma solicitação formal para conversar com o ministro, “a fim de evitar o disse me disse das redes sociais”. Ele também se prontificou a atender os questionamentos da imprensa assim que tiver algum pronunciamento oficial, por parte do ministro da Educação.
Os coordenadores do movimento UFF Livre, Eraldo Duarte e Letícia Mattos, falaram sobre o conteúdo e as solicitações contidas nas denúncias. Eles citaram um caso de agressão à uma aluna em 2015, cuja solicitação é que o Ministério Público averigue as denúncias e as providências tomadas pela universidade na apuração do caso; uma festa que ocorreu no dia 23 de março de 2015, com venda e consumo de álcool, som alto, neste caso a solicitação da denúncia é que a Polícia Federal investigue o uso de entorpecentes e a intimação do diretor do polo, com relação às realizações de festas na universidade; apuração de um comentário de uma docente incentivando pichações no ambiente e a omissão sobre a fala, por parte do diretor; apuração dos danos causados em duas salas da universidade e as respostas concedidas pela direção quanto aos questionamentos à ouvidoria da universidade.
Sobre o caso de pichações, Eraldo ainda afirmou que: “O Roberto Rosendo, em 2018, falou que a instituição teria que apagar as pichações existentes no campus e, apesar de ter apagado algumas após a promessa, o ato de depredação contra o patrimônio público continuou”.
Em outubro de 2018, uma ação de fiscalização eleitoral no campus da UFF de Campos ganhou repercussão dentro e fora do meio acadêmico. Uma denúncia anônima levou fiscais da Justiça Eleitoral e o juiz Ralph Manhães a apreenderem panfletos de candidatos do PCdoB na sede do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Após o episódio, três estudantes, dentre eles Eraldo e Letícia, procuraram o Ministério Público para denunciar uma suposta ameaça por outros alunos como se tivessem feito a denúncia que originou o caso.
Já em maio deste ano, o grupo de estudantes que criou o movimento UFF Livre voltou a denunciar perseguição por parte de professores, outros alunos e da direção da universidade.

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