Uma gestão moderna para nossas polícias
- Atualizado em 07/09/2019 15:59
Há muito tempo o ambiente corporativo já trata de forma diferenciada questões relativas a rotinas de trabalho da área de gestão de pessoas. Enquanto as primeiras estão ligadas a procedimentos executados no dia a dia pelos funcionários, a gestão de pessoas tem como finalidade obter o melhor desempenho possível do funcionário, dando o melhor retorno possível para a corporação. Esse modelo leva em consideração que o principal ativo de uma corporação é seu corpo de funcionários e que investir no desenvolvimento deles é valorizar o próprio patrimônio da empresa. Promoção, remuneração e qualificação são ferramentas usadas seguindo a lógica de desenvolver ao máximo o potencial das pessoas.
Desde 1998 com a reforma administrativa implantada no governo FHC a administração pública tem tentado adaptar ao serviço público esses conceitos provenientes do mundo corporativo, porém mais de duas décadas depois, ainda há muita resistência quanto a isso. As instituições policiais tem se mostrado como as mais resistentes a mudanças. Gerir uma força policial não é o mesmo que gerir uma empresa privada, mas a administração das instituições policiais parou no tempo. Na sua grande maioria não há uma política de gestão de talentos e ferramentas como promoção em carreira, remuneração por produtividade e qualificação constante não são utilizadas como formas de desenvolver os profissionais. Por todo o país a gestão de recursos humanos nas polícias se restringe às rotinas de trabalho, com estruturas antiquadas e engessadas. Não há formação de lideranças, as reciclagens se resumem a atualização de rotinas de trabalho e dificilmente há incentivos para que o profissional busque qualificação fora das instituições policiais. Essa falta de gestão tem levado os policiais a ficarem extremamente desmotivados. Sem perspectivas de ascensão ou valorização por produtividade, muitos acabam optando por fazer somente o necessário.
A melhoria do serviço prestado por nossas polícias passa necessariamente pela modernização da gestão de talentos e pessoas dentro das organizações. É preciso identificar, reconhecer e incentivar os talentos através de programas internos. Processos de promoção em carreiras únicas e desenvolvimento de lideranças devem ser pensados e estruturados para que aqueles mais preparados cheguem às posições de chefia. É preciso preparar os nossos policiais para que prestem o melhor serviço possível, mas para tal precisamos modernizar as instituições policias, presas ao passado e resistentes às mudanças.

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    Sobre o autor

    Roberto Uchôa

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    Especialista em Segurança Pública, mestrando em Sociologia Política e policial federal