Juntos e misturados!
É melhor correr mais rápido ou correr mais distâncias? Esse questionamento, que teima em angustiar grande parte dos atletas, é o título/tema de recente artigo do jornalista Alex Hutchinson, da Outside USA, que se encontra publicado aqui.
Depois de citar pesquisas que apontam cada uma das mencionadas variáveis de treinamento e de refletir sobre casos concretos – especialmente o resultado da prova masculina de 5.000 metros nas Olimpíadas de 1964, em Tóquio –, o articulista especializado em esportes sugere que o melhor que se tem a fazer é trabalhar tanto a intensidade quanto o volume.
Eis, a propósito, as didáticas palavras finais de Alex Hutchinson, sem grifos no original:
“Na prática, acho que o desejo de coroar uma única variável como a mais importante provavelmente não é muito útil. Isso me lembra um exemplo que o fisiologista Michael Joyner, da Mayo Clinic, às vezes cita: a final dos 5.000 metros masculinos nas Olimpíadas de 1964 em Tóquio. A corrida foi vencida por Bob Schul, que treinou praticamente exclusivamente com treinos de intervalo de duas vezes ao dia. O vice-campeão foi Harald Norpoth, que corria de mais de 160 quilômetros por semana de distância. O bronze foi para Bill Dellinger, que mais tarde treinou na Universidade de Oregon e fez uma mistura de intervalos e corridas mais longas e lentas. Exatamente um segundo separou os três homens.
Uma lição a ser tirada dessa corrida é que há muitos caminhos que levam ao mesmo pódio. Os grupos de Gibala e Bishop concordam que a intensidade e o volume são eficazes no desencadeamento de adaptações mitocondriais e na melhora da resistência. Qual deles você considera mais importante, provavelmente depende de seus objetivos (vencer corridas, melhorar a saúde) e preferências pessoais. Algumas pessoas adoram longas e descontraídas corridas ou caminhadas; outros amam a adrenalina de ir com força, ou simplesmente querem acabar com isso. Se você aumenta a intensidade ou o volume para extremos suficientes, Joyner sugere, que você provavelmente pode mais ou menos maximizar as adaptações fisiológicas que você é capaz de obter com o exercício.
Para mim, está dizendo que o atleta daquela corrida de 1964, cuja formação mais se parece com o que os atletas modernos escolheram, é Dellinger, que fez um pouco de tudo. Como o debate sobre o Bispo-Gibal ilustra, há argumentos fisiológicos que apoiam o volume e a intensidade. Mas fazer sempre a mesma coisa pode deixá-lo louco. Se você for olhar para além de estudos que duram apenas algumas semanas ou meses e perguntar qual variável de treinamento é a mais importante para sustentar um compromisso vitalício com a aptidão física, então eu colocaria em votação ‘todas as opções acima’”.
Conclusão, segundo o artigo publicado na Outside USA: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Mesclar intensidade (correr rápido) e volume (correr longas distâncias), tudo junto e misturado - ainda que cada um a seu tempo, mas sempre com a indispensável orientação de um educador físico -, pode ser uma boa estratégia de treinamento.
Bons treinos!

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    Sobre o autor

    Marcos Almeida

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.