Mortandade de peixes gera alerta em SFI
Virna Alencar - Atualizado em 21/04/2019 12:21
Morte de peixes em SFI
Morte de peixes em SFI / Divulgação
Em apenas um mês, dois casos de mortandade de peixes foram registrados no município de São Francisco de Itabapoana (SFI). O último aconteceu no último dia 13, no Canal Engenheiro Antônio Resende, que cruza parte da cidade e deságua entre as localidades de Sossego e Guaxindiba. Além de peixes, foram vistos outras espécies mortas, como camarão e siri. No dia 13 de março, outro caso aconteceu em Gargaú. Algumas espécies apareceram mortas nas margens do canal interno da localidade, principalmente bagres. Autoridades orientam para que a população não faça consumo da água e de animais mortos encontrados às margens.
De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), amostras foram coletadas pela Prefeitura, por meio da secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil (Sema), no último dia 16, cujos resultados foram divulgados na última quinta-feira (18). A partir da análise foi constatada a presença de material lodoso que baixou, significativamente, a qualidade e oxigênio da água. Também foi verificada a influência da maré, uma vez que o canal recebe grande quantidade da água do mar, que provoca a salinização.
Segundo o secretário da pasta, Izolmar Soares, nos últimos anos, o Canal agoniza devido ao enfraquecimento dos recursos hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul e da Lagoa do Campelo. Sem força, a água doce não consegue se contrapor às marés. Com isso, o Canal recebe grande quantidade da água do mar, que provoca a salinização de um longo trecho. Como solução, ele afirmou que o poder público municipal vem discutindo o caso juntamente com órgãos ambientais, como o Comitê de Bacias Hidrográficas.
— Foi uma atividade de maré e teve envolvimento de material lodoso, que provoca a baixa oxigenação. Tais fatores também foram verificados nas amostras coletadas em Gargaú sendo suficiente para impactar a fauna aquática existente. A influência é ainda maior em peixes que não são pulmonares, como bagres, que vêm a óbito de imediato. Outros peixes que são pulmonares resistem mais. A questão da salinização já foi apontada como problemática e estamos preparando um material expondo a situação a ser discutida com órgãos ambientais. Trata-se de uma frequência que não tinha e passou a existir — disse Izolmar.
Apesar do laudo apontado pelo Inea, o secretário havia trabalhado com a possibilidade de as chuvas em grande quantidade nas localidades de Funil e Floresta terem carreado material para o fundo do Canal, como lodos, que poderiam conter metano e ácido sulfídrico. Ele destacou ainda que essas substâncias provocam a baixa de oxigênio e, nessas condições, haveria a possibilidade de aparecer espécies mortas.
Em nota, a Prefeitura de SFI informou que “a secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil realizou varredura em todo o curso do Canal Antônio Rezende, principalmente do trecho entre Santa Clara, Funil e Floresta. Assim que soube do ocorrido foram coletadas as amostras e enviadas a laboratório conveniado do Inea, em Campos. O Instituto foi procurado para amostras serem analisadas, assim como enviar relatório posteriormente”, disse.
Diligência técnica foi realizada
Em Gargaú, a secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil realizou diligência técnica para levantamento primário “in situ” (em seu lugar natural) com o objetivo de coletar amostras, tanto de água quanto de peixes, que apareceram mortos nas margens do canal interno da localidade, principalmente bagres, na manhã do dia 13 de março.
Na ocasião, a Prefeitura de SFI informou que as causas serão estudadas com análise de água coletada e enviada ao Inea para exame físico/químico, além da avaliação de porções das espécies pelo biólogo marinho da secretaria, a fim de identificar se houve concentração de algum potencial nos órgãos internos dos peixes e guelras.
A secretaria também havia informado que “trabalha nas hipóteses de alta concentração no fundo lodoso e, com isso, emissão de metano e sulfídrico, baixando significativamente a qualidade e oxigênio da água com revolvimento do estrato e exposições, além de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), razão pela qual os peixes não pulmonares sentem primeiro e vem a óbito, e ainda possível transbordo inadequado de hidrocarbonetos. Somente após as análises realizadas poderemos apontar as causas do surgimento e motivação para mortandade de peixes”, finalizou.
Ambientalista fala sobre problema
O ambientalista Aristides Soffiati destacou que o problema detectado em SFI tem matado a fauna aquática, que, segundo ele, já anda escassa na região, e também afeta as pessoas que se alimentam da pesca. De acordo com o especialista, a mortandade também oferece riscos àqueles que se arriscam a se alimentar dos peixes e crustáceos, antes do resultado das análises.
— O contato com a água não oferece riscos, mas a pessoa pode ver o peixe boiando e achar que está fácil para capturar e se alimentar dele, isso não é recomendável. Quando se há mortandades como essas, há um extermínio da fauna, morre filhote e morre adulto. Outro problema é que os peixes se deterioram rapidamente e aumenta ainda mais a escassez de oxigênio — disse.
Sobre os danos causados ao meio ambiente, o secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil disse que a mortandade de animais aquáticos altera uma série de outras cadeias, como a produtiva, a população ribeirinhas, pescadores, que vivem da pesca de rio e, que preocupa o poder público. “Estamos sempre alertando e fazendo campanhas para destinação de resíduos de peixes, restos de carcaças, cascas de camarão e águas residuárias, assim como óleo diesel e hidrocarbonetos em geral para que não seja ameaçado o sistema hídrico, tanto na fauna ou na flora”, finalizou.
O secretário continuou manteve o alerta para que a população não consuma esses animais. “A gente já vinha alertando as pessoas, por meio da mídia, para que não consumam esses animais que venham estar mortos às margens, pois já existe uma qualidade deficiente do produto. Qualquer outro tipo de alteração, a gente pede para que a população entre em contato através do nosso Canal Verde: (22) 981616713.

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