Projeto resgata cultura africana em Quissamã
Celso Cordeiro Filho 15/04/2019 21:30 - Atualizado em 19/04/2019 13:08
Flores da Senzala
Flores da Senzala / Cecom Quissamã - Divulgação
Através do projeto “Flores da Senzala”, a cidade de Quissamã vem promovendo o resgate da cultura africana. A ação é realizada no Memorial Machadinha e envolve oficinas de artesanato, jongo e fado mirim, contação de história e a confecção das bonecas Abayomi (consideradas símbolo de resistência, tradição e poder na África). A atenção é dada às crianças e adolescentes da localidade e também aos turistas. No final da semana passada, por exemplo, o local recebeu a visita de um casal de argentinos.
Os turistas Erica Vila e Nicollas Gionnre estão percorrendo o Brasil de bicicleta há cerca de um ano. “Esta semana tivemos a oportunidade de conhecer Quissamã, e esse lugar maravilhoso e acolhedor que é Machadinha. Ficamos encantados com a história do local e com a preservação de sua cultura”, disse Érica. Na sequência, o casal vai seguir ainda para Campos dos Goytacazes, Guarapari, Vitória, atravessar os estados do Nordeste até chegar ao Amazonas, retornando então a Argentina. Nos planos para o futuro, viagens para a Colômbia e Equador.
A diretora do Memorial Machadinha, Dalma dos Santos, recebeu os turistas e apresentou um pouco da cultura local. “Através de diversas atividades realizadas no Memorial, promovemos o resgate da história africana envolvendo nossas crianças e adolescentes, e com os turistas não é diferente. É uma satisfação muito grande poder passar um pouco da nossa cultura a todos que nos visitam. Temos uma tradição africana muito forte na comunidade”, disse Dalma.
Explica ainda que o projeto “Flores da Senzala” atende crianças de 3 a 12 anos, com contação de história, oficinas de jongo e fado, além do artesanato. “Uma das obras utilizadas para a contação de história é o livro ‘Flores da Senzala’, de minha autoria, onde apresento contos e lendas tradicionais de Quissamã, principalmente da comunidade de Machadinha. A obra é resultado da preservação da memória e da identidade de um povo. As oficinas promovem ainda a integração dos moradores e visitantes”, ressaltou Dalma.
A coordenadora de Cultura e Lazer, Amanda Fragoso, enaltece o trabalho realizado no Memorial. “É de extrema importância para a salvaguarda da cultura imaterial, pois através deles, as crianças e adolescentes mantém vivas suas tradições ancestrais e os visitantes podem aprender e conhecer um pouco mais da história do nosso povo”, comentou.
História — O complexo é formado pelas ruínas da casa grande, o antigo armazém, a capela de Nossa Senhora do Patrocínio e o conjunto de senzalas totalmente restauradas. Um dos destaques do complexo é o Memorial Machadinha. Construído onde antes era o antigo salão comunitário, o Memorial tem como objetivo preservar a história do povo que deixou Kissama, em Angola, para se instalar no Brasil, dando origem ao município de Quissamã.
Para isso, conta com um acervo de imagens e textos sobre os escravos, suas origens e contribuições para a formação cultural do município. São fotografias e peças de arte e artesanato que remontam a trajetória da cultura afro-brasileira, mostrando os costumes, o sincretismo religioso, a gastronomia e a indumentária. No acervo também constam registros sobre o período da escravidão e o cotidiano sofrido dos negros e o trabalho nas fazendas. No Complexo Histórico Cultural funciona também a Casa de Artes Machadinha.

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