Famílias das classes C, D e E entre as mais endividadas
26/03/2019 21:29 - Atualizado em 03/04/2019 17:30
O brasileiro continuou sentindo a redução da renda ao longo de 2018, acompanhando a tendência dos últimos quatro anos. De acordo com dados da Kantar Worldpanel, o momento econômico nacional tem um cenário consolidado: ampliação do endividamento das famílias - principalmente das classes C, D e E - e crescimento da busca por renda informal.
Como o aumento do desemprego é um dos principais desdobramentos de qualquer crise econômica, o peso do salário mensal tem caído ano após ano nos lares, enquanto, paralelamente, avança a busca por ganhos informais para compor ou complementar o rendimento familiar.
Ainda segundo a pesquisa Holistic View - que fez um panorama do bolso dos brasileiros analisando mais de 11.300 lares em todas as regiões do país -, a renda insuficiente faz com que metade das famílias gaste mais do que ganha. As despesas superam, em média, 2% do faturamento.
Este movimento, presente desde 2015, mostra que os domicílios ainda não recuperaram o poder de compra. "Observamos que as famílias ainda sentem o impacto da diminuição da renda e ainda não apresentam fôlego suficiente para recuperar as perdas dos últimos anos", analisa Giovanna Fischer, diretora de Marketing e Consumer Insights da Kantar Worldpanel.
As classes mais baixas são as que mais sentem a redução de recursos e, consequentemente, as que mais se endividam. A classe C, que representa 49% do total da população brasileira, gasta até 5% mais do recebe. As classes D/E, que equivalem a 25% da população, têm taxas de endividamento perto dos 6%. As classes AB, que são 26% do total populacional, são as únicas que mantêm números positivos na relação ganho e consumo.
Analisando por localidade, apenas o Estado de São Paulo apresenta renda média superior às despesas (+5,7%), enquanto o Rio de Janeiro é a região com a maior taxa de endividamento (-13,9%). Considerando a receita por lar, as regiões Norte e Nordeste têm a menor média (R$2.514) e o Centro-Oeste aparece como os domicílios de maior rendimento. (R$ 3.539).
Independentemente da renda, o maior gasto dos domicílios brasileiros é com alimentação dentro do lar. Em seguida, com transporte e habitação. Como a redução do rendimento familiar traz claras mudanças na priorização de itens consumidos, notou-se que, de 2017 para 2018, investimentos em serviços financeiros, comunicação (principalmente no recuo de compra de aparelhos celulares) e fumo sofreram as maiores quedas.
Entre o Top 10 de itens que contribuem para o aumento dos gastos, movimento positivo para mercadorias ligadas a lazer e bem-estar, como comida e bebida fora do lar e vestuário. Outro destaque favorável foi o consumo da categoria habitação, especialmente na compra de material de construção. Já os setores da saúde e bebidas dentro do lar não aparecem no último ranking.

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