Estratégia para tirar votação das contas de Rosinha da pauta não prospera
18/07/2018 09:23 - Atualizado em 23/07/2018 14:53
Votação mantida
Uma das estratégias do grupo político da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Patri) para que as contas referentes ao ano de 2016, durante sua gestão, não sejam apreciadas pela Câmara dos Vereadores nesta quarta-feira (18), às 10h, não prosperou. Na 3ª Vara Cível de Campos, o juiz Paulo Maurício Simão Filho negou a liminar pleiteada. O magistrado observou que existe a alegação de Rosinha sobre o Tribunal de Contas do Estado (TCE) não lhe garantir a ampla defesa. Ressalta que uma mudança no parecer do TCE pode anular a sessão da Câmara, mas observa que o Judiciário não pode mudar a data escolhida pelo Legislativo para votação.
Parecer técnico
No parecer do TCE, que será apreciado pelo parlamento municipal, foram apontadas sete irregularidades, 13 impropriedades e três recomendações. O relatório técnico foi aprovado por unanimidade na Corte de Contas estadual. Dos oito anos em que Rosinha ficou à frente da Prefeitura de Campos, este foi o primeiro parecer pela rejeição. E foi justamente no primeiro ano em que o TCE não contou com indicados políticos em sua composição: após a delação do campista Jonas Lopes de Carvalho — ex-presidente do colegiado, indicado ao cargo no governo Anthony Garotinho (PRP) — conselheiros chegaram a ser presos e afastados.
Jogo político
Sem conseguir uma decisão judicial para barrar a sessão, o grupo rosáceo/garotista aposta na articulação política. Se por Campos não chegaram a acordos com ex-aliados, foram buscar nos diretórios regionais e nacionais. Desta forma, algumas legendas tentam influenciar com “ordens de cima” para alterar a votação das contas. Presidente da Câmara, Marcão Gomes (PR) afirma que não há encaminhamento de voto nesse tipo de votação, mas as decisões dos partidos já mudaram o placar. Contudo, este ainda aponta para manutenção do parecer do TCE, com a reprovação das contas.
Cálculo
Como a Folha tem mostrado desde domingo, para reverter o parecer do TCE e aprovar as contas da ex-prefeita, o grupo político precisa ter os votos de 17 parlamentares. Já para manter a decisão técnica do colegiado, são nove. Mesmo que não consiga reverter o placar nesta quarta, existe a expectativa entre os rosáceos de não perder de muito. Até agora, 11 vereadores sinalizam que votarão pelo parecer do TCE, enquanto apenas três assumem que tentarão aprovar as contas da ex-prefeita.
No PTB
O vereador Neném (PTB), que rompeu politicamente com o grupo rosáceo, chegou a declarar que votaria para aprovar o parecer do TCE e reprovar as contas de Rosinha. Porém, um blog ligado ao grupo garotista afirmou, nessa terça-feira, que o presidente municipal do PTB, Edson Batista, fechou questão e que os parlamentares da legenda terão de votar para aprovar o balanço financeiro da ex-prefeita. Neném ainda analisa com seus assessores como proceder nesta quarta, mas, por ora, voltou para o grupo de parlamentares indefinidos para votação desta quarta.
Tabuleiro
Inconformado com a orientação do seu partido, Neném disparou: “Que Garotinho seja comandante de Edson (Batista), mas não do PTB”. Além dele, a legenda também tem o recém-empossado Dr. Ivan Machado na Câmara. Assim como Neném, Machado também havia declarado que encaminharia seu voto para aprovar o parecer do TCE, mas não foi encontrado nessa terça para falar sobre o assunto.
“Comandante”
Durante os desdobramentos da primeira prisão de Garotinho, em novembro de 2016, vazou uma conversa grampeada entre Batista, então presidente da Câmara, e o então secretário de Governo de Campos, onde Edson chama Garotinho de “comandante”. A polêmica relação política entre os dois parece mais firme do que nunca, mesmo com a orientação da direção regional do PTB, em setembro do ano passado, para que a legenda desse sustentação ao prefeito Rafael Diniz (PPS) no Legislativo.
Encruzilhada e despacho
A esquerda brasileira odeia o Trump e relativiza o Putin. A direita brasileira se referencia no Trump e finge que ele não deve sua eleição ao Putin. Em coletiva após encontro de cúpula em Helsinque, na última segunda-feira (16), Trump desautoriza o serviço de inteligência do próprio país e não se constrange em ser o moleque de recados do Putin. Conclusão? No tabuleiro geopolítico da Terra, direita e esquerda brasileiras têm a relevância de um despacho na encruzilhada dos peões.
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