Minha Lembrança de Paulo Albernaz
05/05/2018 21:15 - Atualizado em 05/05/2018 22:18
NinoBellieny
Vinte de abril passado...  o ex-deputado estadual e ex-presidente da Câmara Municipal de Campos parte em jornada pelas estrelas. E mesmo longe da planície eu sinto. E sei porque sinto.
Embora tenha conversado muitas vezes com o sempre atencioso Paulo, inclusive em uma de suas visitas à Itaperuna quando vereador, e ter somente impressões expressivas a respeito daquela postura de lorde inglês com jeito brasileiro, a melhor lembrança dele não foi exatamente vivida por mim, mas por isso mesmo é a melhor.
Meu irmão Alberto Rodolfo viajava à noite para Macaé com a filha Sabrina no colo da avó Carminha, (nossa mãe), e num repente o tempo fechou-se para abrir-se em chuvas intensas. No início dos Anos 80, a BR-101 continuava sendo o terror dos motoristas, e num trecho em obras perto do Posto do Russo, imediatamente alagado, ocorreu um súbito defeito no motor e o automóvel estagnou em plena pista.
Carros passavam lentamente sem a  indispensável disposição da solidariedade. O desespero aumentava, a criança chorava, a angústia crescia. O espectro de um solitário do lado de fora do veículo pedindo socorro, tiritando de frio, não impressionava aos indiferentes faróis cortando as rajadas d'água.
Até que um Opala preto parou. Um homem alto desceu, não se importando com a ventania, a chuva implacável e os perigos da estrada. Imediatamente, ele, o motorista e meu irmão, empurraram o carro para o acostamento. Em seguida rebocaram até o posto de gasolina e só se foram ao terem a certeza de que estava tudo bem.
O homem alto era Paulo Albernaz.
Foto: ArquivoHistóricoPolítico
Foto: ArquivoHistóricoPolítico
Como nos filmes da Sessão da Tarde, o então deputado estadual ajudou à minha família sem pestanejar, mesmo atrasando a viagem para o Rio. Aquele sujeito importante politicamente, tornaria-se muito mais, pelo enorme e corajoso feito. Estava molhado, mas sorridente, feliz por ter ajudado na hora incerta, raciocinando com o coração e não com o medo e a preguiça dos omissos.
Anos depois pude agradecer pessoalmente, inclusive ao microfone de um comício do também saudoso ex-vereador Zé Dentista, em Morro do Côco, 12º Distrito de Campos dos Goytacazes, lugar em que Paulo era muito querido.
Eu não poderia ter lembrança maior ou melhor de alguém.
E não ficou apenas uma recordação resgatada do meio de uma chuva à beira de uma estrada. 
Ficou a gratidão.
NB
Itaperuna, 4/05/2018

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