Artista de Varre Sai mantém tradição
04/05/2018 18:18 - Atualizado em 07/05/2018 16:54
Toni Rampazio
Toni Rampazio / Divulgação
O músico Toni Rampazio resgata a tradição musical de Varre Sai e preserva a herança do pai, violonista José Antônio Rampazio, e do irmão Agiel Batista Rampazio, de onde origina o dom musical. O artista desenvolve o Projeto Noites Musicais cujo objetivo é incentivar as novas gerações de músicos, cantores e atores. Da herança familiar veio também o gosto pelo teatro. Ele se uniu a atriz Margareth Vargas e a dançarina Viviane Martins.
— Pensei que poderia ter um algo a mais para o lazer das pessoas e valorização dos artistas, por isso crio performances para ver se encaixo aos poucos as pessoas que possuem talentos artísticos. O meu pai era filho de italianos e sempre tocou violão: sabia tudo de música. Quando criança, ele me colocava perto dele para ensinar as posições e pedia que eu cantasse para ele tocar, eu me encantava. Era luz de lamparina na época e se tornavam mágicas as noites ao seu lado. O meu irmão também se tornou um grande violonista e se apresentou aqui também com Baden Powell, quando veio visitar a cidade, e dava aulas de violão para todos aqui. Eu adorava ouvir e ver aqueles perfeitos acordes. Decidi então encaixar a minha voz — conta Toni.
Mas o sonho do artista é oferecer aos moradores da cidade de Varre Sai música de qualidade. Ai a concretização do sonho com a montagem de espetáculos musicais, com a apresentação de clássicos da literatura. E reclama da falta de incentivo pelas músicas que marcaram época no Brasil.
— Na verdade, eu nunca estudei música, a não ser com ele. Penso que é hereditário. Eu me emociono muito quando canto, principalmente na parte em que faço uma homenagem a meu pai. É uma alegria poder estar fazendo o que ele sempre gostava, a música preenche a minha alma — revela.
O Projeto Noite Musical é uma oportunidade de levar ao público as pérolas da MPB. A cada espetáculo um tema diferente com a participação de artistas locais. Repertório que reúne músicas dos anos 80. Cazuza, Djavan, Marisa Monte são alguns que revive no palco.
Um sonho, mas que enfrenta muitas dificuldades para continuar, diante da juventude que prefere músicas que para o artista são de péssima qualidade. E, muitas vezes, surge a vontade de desistir. E mesmo com os desafios destaca o sucesso do espetáculo musical “A bela e a fera”, que lotou o espaço 34 no mês passado.
— O musical mostra a história de um príncipe que era orgulhoso e uma senhora o ofereceu uma rosa em troca de uma acolhida em seu castelo por uma noite. Ele simplesmente a ignorou pela sua aparência. Ela era uma feiticeira e, naquele momento, se transforma em uma linda mulher. Após isso, ela o transforma em uma fera para mostrar-lhe que nem sempre as aparências são importantes, mas sim o interior das pessoas — disse Toni.
Mas os desafios que enfrenta são superados a cada espetáculo, e o técnico em Saúde Bucal fala de sua carreira. Já cantou em casamentos e se apresenta nos eventos da cidade. Toni se orgulha de pertencer a uma família de tradição musical, mas reclama da não valorização do grande musico nascido na cidade, Baden Powell, nem sempre lembrado, apesar da projeção nacional.
— Pensei que poderia ter um algo a mais para o lazer das pessoas e valorização dos artistas, por isso crio performances para ver se encaixo aos poucos as pessoas que possuem talentos artísticos — afirmou.
Toni relata que seu pai falava de Baden, e teve a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente por ocasião do centenário da cidade e em sua última visita à sua terra natal, pouco antes de falecer.
O Casarão Cultural tem uma sala dedicada ao músico com um pouco de seu legado artístico. E Toni destaca a necessidade de manter viva a memória de um músico que saiu daqui e projetou-se pelo mundo.
— Em nossa simples e pacata cidade do interior, e bem longe dos holofotes que iluminam renomados artistas, trazemos um pouco da luz musical aos corações dos nossos conterrâneos. Baden sempre será o ponto de referência pela carreira de repercussão internacional, mas os nossos munícipes também devem ter os corações orgulhosos dos artistas locais que já passaram por aqui e deixaram as suas marcas na história musical da cidade como os saudosos José Antônio Rampazio, Agiel Batista Rampazio, Norival Tupini, Geraldo Mendonça Sebastião Assis e daqueles que ainda estão na caminhada por aqui — salientou o artista de Varre Sai. (A.N.)

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