Política sem férias no início do ano
Aldir Sales 09/02/2018 22:04 - Atualizado em 15/02/2018 15:06
Dizem que no Brasil o ano só começa, de fato, após o Carnaval. No entanto, pelo menos a política não teve férias durante os primeiros meses, considerados mais mornos. Entre janeiro e fevereiro, os noticiários, tanto local quanto nacional, estiveram recheados de polêmicas e desdobramentos. Da controvérsia sobre o aumento da contribuição de iluminação pública ao primeiro interrogatório das testemunhas de acusação da operação Caixa d’Água. Da transferência do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para Curitiba após denúncias de regalias no Rio à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do triplex do Guarujá, no litoral de São Paulo. Assuntos não faltaram para estampar as manchetes dos jornais da planície goitacá e do país inteiro.
Foto: Diomarcelo Pessanha/Folha da Manhã
Um dos políticos que ficaram mais em evidência nestes 42 dias de 2018 foi o ex-governador Anthony Garotinho. Preso por quase um mês no final do ano passado no âmbito da operação Caixa d’Água, onde foi acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de comandar um esquema de arrecadação de propina e caixa dois na Prefeitura de Campos durante a gestão de Rosinha, Garotinho foi afastado do diretório estadual do Partido da República, brigou com a direção e deixou a legenda. Ele mantém a pré-candidatura ao Governo do Estado, mas já é investigado pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) por propaganda antecipada e uma declaração onde demonstra disposição para comprar deputados se for eleito sem formar maioria na Assembleia Legislativa.
Neste meio tempo, o político da Lapa ainda fez o retrato falado do suposto suspeito de agredi-lo dentro da cela quando esteve preso na Cadeia Pública de Benfica. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) levantou a tese de autolesão, mas uma perícia do Ministério Público Estadual (MPRJ) constatou que as imagens do circuito interno da cadeia sofreu manipulações na noite da suposta agressão, mas também não comprovou a tese do ex-secretário de Governo de Campos.
Garotinho também viu o seu grupo político sofrer duras derrotas. Os vereadores Thiago Virgílio (PTC), Linda Mara (PTC) e Miguelito (PSL) tiveram os embargos de declaração rejeitados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e estão apenas no aguardo de uma notificação da Justiça Eleitoral para deixarem os cargos.
Ainda na Câmara Municipal, os trabalhos das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que investigam contratos da última gestão continuam em andamento. A CPI da Lava Jato, que apura a relação entre o governo Rosinha e a Odebrecht na construção das casas populares do Morar Feliz. Durante a última semana, o presidente da Comissão, vereador Genásio (PSC), informou que ex-secretários municipais foram ouvidos e que o depoimento do ex-executivos da empreiteira ao Ministério Público foram extraídos. Outra CPI que corre no Legislativo campista é o que investiga o contrato do município com a empresa Emec para realização de paisagismo.
Além disso, os primeiros dias do ano foram marcados pela polêmica sobre o aumento na contribuição de iluminação pública aprovado no ano passado pela Câmara, mas que começou a ser cobrado agora pelo governo municipal. Os problemas no serviço foram justificados pela Prefeitura por conta do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que barrou a licitação para o setor, mas um contrato emergencial foi assinado enquanto adequações são feitas. 
Lula teve pena aumentada no TRF
Também não faltou assunto na pauta nacional. O ex-presidente Lula teve a condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro ampliada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. Os desembargadores decidiram aumentar a pena do petista para 12 anos e 1 mês em regime fechado.
Lula manteve a pré-candidatura à presidência e sua militância radicalizou o discurso contra a decisão do Judiciário, no entanto, existe apenas mais um recurso na segunda instância antes do início da execução da pena. Além disso, Lula fica enquadrado na Lei da Ficha Limpa e se torna inelegível.
Já o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a mais de 80 anos de prisão pelos juizes federais Marcelo Bretas e Sérgio Moro, se mudou para um novo endereço. Após a constatação que o político recebia regalias em Benfica, foi transferido para um presídio em Curitiba.
Outra polêmica que marcou o início de ano foi a nomeação da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o ministério do Trabalho. A Justiça Federal suspendeu a posse de Brasil por causa de condenações trabalhistas anteriores. O governo do presidente Michel Temer reagiu com uma enxurrada de tentativas de liminares na Justiça, mas não prosperaram. O suplente Nelson Nahim (PMDB) chegou a ter expectativa para tomar posse, mas o retorno de Índio da Costa (PSD) à Câmara impediu o campista de assumir a cadeira no Congresso.

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