Casos de febre amarela já superam o ano de 2017
Jane Ribeiro 03/02/2018 17:16 - Atualizado em 05/02/2018 14:18
A febre amarela, uma doença superada no século passado, voltou com força total. Desde o início do ano já foram registrados em todo o estado do Rio 42 casos de febre amarela silvestre em humanos, sendo 18 óbitos. Situação preocupante se comparado a todo o ano de 2017, quando foram registrados 27 casos confirmados, com nove mortes. Campos não passa por nenhum surto de febre amarela e neste ano não foi confirmado nenhum caso da doença no município, mas a orientação dos especialistas é que todos devem, sim, tomar a vacina. O último surto de febre amarela no Brasil ocorreu entre 2008 e 2009, quando 51 casos foram confirmados.
No ano passado foram registrados 12 casos de febre amarela em macacos nos municípios de São Sebastião do Alto, Campos dos Goytacazes, Carmo, Macaé, Macuco, Maricá, Miguel Pereira, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio das Flores, Santa Maria Madalena e Tanguá. Esse ano os casos de epizootia foram contabilizados em Niterói, Angra dos Reis, Barra Mansa, Valença e Miguel Pereira.
De acordo com o último informe epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde na última sexta-feira, em 2018 foram registrados 14 casos de febre amarela em humanos no município de Valença, sendo cinco óbitos; sete casos em Teresópolis, com três mortes; três em Nova Friburgo, sendo dois óbitos; quatro casos em Sumidouro, com uma morte; um caso em Petrópolis; um óbito em Miguel Pereira; dois casos em Duas Barras; dois óbitos em Rio das Flores; um caso em Vassouras, sem morte; dois casos em Cantagalo, sendo um óbito; uma morte em Paraíba do Sul; dois casos em Carmo; sendo um óbito; e um caso em Maricá.
Todos os casos de febre amarela registrados no Brasil são do tipo silvestre. Isso quer dizer que a transmissão ocorreu pela picada dos mosquitos Haemagogus ou Sabethes, que vivem predominantemente em áreas silvestres e de matas.
Em entrevista concedida à coluna de Guilherme Belido, que foi publicada na edição da Folha do último dia 20, o infectologista Nélio Artiles informou que o vírus da febre amarela, por sinal parecido com o da dengue, é transmitido por um mosquito da mata, que vive em copas de árvores. Ele garante que a melhor prevenção é a vacina.
Fotos: Divulgação
— A vacina é super segura. Milhões e milhões de pessoas já tomaram essa vacina. Nós exportamos esse medicamento para vários países do mundo. Então, tirando aquelas que estão na faixa de risco face a doenças, gestação ou idade, o ideal é que todos tomem a vacina. A vacina não fracionada protege pelo resto da vida. Antigamente havia orientação de se repetir depois de 10 anos. Hoje já se sabe que ela é duradoura. A possibilidade de uma febre urbana existe por causa do Aedes aegypti. Mas sabemos que o Aedes aegypti de hoje não é o africano, é o asiático, que parece ter menor poder ofensivo. Todos que podem devem tomar a vacina, mas não se justifica o pânico — informou o médico.
Em Campos, a secretaria de Saúde tem realizado ações de prevenção através da vacinação. A diretora de Vigilância em Saúde, Andréya Moreira, explica que na cidade não foi detectado caso suspeito de febre amarela até o momento. “No ano de 2017 cerca de 260 mil pessoas foram vacinadas contra a febre amarela e a imunização segue de forma contínua. Vale lembrar que em Campos a dose da vacina não é fracionada, portanto a recomendação do Ministério da Saúde é apenas uma dose, não sendo necessária dose reforço”, informou.
Doença é transmitida através de mosquitos
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópode). Há duas formas de transmissão de febre amarela: silvestre e urbana. As duas são causadas pelo mesmo vírus, mas se diferem pelo vetor de transmissão.
A febre amarela silvestre é transmitida através da picada de mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios. A febre amarela urbana é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Atualmente, não há registro de casos de febre amarela urbana no estado do Rio. Quando o mosquito pica um macaco ou uma pessoa doente, que está com febre amarela, ele torna-se capaz de transmitir o vírus.
A transmissão por Aedes aegypti não ocorre desde 1942. Para evitar que isso volte a ocorrer, o Ministério da Saúde reforçou as ações na área de vacinação e de combate ao mosquito. Essas são as principais formas de combater a doença, que não é contagiosa. Ou seja: não é transmitida de humanos para humanos ou de macacos para humanos.
Vacina é a melhor medida de prevenção
Desde o início do ano passado, a Secretaria de Estado de Saúde tem adotado medidas preventivas e, antes mesmo de registrar os primeiros casos no território fluminense, a pasta iniciou a criação de cinturões de bloqueio, recomendando a vacinação contra a febre amarela principalmente em municípios de divisa com Espírito Santo e Minas Gerais (áreas que foram consideradas de risco para a doença). Vale destacar que desde julho do ano passado, todos os 92 municípios do Estado estão incluídos na área de recomendação da vacina.
Em Campos somente no último Dia D de vacinação, que foi realizado no dia 27 de janeiro, cerca de 1,5 mil pessoas receberam doses da vacina contra a febre amarela. Quem ainda não foi imunizado, pode buscar, de 8h às 16h, os seguintes postos de vacinação: Centro de Saúde, na sede da secretaria de Saúde; Centro de Saúde de Guarus; CRTCA I; CRTCA II; Penha; Farol Lagamar; Morro do Coco; Tocos e UPHs de Travessão, Ururaí, Santo Eduardo e São José.
As ações de prevenção continuam na cidade através da vacinação, além de ações do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) através de mutirões de combate ao mosquito transmissor, de acordo com o mapeamento realizado com base o último Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa). “A equipe da Vigilância tem percorrido, também, unidades de saúde para conscientização da população sobre a importância da vacinação. Grande parte dos munícipes já foi vacinada, mas é importante que todos saibam a importância da imunização, em virtude dos casos mais recentes em Minas Gerais e nas cidades fluminenses”, informou a diretora Vigilância em Saúde Andréya.

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