Rafael Thuin: "O esporte vive sua melhor fase"
Paulo Renato Porto 30/12/2017 17:57 - Atualizado em 02/01/2018 14:15
Rodrigo Silveira
A safra de boas notícias no esporte em Campos fez de 2017 um ano particularmente fértil. A semente foi plantada, frutos já sendo colhidos e futuras colheitas com indicadores que autorizam previsões otimistas. E a promessa de manter o município no topo da fama como celeiro de grandes talentos. Os números falam por si. Nesses últimos 365 dias, a Fundação Municipal de Esportes (FME) conseguiu ampliar o quantitativo de atendimentos de pouco mais de 1.200 para mais de 13 mil atendimentos mensais em 36 diferentes modalidades oferecidas gratuitamente à população, entre programas de apoio a atletas que praticam esportes de alto rendimento, na prática de competições estaduais e nacionais, passando pela iniciação esportiva e outras iniciativas que enfatizam o esporte como ferramenta de inclusão social, educação, saúde e melhoria da qualidade de vida.
Folha – Qual é o segredo dessa multiplicação de números de atendimentos e a expansão dos programas de incentivo?
Rafael Thuin – Não existe milagre, mas uma administração municipal séria, fruto de um trabalho árduo voltado para a formação de base, no governo Rafael Diniz que vê nas parcerias públicas e privadas o caminho para o crescimento. O esporte não é apenas uma ferramenta de inclusão, é fundamental no processo de construção de uma população mais saudável. Uma geração menos doente, mais educada e que acaba refletindo numa sociedade mais segura, com queda nos índices de criminalidade. É um trabalho lento, mas com resultados num futuro próximo. É necessário plantar as primeiras sementes para que num futuro não tão distante possamos colher os frutos. Implantamos de forma pioneira no país o Projeto Paraesporte, para pessoas com deficiência, que superou todas as expectativas. Abrimos inicialmente 250 vagas e hoje já atendemos mais de 850 pessoas com deficiência. Firmamos parcerias com instituições como Apae, Apoe, Apape, Educandário São José Operário, incluindo essas pessoas num novo mundo de oportunidades, saúde e de inclusão social.
Folha – Neste caso, o esporte pode ser visto de forma mais abrangente, caminhando junto com a educação como instrumento de alcance social, onde se insere a inclusão, a saúde e a qualidade de vida...
Thuin – É por aí... Uma política de governo forte, não com resultados imediatos, mas de base, como a dos países do primeiro mundo. Onde educação e esporte caminham juntos em busca do desenvolvimento para uma nação mais justa. É preciso entender primeiro que o esporte, para o governo, pode atuar em duas frentes importantes a longo prazo. A primeira delas é a saúde, fazendo com que o esporte seja parte da vida das crianças e, assim, crie a cultura da prática esportiva. Com isso, se economiza, porque os praticantes regulares de esportes tem menos problemas de saúde – afinal, o sedentarismo é uma das preocupações das organizações de saúde ao redor do mundo. Além, claro, da melhora de qualidade de vida que o esporte traz. Mas vai além disso: o esporte é uma ferramenta de educação e de cultura que muda uma geração.
Folha – Há algum projeto ou obra importante para 2018 que o senhor possa revelar?
Thuin – Em 2018 iremos construir um ginásio poliesportivo. Para 2018 vamos continuar trabalhando para superar os desafios. Já começamos a construir um novo modelo de esporte com o apoio da iniciativa privada e recursos do Ministério do Esporte. Já conseguimos 100% de verba para a construção do ginásio e a reforma do nosso prédio de artes marciais.
Folha – Após 10 anos, a Fundação de Esportes resgatou os Jogos Estudantis de Campos. Como realizar um evento desse em tão pouco tempo?
Thuin – Primeiramente com o empenho da equipe que conseguiu mobilizar as escolas e convencê-los que era possível. Tivemos menos de seis meses para organizar e posso dizer que foi um sucesso. Reunimos 30 escolas da rede pública e privada, aproximadamente 2 mil estudantes em nove modalidades que movimentaram o espírito esportivo dos alunos por 51 dias. O mais interessante na retomada dos JECS foi ver a integração dos alunos. Para 2018, vamos trabalhar para fazer duas categorias Sub 15 e 17.
Folha – Este ano pode-se dizer que o Paraesporte foi a “menina dos olhos” da Fundação?
Thuin – Tenho muito orgulho em falar do Projeto Paraesporte que é pioneiro no Brasil, no atendimento gratuito para as pessoas com deficiência. Implantado em abril, superou todas as expectativas que era atender 250 pessoas e hoje já são mais de 850 atendidas. Trabalho que não só reflete na qualidade de vida das pessoas com deficiência, mas de toda a família. Tenho muito orgulho de ser um dos embaixadores das Olimpíadas Especiais do Brasil, que trabalha em prol das pessoas com deficiência ao redor do mundo. É um trabalho de inclusão social que muda vida das pessoas. Os atletas do Paraesporte participaram de várias atividades em 2017 e estamos trabalhando para em 2018 trazer para Campos, pela primeira vez, os Jogos Estaduais das Apaes, que deve reunir mais de 60 instituições e mais de 2 mil pessoas. Também estamos buscando parcerias para que, em julho de 2018, Campos esteja nas comemorações dos 50 anos das Special Olympics, em Chicago (EUA) e em 2019 participar dos Jogos Mundiais de Verão das Olimpíadas Especiais, em Adu Dhabi. Temos trabalhado muito. É um trabalho único e temos uma equipe apaixonada pelo que faz.
Folha – Sobre 2018, sabe-se que a crise continua, mas com a força da municipalidade e seu prestígio sempre há espaço para construir parcerias na manutenção ou expansão de projetos?
Thuin – O esporte é uma das principais ferramentas de inclusão e pode mudar vida de uma população. E o prefeito não mede esforços para semear essa semente no esporte, que vai garantir um futuro mais saudável. O esporte ajuda a reduzir os problemas de saúde de uma sociedade sedentária, contribui para melhorar o aprendizado na escola e a reduzir os índices de violência. Apesar de todas as dificuldades financeiras e com toda sua infraestrutura danificada que recebemos a Fundação em janeiro de 2017, conseguimos ampliar o número de atendimentos de 1.200 para mais de 13 mil atendimentos. E a expectativa para 2018 é passar dos a 20 mil pessoas praticando uma atividade esportiva. O segredo é a parceria com a educação, trabalhando o contraturno escolar, parcerias com a iniciativa privada, ampliando a área de atendimento e contar com uma equipe comprometida e que ama o que faz. Temos consciência que fizemos em menos de um ano o que não foi feito em mais de 10 anos. E quando havia dinheiro para se investir, muito dinheiro e nada foi feito. Andamos para trás no esporte nos últimos anos. Mas estamos mudando essa realidade. O esporte vive uma grande fase em Campos.
Folha – O basquete tem planos de continuar as disputas estaduais e, se houver parcerias, uma competição nacional. Há possibilidade de vôos mais ousados para o pessoal do Automóvel Clube?
Thuin – O Automóvel Clube Fluminense estava há mais de quatro anos sem competir. A equipe contou com o apoio da Fundação e saiu invicta do Cariocão. A realização de alguns jogos em Campos e o bom resultado despertou o interesse dos nossos alunos, como foi visto nos JECs, onde a procura por vagas na escolinha cresceu muito. Para 2018, vamos buscar parcerias a fim de que o basquete volte a brilhar no cenário nacional.
Folha – No vôlei, quais os planos? A escolinha na Casa do Vôlei terá mais investimentos?
Thuin – A Casa do Vôlei foi o nosso primeiro centro de excelência, onde fechamos 2017 com cerca de 250 atletas que estão despontando nas escolas públicas, privadas e vilas olímpicas. Eles estão recebendo atendimento diferenciado voltado para melhorar seu rendimento. Esperamos implantar outros centros de excelência para outras modalidades em 2018. Quero destacar a parceria com o Sicoob Fluminense, que vem apoiando o Projeto Grande Sacada no vôlei de praia, onde mais de 100 crianças e adolescentes treinam nas escolinhas que foram implantadas nas praças do Parque Santo Amaro e Jóquei Clube e no Jardim São Benedito. E a meta para 2018 é ampliar esse trabalho de massificação do esporte.
Folha – O futebol é uma paixão brasileira e em Campos não é diferente. E você tem contribuido para esse movimento de recuperação do futebol campista. O que o torcedor pode esperar para 2018?
Thuin – Campos sempre teve tradição no futebol e uma história linda, tendo grandes ídolos como Didi, eleito o melhor jogador da Copa de 1958. Há anos, as partidas do Americano e o Goytacaz eram realizadas em municípios vizinhos, por falta de estádio. Em um momento histórico conseguimos reunir numa única sala as lideranças do futebol e trazer de volta os jogos para Campos e contribuir para que o Goytacaz depois de 24 anos voltasse à Série A. Volto a dizer, temos que lutar por uma Campos mais unida. Para 2018, esperamos trazer para Campos grandes clássicos do futebol carioca.
Folha – E para a natação, esporte de origem do presidente, alguma novidade?
Thuin – Não é segredo para ninguém que amo a natação. Tive a honra de ganhar quatro Copas do Mundo e sempre com o orgulho de representar Campos. E hoje busco devolver tudo que recebi. Trouxemos à cidade o medalhista olímpico Ricardo Prado que conheceu e aprovou nossa estrutura na sede da Fundação dos Esportes e nas vilas olímpicas. Promovemos palestra com o medalhista para os profissionais da área, firmamos parcerias com a Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Trouxemos duas etapas do Campeonato Estadual de Natação para nossa cidade depois de anos sem ter uma competição oficial aqui. E hoje atendemos mais de 3 mil crianças nas aulas de natação e acreditamos que vamos descobrir novos talentos da natação. E vamos continuar trabalhando para ampliar o número de pessoas praticando esporte.
Folha – E nas artes marciais? Judô, taekwondo, jiu jitsu...
Thuin – O judô, karatê,taekwondo, jiu jutsu são atividades das mais procuradas na Fundação e vilas, atendendo cerca de 2.500 pessoas. São artes milenares que ensinam aos jovens o respeito e a disciplina. Esse ano, conseguimos excelentes resultados com alguns atletas que conseguiram destaque no cenário nacional. E para 2018, volto a dizer o caminho é buscar parcerias para patrocinar nossos atletas de ponta, que levam a marca do patrocinador e representar nossa cidade.

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