Câmara entre debate e polêmica
Suzy Monteiro 01/01/2018 17:22 - Atualizado em 03/01/2018 14:40
Marcão Gomes
Marcão Gomes / Folha da Manhã
O ano de 2017 terminou e foi de muito trabalho, mas, também, de muita polêmica na Câmara de Campos. Durante todo o exercício de 2017, foram realizadas seis sessões solenes e 93 sessões ordinárias, promovendo discussões sobre projetos relacionados a diversas áreas, como saúde, educação e orçamento. O ano foi marcado, ainda, pela convocação dos concursados, que aguardavam há cinco anos. Mas, também teve confusão, com vereadores e assessor quase chegando às vias de fato e uma “dança das cadeiras” como consequência das condenações resultantes da operação Chequinho.
Uma das primeiras medidas do presidente da Câmara Marcão Gomes (Rede) foi solicitar à Procuradoria do Legislativo um estudo sobre a situação do concurso público realizado em 2012 e que não haviam sido empossados. A via crucis chegou ao fim no dia 18 de agosto, com a posse.
- Tenho muito orgulho de ter dado posse aos aprovados no primeiro concurso da Câmara de Vereadores de Campos, que tem mais de 365 anos de história - declarou o presidente Marcão Gomes.
O vereador ainda destacou que foi preciso cumprir os trâmites legais para a convocação. “Depois de muito empenho da equipe jurídica e de reajustes financeiros, pudemos convocar os concursados. Havia um grande imbróglio jurídico que foi sanado, viabilizando a convocação”, explicou.
Ao todo, os vereadores apresentaram 64 Projetos de Lei e 83 projetos de Decretos Legislativos. O plenário aprovou o total de 32 Indicações Legislativas, 806 processos de Requerimentos e 2.152 Indicações Simples. Os edis também discutiram a aprovaram matérias enviadas pelo Executivo, como o Plano Plurianual 2018-2021 (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual: “Tivemos um ano de muito trabalho, onde cumprimos a função do Poder Legislativo de propor, discutir e aprovar projetos de interesse da população campista. Também aprovamos objetos encaminhados pelo Executivo, como o Refis 2017, que teve o prazo de adesão reaberto a pedido da Câmara”, afirmou Marcão, que destacou, ainda, o diálogo com a sociedade civil organizada, através das 16 audiências públicas realizadas em que foram discutidos temas como saúde, desenvolvimento e saneamento do município.
Empurra-empurra - No dia 9 de agosto, a sessão da Câmara terminou com uma confusão após o vereador Marcelo Perfil usar a tribuna para se queixar de um assessor de Linda Mara que teria postado foto da família de um assessor dele, em momento de lazer, para fazer críticas.
Neste momento, o assessor citado que estava na plateia levantou, cruzou os braços e afrontou Marcelo Perfil. Marcão pediu para que o assessor voltasse para o lugar, o que não aconteceu. Então, os seguranças foram acionados. Foi quando começou a confusão entre assessores e alguns vereadores. Thiago Virgílio chegou a pular a bancada do plenário, sendo contido pelo vereador Thiago Ferrugem.
Depois, o vereador Pastor Vanderly (PRB) foi à tribuna e fez uma oração para “amarrar as forças malignas que atuam na Câmara”.
Chequinho provoca “dança das cadeiras”
O Legislativo também ficou movimentado por conta das consequências da Chequinho. Em um mesmo mês a composição chegava a mudar várias vezes. No início da legislatura, seis suplentes assumiram as cadeiras no lugar de Linda Mara (PTC), Kellinho (PR), Miguelito (PSL), Ozéias (PSDB), Thiago Virgílio (PTC) e Jorge Rangel (PTB). Eles tiveram as diplomações suspensas pela Justiça em dezembro de 2016 e só chegaram à Câmara este ano, entre junho e agosto, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e liminar do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Iniciaram o ano n lugar dos titulares, Cabo Alonsimar (PTC), Alvaro Oliveira (SD), Carlos Alberto Canaã (PTC), Joilza Rangel (PSD), Nenem (PTB) e Geraldinho de Santa Cruz (PSDB). Também passaram por lá Beto Cabeludo (PTC) e Thiago Godoy (PR) - que ficaram só um dia - e Roberta Moura (PR). Também suplente, e também condenada na Chequinho, Cecília Ribeiro Gomes (PT do B) deixou a vaga para o titular Marcos Bacelar (PDT), que só teve seus votos validados após decisão do TSE.
A confirmação pelo TRE das condenações em primeira instância também mexeram com a Câmara. Jorge Magal (PSD) e Vinicius Madureira (PRP) foram os primeiros a deixar o Legislativo e recorrem ao TSE fora dos cargos. O Tribunal em Brasília já decidiu sobre Magal, o mantendo fora da Câmara.
Também já teve confirmada a condenação pelo TRE Jorge Rangel - cuja Câmara deverá ser notificada no início janeiro. E ainda, Ozéias, Kellinho, Miguelito, Thiago Virgílio e Linda Mara.
Faltam ser julgados pelo TRE os recursos de Thiago Ferrugem (PR) e Roberto Pinto (PTC). Este último está com julgamento marcado para 21 de janeiro.
Duas CPIs atuando até no recesso
Em abril, houve pedido de abertura de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs): Das Rosas e da Odebrecht. Os trabalhos iniciaram em junho e, no final de novembro, após solicitação de membros das duas CPIs, os trabalhos foram prorrogados por 180 dias, inclusive durante o recesso parlamentar.
A CPI das Rosas investiga contrato da Prefeitura de Campos durante a gestão da prefeita Rosinha,entre 2011 e 2016, com a Emec Obras e Serviços Ltda, no valor total de R$ 76.150.706,73, para manutenção civil e paisagística de canteiros, parques, praças, jardins e afins.
O presidente da CPI, vereador Fred Machado (PPS), chegou a levar ao plenário mais de 10 pastas na sessão de 29 de novembro, com documentos e resultados das investigações até o momento. Ele justificou a necessidade de prorrogação, afirmando que muito há ainda para apurar: “Não queremos inventar nada. O trabalho está sendo feito, mas é árduo”, disse.
A outra CPI é a da Odebrecht, que investiga o contrato da empresa com a Prefeitura para a construção das casas populares do Morar Feliz. Nesta última, o município fechou um contrato com a empreiteira no valor de quase R$ 1 bilhão - o maior já celebrado pela Prefeitura. O presidente da CPI é o vereador Genásio (PSC).
Em delações, executivos da Odebrecht revelaram repasse através de caixa 2 a campanhas do ex-governador Anthony Garotinho.

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