Todo mundo na água
Guilherme Belido 08/10/2017 09:54 - Atualizado em 13/10/2017 19:52
O Campeonato Brasileiro 2017 amarga o pior nível técnico da história – alarmante advertência para o futebol nacional que a cada ano desce mais alguns degraus em direção ao desmanche anunciado.
Indo direto ao ponto, são os números – e não a opinião subjetiva – que falam por si. Em seu terço final, nada menos que 13 times lutam na parte de baixo da competição. Muito simples: do 17º colocado, o Sport, ao 8º – Atlético-PR –, a diferença é de apenas quatro pontos.
É tão patético que precisa ler de novo. O primeiro dentro da zona de rebaixamento, que soma 30 pontos, está a uma vitória e um empate de quem está na 1ª página da tabela, na 8ª posição, com 34.
Assim, numa única rodada, tudo pode mudar para a maioria dos que disputam a Série A do campeonato – a elite do futebol brasileiro. E não há de se falar em zebras, em situação excepcional, posto que os mais fracos não estão em cima nem no meio da tabela, mas no Z-4: Avaí, Coritiba e Atlético-GO.
Portanto, os times brasileiros estão lutando na parte de baixo porque o nível do Brasileirão é baixo. E ponto.
Situação absurda e impensada há algumas décadas; realidade inaceitável que está destruindo o futebol no País do futebol e que, sem esboçar qualquer tendência de reversão, vai minando a maior paixão do povo e o principal esporte do Brasil.
Ou não conta ser o maior campeão do mundo, com cinco copas?
Ditos favoritos ficaram pelo caminho
Quando começou a temporada, a crônica especializada, coitada, apontava três clubes como amplos favoritos a disputar a final do Brasileirão.
O Palmeiras – que trocou de técnico, reviveu o herói Cuca e tenta, aos trancos e barrancos, se manter no G-4 – está no 4º lugar, ameaçadíssimo por Cruzeiro e Botafogo.
O Flamengo, com seu ‘festejado’ e diversificado elenco, também trocou de técnico e, ocupando sofrível 7ª colocação, é uma decepção completa. Para não falar de Libertadores, Primeira Liga e Copa do Brasil, que ficaram nas curvas da irregularidade de um time que simplesmente não consegue fazer gols.
O terceiro ‘dito favorito’ é o Atlético-MG. Sem comentário. O time recheado de craques, de nomes de peso, não rende nada. Demitiu dois técnicos – Roger Machado e Micale, agora apostando no veterano Oswaldo de Oliveira (66) –, passou a temporada inteira fugindo do Z-4 e, a julgar pelo risco de rebaixamento, se dá por feliz com a 9ª colocação.
Empatado em número de pontos com o xará do Paraná, apenas 4 pontos – como já mencionado – separam o Galo mineiro da zona de degola.
Ganham por sorte e perdem por azar
Se os favoritos estão emperrados na tabela, os demais vão tombando aqui, levantando ali e, por assim dizer, ganham por sorte e perdem por azar.
O São Paulo só há duas rodadas conseguiu sair do Z-4, com o risco de rebaixamento (ainda presente) sendo fortemente considerado pelo torcedor.
O Fluminense não ganha há sete rodadas e está a um ponto de entrar no Z-4. Já o Sport, que inclusive ocupou o G-6, já entrou: acumula jejum de 9 jogos, com seis derrotas e 3 empates.
O Vasco, que também trocou de técnico, segue no ‘perde-ganha’, no meio da tabela: está a 3 pontos do Z e a 10 do G-4. Botafogo e Cruzeiro, que não inspiravam maiores expectativas, figuram na parte de cima. Entretanto, não mostram firmeza de que chegaram para ficar.
Com 46 pontos, o Grêmio, que pós-decepção com os ‘favoritos’ ganhou status de “estar jogando o melhor futebol do Brasil”, com reais chances de alcançar o Corinthians, também não vingou. Acabou sendo ultrapassado pelo Santos que, para surpresa geral, guarda remotas chances de encostar no Coringão.
"Indivíduo competente esse..." (Waldir Amaral)
E assim chega-se ao líder da competição, na dianteira quase de ponta a ponta, mas com um futebol muito abaixo do que se espera de um time fincado no topo, em nenhum momento ameaçado.
Com 55 pontos, o Corinthians está muito perto de vencer o Campeonato Brasileiro mais fraco de toda história, e não apenas na era dos pontos corridos. Time bem ajustado, organizado e que não desperdiça chances, o Timão, contudo, é o espelho de um velho ditado: ‘em terra de cego, quem tem um olho é rei’.
De resto é lembrar Waldir Amaral, um dos maiores locutores esportivos do rádio brasileiro, cuja morte completou 20 anos esta semana e que, nos dias de hoje, não teria um só jogador a quem pudesse dirigir seu famoso bordão: Indivíduo competente esse...

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