"Dunkirk", de Christopher Nolan entra em cartaz
26/07/2017 19:19 - Atualizado em 28/07/2017 15:30
Dunkirk
Dunkirk / Divulgação
Como era de se esperar, existe grande expectativa em torno do filme “Dunkirk”, que estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas de Campos. De acordo com a crítica, Christopher Nolan sempre trouxe trabalhos memoráveis aos espectadores, principalmente com a trilogia do Batman, mas dessa vez embarcou em um universo tenebroso da Segunda Guerra Mundial — “Dunkirk”.
O filme é baseado em eventos históricos que consistiram na evacuação de soldados britânicos e franceses de Dunkirk, conhecida como a Operação Dínamo. O diretor coloca uma lupa nesse evento da guerra e trabalha com uma verdade pouco vista nos filmes épicos.
Normalmente vemos os filmes de guerra com personagens fortes, heroicos e com uma profundidade dramática muito grande, em vista daquele terror inacreditável que estão vivendo. Em “Dunkirk”, isso é completamente diferente, pois não apenas os personagens são totalmente anônimos, mas também mostra uma face da peleja muito cruel — o desespero.
Os soldados da cidade de Dunquerque estavam sendo encurralados pelos inimigos, e as tropas europeias estavam tentando evacuar o local, porém as armadas germânicas estavam implacáveis, bombardeando os locais em que os soldados estavam concentrados — aí tudo começou a pegar.
Temos, praticamente, três pontos de vista diferentes. Um aviador (Tom Hardy), um civil que é convocado para resgatar os soldados daquele local e um soldado que busca voltar para casa, após ter escapado do cerco da cidade. Nessas três lentes, pudemos acompanhar um pouco do terror e das consequências que a guerra pode trazer.
A maneira singular que Nolan faz a transição entre os mesmo acontecimentos, dos diferentes pontos de vista (terra, céu e mar), parece que nos traz o sentimento diferenciado que cada um mostra.
Nolan imprimiu um ritmo nesse filme, que te faz grudar na cadeira em muitos momentos. Os eventos de ataque e defesa em “Dunkirk” são frenéticos e quando você pensa que está tranquilo, que vai dar aquela respirada funda, as coisas acontecem novamente de uma maneira muito pior.
Uma das coisas mais impressionantes que encontrará em “Dunkirk” é a realidade absurda que o som entrega. Christopher Nolan, mais uma vez aliado a Hans Zimmer (uma parceria que vem de longa data), um maestro de talento ímpar, que trouxe uma trilha sonora emocionante.
Outro elemento ainda ligado ao som, que também pode ser observado, foi o que fez desse filme ser especial — os efeitos sonoros. Quando assistimos a um filme desse estilo, os efeitos sonoros trazem uma imersão bem importante para o espectador, mas o que Nolan fez com “Dunkirk”, superou tudo o que já se viu nesse quesito. Em ambientes fechados, em ambientes abertos, os estampidos das armas de fogo são impressionantes e fazem crer que aquilo está realmente acontecendo. Todo evento envolvendo naufrágio, bombardeio e conflito aéreo, sentimos da pele com cada passo, cada movimento e o som forte sempre presente.
Por mais que você esteja com 30 mil, 300 mil, milhões de soldados ao seu lado, na guerra, você sempre está sozinho. Isso mostra em cenas emblemáticas, com cenas onde os que estão prontos para embarcar mal se falam e buscam salvar sua pele.
A luta pela sobrevivência nos ares também não é muito diferente, porque por mais que haja dois ou mais companheiros contigo, você precisa tomar decisões mortais a todos os momentos.
Os semblantes de desespero de todos os atores, bem como o de alívio, dão uma vida muito interessante para as atuações desse filme. Em “Dunkirk”, você encontra pouquíssimos diálogos, mas sempre nas situações mais pesadas, eles são muito bem encaixados e com bastante realidade, sem aqueles discursinhos heroicos e cheios de emoção.
Você está com muitos ao seu lado, mas sozinho. O medo é coletivo, mas o medo é solitário. A luta é entre países, mas a luta interna é muito mais cruel.
Alguns filmes do gênero mostram o lado cruel e sombrio da guerra, mas poucos trabalham a vontade de continuar respirando, como “Dunkirk”. O filme mostra o lado visceral e a linha tênue entre covardia e desespero. O heroísmo não tem lugar, quando a sua vida está na mesa e muitas vezes, acabamos agindo por puro instinto, deixando de lado o certo e o errado.
A lupa que o diretor coloca na vida das três pessoas, revela outro sentimento interessante — o ser humano mostra o seu melhor, nos momentos de maior dificuldade. E uma cena de menos de um minuto, representa isso para o filme inteiro. Pode parecer pouco importante, se visto num montante geral, mas ela traz a carga dramática mais heroica do longa.
Ao acompanharmos os três personagens do filme, vimos como cada cidadão enxerga a guerra. “Dunkirk” te coloca dentro daquele ambiente hostil, te faz sentir medo, desespero, angústia, ao passo que te leva a não descansar em momento algum, sempre acompanhando o frenesi das batalhas. Um dos melhores filmes de guerra, sem dúvida nenhuma.
Também estreia hoje no circuito local o filme “Em Ritmo de Fuga”. Permanecem em cartaz “Meu Malvado Favorito 3”, “D.P.A. O Filme”, “Transformers: O Último Cavaleiro”, “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”. “Carros 3” e “7 Desejos”. (A.N.)

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