Bolsonaristas de Campos se reúnem em frente ao Exército e pedem "intervenção federal"
Channa Vieira 02/11/2022 10:02 - Atualizado em 02/11/2022 13:29
Depois de eleitores de Jair Bolsonaro (PL) fecharem, de forma ilegal, rodovias da região e do país, precisando de ação policial para encerrar os atos, apoiadores do atual presidente, que não aceitam a derrota nas urnas do capitão, no último domingo (30), para o petista Luiz Inácio Lula da Silva, realizam novo protesto em Campos. Desta vez, o pedido é por "intervenção federal" e o grupo de bolsonaristas se reuniu, na manhã desta quarta-feira (2), no Dia de Finados, em frente a 2ª Companhia de Infantaria do Exército Brasileiro, em Guarus.
Em algumas cidades do país, bloqueios em rodovias ainda estão acontecendo, mas entram no terceiro dia perdendo força. As polícias, por determinação do STF e de governadores de estados, informam que estão atuando para acabar com as ações ilegais. 
Vestidos com camisas verde e amarela, e com bandeiras do Brasil espalhadas entre os manifestantes, cartazes mostram os pedidos do grupo: "Somos resistência civil, queremos intervenção federal"; "não ao comunismo". Os apoiadores de Bolsonaro se concentraram dos dois lados da avenida Deputado Bartolomeu Lizandro. 
Na manifestação em Campos, bolsonaristas ou aqueles que se dizem integrantes de grupo de direita, ressaltam que estar nas ruas é um direito do cidadão e está na Constituição. "Essa manifestação, aqui, hoje em Campos, e outras cidades do país, é do povo que não acredita no resultado da urna. E, por isso, o meu direito de não me calar", disse José Antônio Lopes, engenheiro, que era um dos manifestantes em frente a 2ª Companhia de Infantaria do Exército Brasileiro, junto com milhares de outras pessoas, pedindo pela intervenção federal.

A médica, Mirza Kury, também não se furtou em expressar seu posicionamento. Segundo ela, enquanto não existir uma pá de cal para dizer que não há mais nada a fazer em relação ao resultado das urnas, "há uma esperança", defende, ressaltando que não é um lado contra o outro, já que todos são brasileiros, mas contrários ao tipo de política proposta pela esquerda, que tem Lula como líder.
"Acho que o Brasil está dividido. Do mesmo jeito que a esquerda tem direito de apoiar quem eles quiserem, nós temos direito de apoiar aquilo que nós acreditamos. Por isso, estamos aqui manifestando pacificamente", ainda ressaltou.
Após a derrota, Bolsonaro ficou dois dias sem se pronunciar, o que inflamou os apoiadores por todo o país. O discurso, que durou cerca de dois minutos, aconteceu na tarde dessa terça-feira (1). Ele agradeceu os votos que recebeu, disse que “manifestações pacíficas são bem-vindas” e criticou movimentos que ferem o direito de ir e vir. 
— Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir — afirmou Bolsonaro.
Ainda em seu pronunciamento, o atual presidente também disse que sempre respeitou a Constituição. E que vai manter esse comportamento. “Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, afirmou.
Lula obteve 60,3 milhões de votos no último domingo, o equivalente a 50,9% dos votos válidos. Já Bolsonaro teve 58,2 milhões de votos, 49,1%.
Consequências:
As paralisações ilegais realizadas por caminhoneiros bolsonaristas já geram impactos que vão além do trânsito intenso e bloqueios nas rodovias. Associações de diversos setores da economia relatam problemas que vão da falta de combustível a atraso em vacinas.
De acordo com Marcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), até a última terça-feira (1°), mais de 70% dos supermercados em oito unidades da federação já enfrentavam problemas de abastecimento por conta da impossibilidade de deslocamento causada pelas manifestações.
Ações: 
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) informou, nesta quarta, que 912 motoristas foram multados, entre esta segunda e terça-feira, por bloquearem rodovias federais em todo o país. Os valores das multas dependem do tipo de infração e podem variar de R$ 5 mil a R$ 17 mil, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Fotos e vídeo: Genilson Pessanha.
 

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