Desaparecimento de empresária campista é um mistério há seis anos
Dora Paula Paes - Atualizado em 10/03/2022 14:26
Rosimary hoje estaria com 54 anos
Rosimary hoje estaria com 54 anos / Divulgação álbum de família
O desaparecimento da empresária campista Rosimary Valadares, aos 48 anos, ainda é um mistério. Ela saiu de casa no dia 11 de fevereiro de 2016. Portadora de depressão, Rosimary deixou dois filhos, menores na ocasião. Há seis anos, as buscas por notícias suas não cessam. Sua imagem, no porta-retrato em um móvel na casa da família, não deixa apagar sua lembrança e reforça a esperança de encontrá-la, quando bate a desesperança. Seus últimos passos foram registrados, por uma câmara de segurança no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ela desembarcou e caminhou deixando poucos rastros do seu paradeiro.
"Nossa mãe, de 92 anos, chora todos os dias a falta da filha. Dorme com a foto dela. Tenho dias que acho que ela partiu, mas como não tem corpo, há esperança. É uma dor pior que saber que morreu", disse a irmã Glória Valadares, que cuida dos filhos de Rosimary; órfãos de pai, também. Sobre ter esperança de encontrara empresária viva, após anos e anos desaparecida ressalta: "às vezes, sim; às vezes, não."
Segundo a irmã, Rosimary tinha diagnóstico de bipolaridade e estava em um severo quadro de depressão quando saiu de casa e pegou um voo de Campos para São Paulo. Seus documentos foram encontrados em uma lixeira da estação de trem, em Ferraz de Vasconcelos, na periferia. "O táxi que ela pegou no aeroporto não era o cadastrado, mas, sim, os que ficam na área de embarque e desembarque. As câmeras queimadas no local impediram acesso a placa do veículo", conta. Outro detalhe é que suas contas bancárias nunca foram mexidas, inclusive, nenhum bem da empresária ainda pode ser acessado pelos filhos, enquanto a Justiça não oficializar pelo tempo seu óbito.
A família de Rosimary, como milhares de outras que buscam por entes desaparecidos, informa que faz parte de vários grupos, na tentativa de ter alguma notícia do seu paradeiro. O caso foi registrado em delegacia especializada, em São Paulo, e de acordo com Glória, as informações das autoridades são sempre as mesmas. "Que são muitos desaparecidos e São Paulo é muito grande e não tem como saber se estão vivos, muitas vezes, por falta de cruzamento de dados", disse.
A irmã, no entanto, explica que a sobrinha participa de uma campanha nacional para cruzar dados de pessoas desaparecidas, desde o ano passado, com exame de DNA. E, essa campanha já localizou várias pessoas. O caso de Rosimary é investigado pelo Departamento de Homicídio de Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro de São Paulo. A Folha tenta um contato com o delegado do caso, Luís Renato Davini, para saber do andamento das investigações.
No Brasil - O Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou em junho do ano passado, uma campanha para coletar, voluntariamente, material genético de parentes de pessoas desaparecidas em todo o país. O objetivo foi abastecer o Banco Nacional de Perfis Genéticos e, por meio de exames biológicos, auxiliar na eventual identificação de desaparecidos. Segundo o ministério, cerca de 80 mil pessoas desaparecem no Brasil todos os anos.

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