Cinema - O Batman nosso de cada dia
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 07/03/2022 20:12
Novo filme do Batman
Novo filme do Batman / Divulgação
Não sei mais o que dizer de um novo filme de Batman. Por mim, não assistiria caso um sobrinho menor não pedisse ao tio Edgar que o acompanhasse. “Vai com tio Edgar, filho, ele gosta de cinema”, exclamou minha irmã. O Batman, agora, é representado Por Robert Pattinson e dirigido por Matt Reeves. Não sei se o próximo terá ambos à frente.
Pattinson parece ter saído da saga “Crepúsculo”, deixado o cabelo liso crescer, passado numa academia e entrado no estúdio para filmar “Batman”. Quando vira Bruce Waine, toda sua palidez vem à tona. De vampiro na saga ele passa a morcego, talvez ainda hematófago. E cada filme de Batman é uma variação em torno do mesmo tema. Ele não sai de Gothan City porque parece que todos os bandidos do mundo estão lá e toda a corrupção do planeta ocorre lá. Na cidade, seus país foram assassinados. Num filme, Bruce vai ao oriente estudar artes marciais. Nesse, não sai da cidade. Na maioria, ele cresce forte e desenvolve seus próprios músculos e truques, que prolongam seus dotes. Não é um super-herói clássico, mas é como se fosse. Já chegou a matar Super-Homem, esse sim indestrutível porque de aço.
E Gothan é uma cidade muito monótona. Parece que o sol não aparece por lá. Tudo é escuro. De uma escuridão teatral para mostrar que lá a escuridão não existe só nas almas. E chove sempre. Mesmo com as mudanças climáticas, deveria haver dias secos e quentes. Mas raramente o sol aparece por lá.
E Batman sempre a falar com voz cavernosa. O filme é dublado, mas sei que, no original, Batman sussurra entre os dentes. E ele não sabe viver bem na terra. Tem de viver sempre no alto de edifícios. Todos são maus. Poucos são bons. A vida de Batman é muito difícil. Ele tem de estar em todos os recantos de Gothan, do mais limpo (se é que existe) ao mais sujo (em toda a cidade). É onipresente, posto que humano. Precisa lutar contra ganguezinhas dentro de metrô e máfias poderosas dentro de boates. E tudo durante três horas. É muito filme. Duas horas bastariam.
Ainda aparece uma moça bonitinha que simpatiza com ele. Deixa-se beijar e toma a iniciativa de ir mais longe. Mas, raios, Batman não pode relaxar nem um pouco. Existe sempre a marca do morcego nos céus anunciando que a cidade precisa dele. Eu até ia escrever que Batman é muito piegas e patético, mas mudei de ideia, temendo que um possível fã leitor tenha interesse por essa crítica.
Tenho saudades do Batman alegre e descontraído, sempre na companhia de Robin, mesmo que houvesse entre eles uma relação homossexual. Saudades do Batman vivido por Adam West nos anos 1960. Do Batman que se encontrava com Besouro Verde, vivido por Bruce Lee. Do Batman dos quadrinhos.
Mas esses não interessam mais ao público, que deseja ver escuridão, bandidos psicopatas, pancadaria, carros superpotentes, ferramentas miraculosas. Não sem razão, todas as salas de cinema estavam lotadas por aqueles jovens gordos com suas companheiras e filhos comendo pipoca. Prepare-se, Edgar, vem mais Batman por aí e sobrinhos pedindo que você os leve ao cinema.

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