Sucesso da AXC: Campos sedia Campeonato de Xadrez Clássico
Ícaro Abreu Barbosa - Atualizado em 22/08/2022 19:03
Pode-se dizer que, para o grande público, acostumado com o impacto de esportes como boxe, futebol ou basquete, o xadrez não é um grande atrativo. Mas quando se vê atletas sentarem, olharem nos olhos do oponente com o cenho franzido e ativarem seus relógios, cada toque delicado nas peças se torna uma decisão brutal e irreversível... e, portanto, motivo de medo e delírio suficiente para fazer o suor jorrar da testa de participantes – e daqueles que assistem com total atenção.
Por isso tudo, ainda bem que o final de semana (20 e 21) foi de frio em Campos, porque, caso contrário, uma das notícias em todos os jornais da cidade nesta segunda-feira seria: “Clientes reclamam de alagamento em uma das entradas do Shopping Boulevard”. O 1º Campeonato de Xadrez Clássico, promovido pela Academia de Xadrez de Campos (AXC), possivelmente teria sido o motivo.
O evento, que contou com o apoio da Folha da Manhã, teve 40 participantes, que se digladiaram em seis rodadas – cada uma com duração de duas horas – divididas entre sábado e domingo. O campeonato, que definiu o campeão das regiões Norte, Noroeste e Lagos Fluminense, contou, além das caras habituais dos desportistas da região, até com presença internacional: Guilhermo Eduardo Heller, um ‘hermano’ da Argentina, considerado um dos melhores atletas do nosso país vizinho.
Mas a vitória coube mesmo ao universitário campista Luciano Correa. O também estudante Alexwender Fernandes e o professor Eduardo Durte ficaram, respectivamente, em 2º e 3º lugar. O campeonato ainda premiou a melhor atleta feminina, Gabriela Faria; melhor sub-12, melhor sub-16, melhor o master (acima de 60 anos) e o melhor de cada cidade participante. Além das medalhas e títulos, houve premiação em dinheiro para os vencedores.
O campeão, Luciano Correa, falou: “Eu estou muito feliz por ter ganhado, é sempre um prazer estar com a AXC. Eu acredito que o torneio dá visibilidade ao esporte que merece mais atenção de toda a sociedade.”
Alexwender, além de comemorar e parabenizar a organização do evento, disse estar feliz com o resultado e abordou a exaustão mental que um campeonato de xadrez proporciona para todos aqueles que participam. Eduardo Duarte, o Piolho, assentiu o comentário do colega, brincou e revelou qual foi sua estratégia para se manter no páreo após dois dias consecutivos de partidas: “No final eu vi que possibilidade de um colapso físico e mental era bem real... o segredo foi ir em frente e contar com que o adversário estivesse se sentindo da mesma maneira, até que cometesse um erro qualquer.”
Mostrando que o Xadrez depende exclusivamente do cérebro dos participantes e não tem barreira de idades, crianças e idosos também pelejaram uns contra os outros: o resultado foi a premiação de Pedro Lucas Santos como melhor infantil e Luiz Oswaldo Sifuentes como melhor master.
O evento foi pensado, organizado e arbitrado pela presidente da AXC, Fernanda Fernandes Toledo, que também é vice-presidente de interior da Federação Estadual de Xadrez do Rio de Janeiro (Fexerj). Ela conta que não foi fácil “arrumar aquilo tudo”, mas que valeu apena pela “importância e tradição do interior fluminense na cena do Xadrez Brasileiro”.
– A nossa intenção é achar quem joga xadrez e está espalhado, sem time e sem ideia de como começar, pelo interior do Rio. Além disso, foi excelente estar em um espaço tão bom e atrativo cedido pela superintendência do Shopping Boulevard e contar com a divulgação da Folha nesta empreitada – Acrescentou, por fim, a presidente eleita “D8 do interior”, que na linguagem dos enxadristas significa ‘dama negra da região’, em referência a posição inicial da peça no tabuleiro.

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