O caos político além da cancela do paraíso
Ícaro Abreu Barbosa - Atualizado em 12/03/2022 18:12


Sentado aqui, na base de uma montanha, com nada mais ao redor exceto as silhuetas dos morros e pedras em minhas costas — se erguendo como muralhas contra o caos e a política — o mundo das grandes capitais parece ser irreal e completamente estranho: sem nenhum sentido para qualquer um neste sítio. Tudo lá fora parece ser tão completamente oposto aos sons do vento sibilando na grama rasteira e da gargalhada das crianças; você até fica questionando como as pessoas conseguem manter a sanidade. Nem todos conseguem, é claro. As pessoas perdem as estribeiras todos os dias. Milhares e milhares piram de tanto se viciarem nas redes sociais, pensarem no próximo presidente ou se prenderem em qualquer outra adicção suja. As pessoas perdem a razão por nenhuma razão aparente.

Diante da perspectiva das várias pesquisas sobre as eleições deste ano em um país que vem assistindo a cada quadriênio uma sucessão de degenerados, psicopatas e cleptomaníacos, tudo aponta à reescrita do mesmo passado sujo na política e reforça para nós: precisamos urgentemente de um indulto para esse tornado de caos que está sendo catapultado para o nosso lado.

Se você puder, caminhe um pouco lá fora, deixe seu celular em casa e respire um pouco de ar fresco: esse pode ser um bom jeito de contra-atacar os problemas do Brasil e evitar que a sujeira acabe te consumindo. Não se preocupe, ao menos por enquanto você não tem nenhum projétil supersônico sendo disparado na sua direção por um tirano de plantão — isso já é motivo suficiente para engolir o choro guardado pro Twitter e contar suas bênçãos.

Tenha noção que todas essas velhas raposas vão repetir os mesmos erros, e não acredite em nenhum herói salvador da pátria, pois estamos todos condenados se deixarmos nossas vidas à mercê dessa laia. Toda essa classe política – pela qual muitos guincham ou tocam berrantes – se esconde atrás de muros, câmeras e seguranças armados.

Todos eles, Bolsonaro, Lula, Moro, Ciro, sem nenhuma exceção, se tiverem poder suficiente acabam se transformando na mesma coisa que vemos lá fora entre os peixes grandes da geopolítica: um bando ladrões baratos e criminosos de guerra implacáveis. O tipo de líder conhecido por receber a opinião contrária com bombas de gás lacrimogêneo, paredões de escudo, cassetetes e espingardas de calibre 12 municiadas com bala de borracha (que podem ser substituídas quando lhes convém pelas de chumbo para transformar você e sua opinião em um hambúrguer de carne moída e fragmentos de ossos).

Por isso eles não representam tudo que eu ou você devemos apenas desprezar, mas odiar e eliminar se um dia quisermos ter a esperança de alguma coisa parecida com a liberdade. Seja desajustado, seja estranho e seja você: o seu país e o seu mundo vão se ajustar, por bem ou por mal.

E vocês podem pensar que palavras como “escória”, “lixo” e “podridão” são fortes demais para qualquer jornalista acrescentar em comentários sobre esses políticos, e isso pode ser verdade até certo ponto… mas não vem ao caso agora. Foram as regras criadas por eles sendo seguidas de forma religiosa por toda sociedade civil organizada que permitiram aos ratos e baratas, entrarem e mandarem nas “honradas” instituições.
Publicado neste sábado (12) na Folha da Manhã

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