Soja de Campos para o mundo
Joseli Matias 19/03/2022 09:13 - Atualizado em 19/03/2022 14:40
Plantação de soja em Campos
Plantação de soja em Campos / Rodrigo Silveira
Diversificando no campo, o município de Campos tem apresentado bons resultados na cultura da soja. Prova disso são as 180 toneladas que serão colhidas pela Agrícola Santa Olga, em Santa Cruz, até o final do mês de março e que já têm comprador aguardando, em Minas Gerais, para exportar o produto. Foram 45 hectares de terra dedicados à plantação nesta primeira safra, mas o resultado foi tão positivo que a fazenda já se programou para multiplicar a produção: a próxima safra, cujo plantio ocorre em novembro de 2022, vai ocupar uma área cinco vezes maior.
Segundo o gerente agrícola e gestor da fazenda, José Ricardo Fulli, nesta primeira safra, a soja vai ser colhida, transportada e entregue para venda, mas para a próxima já serão montados silos para armazenamento e secadores. Ele explica que Campos não tem tradição na cultura do grão, porque a baixa altitude atrapalhava a produtividade, mas que a aposta em um novo tipo de soja está proporcionando bons resultados com o produto, que é muito valorizado no mercado internacional.
— Essa é uma soja transgênica e precoce, que pode ser colhida em 120 dias, e a produção superou nossas expectativas. Esperávamos 2,5 mil sacos, mas vamos colher 3 mil sacos. Estamos muito otimistas, a soja deu muito certo em Campos — destacou Fulli.
Plantação de soja em Campos
Plantação de soja em Campos / Rodrigo Silveira
E as vantagens não param por aí. O gerente agrícola ressalta que no mesmo hectare onde a soja é produzida, é feito o plantio da cana-de-açúcar em sequência, já que o grão tem uma safra mais curta, de quatro meses. “Fazemos o plantio da soja em novembro e a colheita em março, quando entramos fazendo o preparo para o plantio de cana. Com isso, vamos pagar o plantio da cana com o plantio da soja, diminuindo o custo operacional e rendendo mais recursos para o produtor”, afirma José Ricardo.
De acordo com ele, apesar de experiências negativas com a soja no passado, com a análise de solo, utilização de variedades transgênicas, adubação correta, administração dos defensivos líquidos após o plantio e a inoculação das sementes, foi possível ter sucesso na produção do grão no município, permitindo, ainda, que essa cultura contribua para o plantio da cana. “São diversas as vantagens. Além de a soja fixar a matéria orgânica da palhada, fixar o nitrogênio do ar e também pagar os custos de plantio da cana, depois faz com que a cana tenha uma produtividade melhor, no mesmo local onde foi plantada a soja”, afirmou.
E a ideia de plantar soja na fazenda surgiu exatamente para reduzir os custos da safra de cana, mas os resultados da produção do grão em si têm superado as expectativas e animado outros produtores do município, que já se programam para seguir os passos da Santa Olga. Segundo José Ricardo, o custo por hectare é de R$ 5 mil, que vai gerar uma receita de R$ 12 mil por hectare.
— Essa cultura está se expandindo na região como mais uma opção de produtividade por hectare. E isso vai gerar mais empregos e manter empregos também. Atualmente, quando a safra de cana acaba, muitas pessoas ficam sem trabalho. Então, essa cultura vai ajudar a manter empregos diretos e indiretos e movimentar a economia da região — afirma o gerente agrícola.
Potencial para plantio de grãos na região
Durante quatro safras agrícolas (2017/2018, 2018/2019, 2019/2020 e 2020/2021), pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) avaliaram mais de 50 cultivares de soja em 12 ensaios nos municípios de Campos e Macaé, que revelaram a vocação da região Norte Fluminense para o plantio de grãos.
Após avaliarem o desenvolvimento das cultivares, assim como as práticas e os sistemas de cultivo mais adequados, os pesquisadores chegaram à conclusão de que existem cerca de 300 mil hectares com potencial para produção de soja no Norte Fluminense.
Em Campos, produtores estão sempre em busca de inovação para movimentar o agronegócio e ajudar a alavancar a economia local. Uma das possibilidades é exatamente o plantio da soja após a colheita da cana, com experimentos feitos desde a década de 1990. Apesar de alguns bons resultados, os produtores, na época, enfrentaram problemas com a estiagem prolongada e limitação de recursos para a colheita.

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