Prefeitos vão manter medidas de enfrentamento ao coronavírus
Arnaldo Neto 28/03/2020 21:26 - Atualizado em 08/05/2020 18:11
Folha da Manhã/Divulgação
O pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, em cadeia nacional na última terça-feira (24), criticando medidas de isolamento social no combate à proliferação do coronavírus, também causou estranheza em prefeitos do Norte Fluminense. Os municípios estão adotando medidas como barreiras sanitárias e decretos regulamentando o funcionamento de espaços onde pode ocorrer aglomerações. A preocupação com o contexto econômico existe, ressaltando a necessidade de intervenção do governo federal para amenizar os impactos da crise.
Em São João da Barra, a prefeita Carla Machado (PP) afirma que vai manter as medidas orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de isolamento e tem feito pronunciamentos constantes nas redes sociais para conscientizar a população:
— Apesar de compreender o contexto da preocupação com os prejuízos causados ao país, que podem elevar o desemprego, causar dificuldades para os profissionais autônomos e afetar seriamente pequenos e médios empreendimentos, discordo do teor do pronunciamento. Felizmente o governo federal agora cedeu e autorizou subsídios para minimizar o problema. Este é o papel do governo em uma situação de calamidade pública. Mas penso que nós, agentes públicos, precisamos ouvir a ciência, seguir as orientações dos especialistas. E é por isso que em SJB seguimos com as medidas preconizadas pela OMS. O isolamento social não pode ser para todos, obviamente, mas quanto menos pessoas nas ruas, menos o vírus circula.
A prefeita de Quissamã, Fátima Pacheco (DEM), acredita que foi com surpresa que os gestores e gestoras da grande maioria dos estados e municípios recebeu as palavras do presidente, pois, ressalta, são contrárias às recomendações da OMS, do próprio Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde dos estados e municípios. “Assim como todos, tememos e estamos sensíveis aos efeitos do isolamento social sobre a economia e, principalmente, sobre a vida dos cidadãos, mas acreditamos — e estamos trabalhando nesse sentido — que o Estado tem que oferecer as respostas necessárias para socorrer as empresas e os trabalhadores, assim como garantir o bem estar das famílias e de todas as pessoas”, disse.
Fátima ressaltou ainda que as medidas recomendadas por órgãos nacionais e internacionais de Saúde:
— Eu confio nas instituições e no equilíbrio e independência dos poderes, de tal forma que Executivo, Legislativo e Judiciário têm que cooperar entre si e preencher lacunas eventuais. Respeitamos a autoridade do presidente Bolsonaro, mas discordamos dele e seguiremos firmes no propósito de proteger a população de Quissamã em conformidade aos protocolos estabelecidos pelas organismos nacionais e internacionais de políticas de Saúde. De nossa parte, estamos dialogando com os vereadores e representantes dos diferentes setores da sociedade, sejam líderes religiosos, lideranças comunitárias ou do comércio, para adotarmos as medidas necessárias com o máximo de consenso.
Em Carapebus, a prefeita Christiane Cordeiro (PP) também mantém ações para evitar aglomerações e destaca que foram alugados respiradores mecânicos e criados cinco leitos para o isolamento no Pronto Atendimento Carlito Gonçalves. Após o pronunciamento do presidente, ela afirma que continuará intensificando as medidas de proteção:
— Vivemos um momento em que devemos tratar o assunto com muita cautela, pois segundo a OMS devemos seguir à risca o isolamento social para não errarmos como a Espanha e a Itália. Devemos analisar as medidas sanitárias dentro das três instâncias do governo (federal, estadual e municipal). A melhor maneira de prevenção contra o coronavírus é conscientizar a população e fazê-los entender que é de extrema importância permanecer em casa.
O prefeito de Conceição de Macabu, Cláudio Linhares, preferiu não comentar o discurso do presidente Bolsonaro. Disse apenas que o município tem adotado medidas como decretos de acordo com ações do Ministério da Saúde e Governo do Estado, impondo, entre outras ações, o fechamento de comércio, escolas, quadras e ginásios esportivos e demais locais públicos, além de cancelamento de eventos.
Prefeitos de Cardoso Moreira, Macaé, São Fidélis e São Francisco de Itabapoana não responderam à equipe de reportagem.

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