Ethmar Filho: J. S. Bach, o gênio barroco
Ethmar Filho 04/05/2020 17:07 - Atualizado em 08/05/2020 21:55
A escassez de fontes para composições instrumentais anteriores ao período de Bach, em Leipzig, dificulta o estabelecimento de uma cronologia precisa para elas; no entanto, uma cópia feita pelo organista de Weimar, Johann Gottfried Walther em 1714, da “Fuga em Sol menor para violino e continuo”, fornece suporte à visão comum de que a coleção poderia ter sido retrabalhada a partir de peças originalmente compostas em Weimar. O virtuoso violinista Westhoff atuou como músico em Dresden, de 1674 a 1697, e em Weimar, de 1699 até sua morte em 1705, então Bach o conhecia há dois anos.
A tradição da escrita polifônica de violino já era bem desenvolvida na Alemanha, particularmente por Biber, Johann Heinrich Schmelzer e os compositores da chamada escola de Dresden —Johann Jakob Walther e Westhoff. Os períodos Weimar e Cöthen de Bach foram momentos particularmente adequados para a composição da música secular, pois ele trabalhou como músico da corte. As suítes de violoncelo e orquestra de Bach datam do período de Cöthen, bem como dos famosos Concertos de Brandenburgo e muitas outras coleções bem conhecidas de música instrumental. Na lista dos trabalhos de câmara de Bach, os solos de violino fazem parte de um pequeno grupo, pois existe o suposto “libro secundo” das 6 suítes à solo de Violoncello, com uma única partita para flauta transversa solo, em A menor, colocada diretamente depois das suítes de violoncelo no catálogo da Schmieder: BWV 1013. Portanto, existem todas as 13 sonatas e partitas variadas no grupo 'senza Basso'.
Nos dois principais manuscritos, a especificação importante é escrita claramente: para violino, violoncelo solo, 'senza Basso accompagnato'. O próprio Bach defendeu a prática de Basso Continuo como o Fundamento da Música, que era o denominador comum em todas as músicas artísticas de sua época. Uma sonata solo para violino teria naturalmente os contínuos e partes implícitas, aqui o próprio Bach nos diz que o Basso Continuo não se aplica. A norma foi estabelecida pelas importantes sonatas solo de Corelli de 1700 (op. 5), que podem ter sido acompanhadas de várias maneiras, mas aqui o Basso Continuo é o acompanhamento natural do violino 'solo'. A linha de baixo é escrita, com números e acessórios para apontar para as harmonias desejadas que devem ser trabalhadas pelo cravo ou alaúde, ao qual um instrumento de baixo ou o próprio baixo podem ser adicionados para dobrar a linha de baixo da mão esquerda. As peças de 'senza Basso' são a exceção, pois desafiam o intérprete a realizar várias camadas, nas quais algumas notas e padrões são acompanhamentos de outras partes, de modo que um discurso polifônico seja escrito na música. Isto é J. S. Bach, o gênio barroco!

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