Quatro anos
Guilherme Belido 09/07/2017 11:13 - Atualizado em 10/07/2017 16:41
Esta página abrigada por amplo cabeçalho completa hoje, 9 de julho, quatro anos desde que passou a ser publicada na Folha da Manhã. Nesse período ininterrupto, não deixou de sair uma única semana – não ‘pegou’ férias ou foi escrita por interino.
Nos fac-similes ao lado, algumas poucas páginas, apenas do período 2013-15, mostram a diversidade dos assuntos, não raro ‘pautados’ por questões de maior interesse público.
A política nacional – bem mais do que a local – tem sido o tema predominante, certamente por ter coincidido com período de grande tensão no País a partir dos protestos de 2013, da conturbada eleição de 2014, e ainda Petrolão, Lava Jato, impeachment e demais desdobramentos da crise que, sem data de validade, persiste fortemente até os dias de hoje.
Contudo, também da planície se cuidou, com ênfase na decadência que tem sido a marca da política de Campos nos últimos 15-20 anos, no recuo representativo e de como os royalties, incrivelmente, têm jogado contra o município.
No mais, a página abrigou textos de pura notícia, como o resultado do julgamento do mensalão, entre tantos outros. Abordou fatos históricos, inseriu crônicas e publicou longas matérias sobre temas ‘do momento’. Completando a pauta... cinema, futebol, turismo, economia, personalidades, meio ambiente e algumas poucas entrevistas.
Particularmente no âmbito da crise política, antecipou em previsões analíticas o que mais tarde se confirmaria como fato – em ‘dias de sorte’ dando a um ou outro tema a mesma abordagem e ‘construção’ que veículos da grande imprensa viriam a repercutir.
Se por um lado os estreitos limites de uma página por semana impõem que muita coisa fique de fora, por outro exigem capricho redobrado do titular, que segue no esforço de compensar suas deficiências, ora beneficiado pela contraposição de quem, desde muito jovem e pelo acaso das circunstâncias, acostumou-se a produzir, em média, mais de uma página/dia, paralelo a diferentes funções cumpridas no eixo central do jornalismo e seu entorno.
Aos leitores e à direção da Folha, o signatário deixa registrado enfáticos agradecimentos.
Diria Temer: tem que me manter aqui, viu?
Numa analogia entre política e futebol – ambos os cenários, no Brasil, fortemente marcados pela decadência, corrupção e má gestão –, caberia, excepcionalmente nos dias atuais, importar o ‘resultismo’ das quatro linhas para as linhas tortas de Brasília.
Diz-se ‘excepcionalmente’ porque todo casuísmo deve ser rechaçado, e não recomendado. Mas, dadas as circunstâncias, impõe-se abraçar o desprezível conceito de que os fins justificam os meios – no caso, a busca do resultado.
Vamos à conexão: matéria recentemente publicada neste espaço discorreu sobre equívoco generalizado da crônica esportiva das emissoras de TV, particularmente ESPN e FOX, onde os comentaristas, exceções à parte, olham para a tabela e “explicam” quais times são os melhores. E ainda dizem o porquê. Dois/três resultados negativos, e os mesmos ‘analistas’, sem a menor cerimônia, ‘didaticamente’ mudam discurso.
Em se tratando dos técnicos, a arrogância é ainda mais espantosa. Quando o treinador mais jovem vence, dele se diz moderno e atualizado; quando perde, é porque não tem cancha ou experiência. O mesmo vale para os veteranos: se ganham, têm tarimba, são experientes e estrategistas; se perdem, logo viram ultrapassados e superados.
Portanto, a visão dos que deveriam emprestar um mínimo de qualidade aos comentários dirigidos ao leitor, ao ouvinte e ao telespectador, é a mesma míope e tosca dos cartolas: resultado.
Até poucas semanas, Fabio Carille, Roger Machado, Zé Ricardo e Rogério Ceni eram as grandes promessas. Mas, exceto o comandante corintiano (pela simples e óbvia constatação de estar vencendo), Roger balança na corda bamba, Zé Ricardo ‘salvou-se’ nos últimos jogos e Ceni foi demitido em Nota Oficial. Ao “mito” – o menos provável de cair tão rápido – não se deu sequer a dignidade de pedir demissão. Fôra substituído na cara dura por Dorival Jr... “porque o elenco precisava de um técnico experiente e com capacidade de liderar o vestiário”.
Assim, conforme mensagem que ora circula na Internet, vamos de resultados, a engolir seco o presidente mordomo de filme de terror. Afinal, a despeito de toda a sujeirada tão íntima dos gabinetes e garagens palacianas de Brasília, um ano e meio a mais, ou a menos, não vale o risco de paralisar (de novo) o País. De mais a mais, a inflação está em queda, os juros tendem a baixar e a economia dá sinais de alguma recuperação. Então, que se salve Temer (se a delação Cunha não entornar de vez o caldo) e viva o ‘resultismo’.
Isso, com todas as vênias aos imaculados pilares éticos do PT e aos que se esgoelam pelo “Fora Temer”. Aliás, os mesmos que o escolheram para vice-presidente da República. E duas vezes.
Confira a versão impressa

ÚLTIMAS NOTÍCIAS