Crítica de cinema - O quase adeus do pirata
Edgar Vianna de Andrade 29/05/2017 19:11 - Atualizado em 31/05/2017 14:58
Piratas do Caribe
Piratas do Caribe / Divulgação
Se o critério para definir um gênero é a recorrência do tema ou o clima que envolve o filme, então existe o gênero “piratas”, assim como o gênero “western”. Talvez até exista o gênero “múmia”, que voltará às telas em 2017 e que foi recentemente frequentado. Pode-se pensar no gênero “zumbi”, bastante rico. No geral, o perfil do pirata é o de um homem que age por conta própria contra os países. Sua pátria é seu navio. Seu povo é seu comandado e sua bandeira é negra com uma caveira. O pirata chefe é indômito, mas também cruel. Sua tripulação lhe é fiel, mas, entre ela, há traidores.
O mais antigo filme do gênero que conheço é “O pirata negro”, com Douglas Fairbanks, de 1926. Depois, ele foi frequentado até por Polanski e Spielberg. De todos, Jack Sparrow foi o pirata que promoveu o retorno ao gênero e que mereceu uma série de cinco filmes até agora. Sparrow, encarnado por Johnny Depp, não se enquadra perfeitamente no perfil do pirata. Ele é meio afeminado. Sua relação com mulheres é obscura. Seu destemor e sua covardia se combinam. Ele é beberrão e desajeitado. Sempre no meio de ações perigosas, ele escapa de todas elas ileso, com sua bússola mágica e seu navio Pérola Negra.
Não apenas isso. É de se esperar que os filmes de piratas sejam filmes de aventura. Mas a série “Piratas do Caribe” mistura ação com comédia e magia. Os piratas são enfocados como histriões sempre envolvidos com o sobrenatural. Os quatro filmes anteriores foram dirigidos por Gore Verbinski. Seja qual for a crítica dirigida a ele, confesso que gosto desse diretor. No filme atual, com subtítulo de “A vingança de Salazar”, a direção passa para as mãos de Joachim Ronning e Espen Sandberg. É difícil notar diferença de direção quando os efeitos especiais quase assumem o lugar do diretor. Recorre-se então ao roteiro. No caso deste filme, ele está a cargo de Jeff Nathanson. Normalmente, os roteiros dos filmes de Jack Sparrow são barrocos e rocambolescos. No caso de “A vingança de Salazar”, o maneirismo atinge seu auge. Há excessos também na música de Geoff Zanelli, muito wagneriana e apoteótica. Juntando tudo, o filme cai no exagero. E só se salva por seu viés cômico.
Johnny Depp parece ter passado da idade para representar um ágil pirata, mas este é um aspecto que pode ser compensado com os efeitos especiais. Sim, porque cenas representadas por jovens seriam impossíveis se fossem reais. Há uma breve aparição de Paul McCartney representando Sparrow quando jovem e jogando na morte o capitão Salazar (Javier Bardem) e sua tripulação. Todos se transformam em zumbis em busca do retorno à vida. Tudo gira em torno do tridente de Posseidon, que permite o controle dos mares.
Um novo casal, representado por Henry Turner (Brenton Thwaites) e Carina Smyth (Kaya Scodelario), substituem Orlando Bloom e Keira Knightley, que ainda fazem uma aparição no filme. A turma original de “Piratas do Caribe” envelheceu. O casal Orlando/Keira já tem um filho. O pirata Barbossa tem uma filha. Será que a Walt Disney Company dará continuidade à série? No final do quinto filme, há uma deixa para continuação, como tem sido comum nos filmes de aventura. Talvez um filho desconhecido de Sparrow dê continuidade às peripécias do pai.

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